Orquestra de Câmara da ECA/USP lança no Youtube o espetáculo "Qui-xote: A História Interrompida de Dulcineia e Sr. Miller"

No próximo dia 3, a OCAM – Orquestra de Câmara da ECA/USP lança em seu canal no Youtube o espetáculo lítero-musical "Qui-xote: A História Interrompida de Dulcineia e Sr. Miller", obra que se inspira no livro "Dom Quixote de La Mancha", de Miguel Cervantes, e no Movimento Armorial, iniciativa artística criada na década de 70 por Ariano Suassuna e que celebrou seus 50 anos em 2020. A produção audiovisual tem concepção dos músicos André Bachur, Lucas Coelho e Thiago Brisolla. Assim como o Movimento Armorial, a produção traz interfaces entre música, literatura, artes plásticas e cênicas, em um formato inusitado.

O espetáculo conta a história de Dulcineia, dona de um boteco de forró que funciona embaixo da agência funerária do esnobe e decadente senhor Miller. No decorrer do enredo, ocorrem diversas disputas entre os dois, que culminam em um incêndio de seus estabelecimentos. "Qui-xote: A História Interrompida de Dulcineia e senhor Miller" gira em torno do que acontece após esta queima: os dois precisam se unir para completar a missão de encontrar o Lampião em meio a São Paulo. Nesta saga, os personagens se aventuram por pontos da capital paulista, como a Avenida Paulista, a Sala São Paulo e o Rio Tietê.

A apresentação promove um encontro de vários espaços musicais: com regência de André Bachur, a produção vai da música barroca à contemporânea, passando pelo forró e por músicas do Movimento Armorial. O espetáculo também conta com a estreia mundial de composições de Carlos dos Santos, que traz "Fragmento", escrita especialmente para a montagem, e do regente espanhol Alberto Roque Santana, com a música "Gigantes o molinos".

O músico Thiago Brisolla é autor do texto escrito em linguagem de cordel, e também é narrador das aventuras de Dulcineia e Miller. Para chegar ao texto de "Qui-xote: a história interrompida de Dulcineia e Senhor Miller", o autor utiliza várias métricas da literatura de cordel, como o "galope à beira-mar", criada pelo repentista José Pretinho.

Thiago Brisolla conta que a história é feita para dialogar com a atual situação mundial, permeada pela pandemia de covid-19: "quando iniciei o processo de escrita da produção, me perguntei como é possível fazer arte depois de 600.000 vidas perdidas no Brasil", conta. "Nesse sentido, a história também se conecta com nossos tempos, com Dulcineia simbolizando a vida e a arte, que tem seus negócios interrompidos por Miller, que simboliza a morte".

Para André Bachur, "nesta produção, música e literatura fazem interface, principalmente por Dom Quixote ter sido objeto de inspiração de várias composições ao longo dos séculos, desde a barroca "Bourlesque de Quixotte", de Georg Philipp Telemann, até a contemporânea "Gigantes o Molinos", de Alberto Roque Santana, que escolhemos para a obra. O regente conta que o repertório foi cuidadosamente escolhido para trazer o clima necessário à narrativa: "a ideia do projeto é também trazer também um diálogo e uma homenagem ao Movimento Armorial, através de sua música, texto e imagens, além de fazer conexões com o repertório popular. O concerto traz um formato bem incomum, com uma narrativa toda amarrada através do texto literário, do repertório musical surpreendente, das ilustrações e da presença de um narrador/ator".

As ilustrações presentes no espetáculo lítero-musical têm assinatura de Otávio Zani.

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