Chegaram ao fim as filmagens do longa-metragem "Casarão", filme de terror da Novelo Filmes. Ambientado em 1950, no interior rural de Santa Catarina, o enredo traz uma mulher viúva e endividada, saudosa dos tempos de bonança, que fará de tudo para não perder a propriedade onde vive com sua filha.
A direção está a cargo de Cíntia Domit Bittar, que aprofunda sua incursão como autora no cinema de gênero. "Construir o suspense e a angústia no cinema é algo que me desafia enquanto autora, em especial por tentar abordagens mais inusitadas e trabalhar com personagens mulheres que fogem do padrão vítima ou mocinha", afirma a diretora. Ela também assina o roteiro, co-escrito por Maria Augusta V. Nunes e Fernanda de Capua. "Para mim, que trabalhei no roteiro desse filme desde o início, foi um exercício muito interessante o de preservar a essência do enredo durante todos esses anos e tantas transformações que o projeto sofreu", conta Nunes.
A produção é de Ana Paula Mendes, que compõe a sociedade da Novelo Filmes com Cíntia Domit Bittar e Maria Augusta V. Nunes. "Casarão é um dos primeiros projetos de longa-metragem de ficção aqui na produtora, resistiu a diversas trocas de governos, desmontes do Ministério da Cultura nos governos Temer e Bolsonaro, paralisação de financiamento público, pandemia de Covid-19, enormes restrições orçamentárias… e se manteve íntegro pela força de sua boa história, de ter uma premissa forte. É um projeto que traduz também a resistência necessária para se fazer cinema em Santa Catarina, a partir de uma produtora independente liderada por mulheres", avalia Mendes.
Investimentos no terror autoral
A produtora independente é sediada em Florianópolis e completa 15 anos em 2025, reunindo em sua filmografia curtas-metragens de terror e o longa-metragem "Virtuosas", rodado no último semestre, que em breve chegará às telas com distribuição da Olhar Filmes, entre outros projetos em desenvolvimento.
"A incursão da Novelo no gênero, em especial no terror, é algo muito natural para nós, pois somos três sócias espectadoras de filmes assim desde a infância. Trabalhamos com outros tipos de obras, como documentários, dramas e conteúdo infantil e juvenil, mas o terror realmente ganha um espaço cada vez mais consistente aqui na Novelo, sempre deixando o lado autoral em evidência numa busca constante pelo equilíbrio entre qualidade artística e poder de entretenimento. Gostamos de sermos reconhecidas por isso", explica Bittar.
A produção
As filmagens se deram em dois patrimônios históricos do planalto norte catarinense, com algumas cenas na Capela São Miguel, no interior de Canoinhas/SC, e a maior parte no Casarão da Fazenda São Jorge, erguido entre 1926 e 1928, no município de Irineópolis/SC. Conhecido também como Casarão Domit ou Casarão Amarelo, atualmente funciona como museu e é tombado também pelo seu valor arquitetônico. Apesar do nome Domit ser também um dos sobrenomes da diretora, ela conheceu o lugar apenas em 2015, quando fizeram a primeira visita presencial. "Tenho parentesco um tanto distante com o senhor Roberto Domit, que é o mantenedor do espaço e neto de quem construiu a casa, mas ele recebeu a produção como se fôssemos a equipe toda uma grande família", conta.
O filme é protagonizado por Juliana Lourenção, reafirmando a parceria com a diretora depois de "Virtuosas", e Karen Wassmer, que faz sua estreia no formato. O elenco ainda conta com João Pedro Prates, Guilherme Rodio, Valdir Grillo, Andrea Busato, Fernando Bispo e Sarah Motta, além de atores locais da região.
O projeto emprega diretamente cerca de 80 pessoas e conta com financiamento estadual e federal, do Prêmio Catarinense de Cinema através da Chamada Pública de Co-investimento Regional (Ancine/FSA/BRDE), e recebeu apoio do Fundo Ibermedia durante seu desenvolvimento.
A diretora
Atuante na política audiovisual, Cíntia Domit Bittar é membra do Conselho Superior do Cinema / Minc (2023-2025), vice-presidente do Santacine – Sindicato da Indústria Audiovisual de Santa Catarina e integrante do +Mulheres Lideranças do Audiovisual Brasileiro. Integrou a chapa fundadora da API – Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro, onde esteve na diretoria por três mandatos (2019 – 2023). Recentemente, lançou "Quero ser veg" na TV Brasil, série que discute veganismo com informação e humor. Bittar assina a criação e a direção do projeto.