Falta de instaladores de redes ópticas no mercado preocupa a indústria

O Brasil está atravessando uma sistêmica e preocupante carência de mão-de-obra no setor de instalação de redes de telecomunicações. Segundo representantes do setor, isso acontece não somente por causa do grande número de expansões de plantas externas das operadoras de telecom em geral, mas principalmente pela baixa atratividade da profissão de instalador de redes externas. Segundo Hélio Bampi, diretor de relações institucionais da Abeprest, associação que congrega as empresas instaladoras de redes externas do país, a falta de mão-de-obra atinge toda a cadeia de implantação de cabos ópticos. "Falta gente especializada no mercado, do meio-oficial de linha, ou aprendiz de lançador de fibras ópticas, até o lançador de cabo, passando pelo auxiliar de emenda de fibra, o emendador e o testador", diz o diretor, que vivencia o problema diariamente por ser também presidente da Radiante, prestadora de serviços que executa instalações de redes externas.
O principal motivo dessa carência são os baixos salários desses profissionais que, segundo Bampi, é consequência das baixas margens de lucro dos contratos com as operadoras. De acordo com ele, os valores contratuais enxutos estabelecidos pelas operadoras têm gerado não só a escassez de profissionais, mas também a migração de empresas do setor para outros segmentos de negócio, como segurança patrimonial, monitoração eletrônica, logística reversa, biodiesel e reciclagem. "Não é para menos: já atuamos em um mercado oligopsônio (com poucos compradores) e ainda por cima com preços os mais baixos possíveis, negociações extensas e extenuantes, fica difícil manter a boa remuneração dos funcionários, que também estão indo para outros setores, como construção civil e segurança patrimonial", acrescenta.
De acordo com o executivo, o crescimento do contingente de profissionais das prestadoras de serviços deverá ser de 13% ao ano até 2014 para absorver todos os investimentos realizados neste período pelas operadoras. "Por isso, essa equação precisa ser urgentemente resolvida, é preciso haver uma repactuação financeira em patamares superiores para reter e atrair mão-de-obra", reclama.
O executivo comentou que durante três dias a Radiante chegou a realizar um trabalho de divulgação de 70 vagas de instaladores nas ruas de Curitiba, com panfletagem e veículos com auto-falante. "Meu resultado foi péssimo, só três pessoas", lamenta.
Fornecedores
Se as prestadoras de serviços e a mão-de-obra de instalação de plantas externas estão em baixa, os fabricantes de fibras ópticas comemoram.
Cerca de 180 milhões de quilômetros de cabos ópticos foram comprados em 2010, 50 milhões (ou 38,4%) a mais que em 2009, de acordo com informação do CRU Group, empresa britânica de pesquisas de mercado na área de telecomunicações. O Brasil representa 1,1% dessa demanda, 0,4% a mais que no ano passado. E para os próximos três a quatro anos, segundo especialistas do setor, a tendência é de alta tanto no mercado local quanto no global, que deve encerrar 2011 com 200 milhões de quilômetros de fibras, ou seja, novo recorde mundial de vendas. O Brasil deve apresentar um crescimento de 15% no próximo ano, números semelhantes ao bom período vivido na época da privatização, há dez anos. "Não estamos dando conta de tamanha produção. As encomendas de novembro serão entregues em março ou até abril de 2011. Além disso, haverá problema na instalação, há pouca mão-de-bra no país", diz Helio Durigan, diretor de engenharia da Furukawa, maior fabricante de cabos ópticos do Brasil.

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