Spcine tem Programa de Políticas Afirmativas para 2019/2020

No último mês, a Spcine lançou um plano de políticas afirmativas que estabelece metas para ampliar a participação de mulheres e pessoas negras no setor audiovisual. O plano contempla ainda ações voltadas à produção de criadores indígenas, transexuais/transgêneros e pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida, além de iniciativas com recorte LGBTQ+. No segundo dia do Whext, festival voltado à publicidade da Apro, realizado nesta sexta, 25, a presidente da Spcine, a cineasta Laís Bodanzky, falou sobre o projeto. 

Bodanzky logo fez questão de rebater os comentários que diziam que o programa de Políticas Afirmativas teria sido lançado como forma de resposta ao fim do edital de curtas com temática LGBTQ+. "Definitivamente não foi uma resposta. A gente só está seguindo nosso trabalho. O Governo Federal é que está na contramão", declarou. A cineasta ainda reforçou a importância de estabelecer metas, e não cotas. "A troca de termos é simples, mas faz bastante diferença", justificou. 

Todos os editais da empresa com lançamento previsto para 2019 e 2020 incorporam mecanismos de inclusão. O primeiro a ser lançado é o edital de produção para filmes de baixo orçamento, com inscrições abertas. A linha vai investir R$3 milhões em projetos de longa-metragem de ficção e documentário. Projetos com mulheres nos cargos de direção, direção de fotografia e coordenação de pós-produção têm ponto extra no processo seletivo deste edital. A pontuação é cumulativa: cresce de acordo com o número de mulheres em cargos de liderança. A linha de fomento também estabelece ponto adicional para empresa com quadro societário composto por pelo menos uma pessoa negra. 

As metas serão monitoradas por meio de dois indicadores – número de projetos inscritos e número de projetos contemplados. O plano prevê que, caso as metas não sejam atingidas, a Spcine vá desenvolver ações de formação com foco no gargalo de mercado identificado naquela linha de fomento. "É necessário ter esse olhar constante para entender se, na prática, estamos cumprindo o que falamos na teoria", diz Bondanzky. 

O plano da Spcine contempla linhas de fomento para produção de curtas e longas-metragens, distribuição de longas-metragens, desenvolvimento de roteiro para série, criação de games, finalização de filmes e apoio a mostras e festivais, sendo que cada linha conta com um mecanismo de estímulo específico. Entre eles, estão pontuações extras para equipes lideradas por mulheres, empresas encabeçadas por profissionais negros e eventos com perfil periférico ou LGBTQ+. E de maneira inédita, a Spcine adota ainda o Teste De Bechdel com critério de pontuação no Edital de Distribuição de Longas-Metragens. 

O plano contempla também a realização de ações e programas de formação com impacto direto na inserção de mulheres e pessoas negras no setor. A primeira ação, já em curso, concede bolsa a uma profissional de audiovisual negra para participar do LATC Global Film & TV Program, imersão de quatro dias sobre mercado global de audiovisual em Los Angeles, nos Estados Unidos. Por fim, o programa ainda prevê tópicos como ações de empreendedorismo para pequenas empresas e coletivos audiovisuais com foco no desenvolvimento de empreendimentos negros; Ações de formação para a inclusão de desenvolvedores mulheres e pessoas negras no setor de games; Bolsas para programas internacionais para qualificação de profissionais negros e mulheres; Participação de profissionais mulheres e pessoas negros nas mostras, festivais e mercados patrocinados pela Spcine; Inserção nos projetos e eventos patrocinados pela Spcine de  jovens oriundos dos programas de formação audiovisual com recorte sócio-econômico ou com bolsa em instituições de ensino.

A campanha desenvolvida para divulgar o plano contempla uma ação específica para as redes sociais nas quais artistas e influenciadores aparecem em vídeo defendendo a diversidade no audiovisual brasileiro. A campanha também convoca o público a indicar suas obras nacionais favoritas, como filmes, séries, programas de TV e canais no YouTube, de criadores mulheres, negros(as), indígenas e LGBTQ+, usando a hashtag "#MeRepresenta". As indicações serão compartilhadas pelo perfil oficial da Spcine no Instagram com o intuito de promover os títulos. 

 

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