O mercado de licenciamento de conteúdos de TV paga no Brasil em 2020 girou pelo menos R$ 8,5 bilhões em 2020, segundo dados que podem ser extraídos dos balanços anuais da Claro e da Globo, publicados esta semana. A conta é simples: a Claro reporta um total anual de despesas com conteúdo de R$ 4,074 bilhões em 2020 (eram R$ 4,123 bilhões em 2019). Considerando que em 2020 a Claro tinha um market share médio de 48%, e considerando que as demais operadoras têm ofertas de canais similares, pode-se deduzir que o conjunto de operadoras (100%) gastou em conteúdos R$ 8,48 bilhões em 2020, mas possivelmente o gasto foi maior porque, por ter a maior base, a Claro tem os maiores descontos.
Esses dados não incluem as receitas dos canais com publicidade e distribuição em plataformas próprias, e são apenas estimativas com base na proporção entre as despesas gerais da Claro com conteúdo e o market share da operadora.
Outro dado que corrobora esta estimativa pode ser extraído dos números divulgados pela Globo. O grupo, que é o principal programador de TV paga, reporta uma receita de R$ 12,523 bilhões em 2020, e segundo informações de seu CFO, Manuel Belmar, a este noticiário, 40% destas receitas provêm de receitas com conteúdos vendidos pelo grupo. Isso significa que R$ 5 bilhões das receitas da Globo em 2020 vieram de venda de conteúdos. Considerando que o market share do grupo Globo no mercado de programação é de pouco mais de 60% em receitas de licenciamento, chega-se aos mesmos R$ 8,5 bilhões, sem contar receitas com publicidade.
O ponto que fica ainda pouco claro é o peso da Globoplay nas receitas da Globo, pois estas receitas estão, em tese, incluídas nas receitas de conteúdo do grupo, e a sabe-se que a base do Globoplay já é significativa e inclusive ajudou a melhorar os resultados da Globo em 2020, segundo Belmar. A Globo tem ainda R$ 7 bilhões provenientes de receitas de publicidade (56% do total) e R$ 500 milhões (4%) das suas receitas provenientes de outros itens.
Sem contar as receitas de publicidade, o mercado de TV paga girou em 2020 capturou R$ 18 bilhões em assinaturas, conforme dados da Anatel referentes ao número de assinantes e considerando uma receita média por usuário de R$ 100 (dado também utilizado pela agência).