Laís Bodanzky assume a Spcine buscando mais visibilidade para as ações da empresa

A Spcine ganhou uma nova gestão com a chegada de Laís Bodanzky como presidente da empresa pública. A posse da diretora e produtora no comando da Spcine aconteceu nesta terça, 26, em São Paulo. Em entrevista a TELA VIVA, Bodanzky sinalizou quais serão as prioridades em sua gestão, com destaque para uma maior visibilidade para as ações da Spcine.

TELA VIVA – Após um primeiro contato, o que deve mudar na Spcine na sua gestão?

Laís Bodanzky – A Spcine desenvolveu muitas ações interessantes e de grande impacto na sociedade, mas totalmente desconhecidas. Quero começar por um trabalho de comunicação. Já estamos falando com a Secom para contar as coisas importantes que a Spcine faz para o setor e para a cidade. As pessoas precisam entender o papel da Spcine. Mais do que isso, as pessoas precisam se apropriar destas ações.

Destaco três:

O Circuito Spcine, com 20 salas, 15 delas em Céus e que já levou mais de 1,2 milhão de pessoas ao cinema e com uma curadoria espetacular, misturando blockbuster, cinema autoral, filme família, filme infantil, de "Homem Aranha" a "Pixote". São salas fora da área mais bem estruturada de bens culturais.

Não é uma ação para formar público, mas para achar o público. O público já está formado, só que não tem acesso. Muitas pessoas ainda não sabem que tem aquele cinema perto de casa.

Também quero estabelecer uma parceria mais intensa, numa visão de política pública, no sentido de promover o encontro da escola com o cinema. Já existe a parceria, mas de forma tímida. Há um potencial muito maior.

Em segundo, tem o Spcine Play, que confesso que não conhecia – fui positivamente surpreendida. A plataforma tem boa curadoria, é bonita, numa parceria com a Looke. Quero fazer uma campanha de divulgação e achar o público dessa plataforma. Além disso, aperfeiçoar a curadoria, ampliando as prateleiras.

Já tem experiências de streaming com ações como a que houve com a Mostra de Cinema no ano passado. Onze títulos ficaram online na plataforma, com um número limitado de views, como se fosse uma sala de exibição, com lugares limitados. Com isso podemos fazer títulos especiais e em primeira mão, sem matar a janela, pelo contrário, valorizando.

O interessante é que a plataforma não é só São Paulo, é Brasil. 60% dos títulos são gratuitos e o restante com preços acessíveis.

A São Paulo Film Commission. Eu achava que estava engatinhando, mas já é a segunda maior da América Latina em número de filmagens e na economia que gira em torno das produções. Ela atrai filmes para São Paulo muitas vezes para exibição só fora, como comerciais estrangeiros. É uma cidade amigável para a filmagem. Isso eu acho que o paulistano precisa saber e se orgulhar.

Desde sua criação, a Spcine atua valorizando o cinema autoral, sem abrir mão de fomentar o mais comercial, assim como tem programas para produção de TV e outras modalidades. Como será acombinação?

Espero que continue o autoral e o comercial. A indústria não vive sem um, a cadeia se quebra. O papel da Spcine é ver o setor como um todo e promover o diálogo, entendendo as formas de audiovisual como complementares.

Como ficam as parcerias com o Governo Federal no novo cenário político? Dá para contar com o mesmo apoio?

Boa parte das ações da Spcine vem da parceria com o Fundo Setorial do Audiovisual. A continuidade do fundo é fundamental para que o setor continue de vento em popa, como está. Acredito que, justamente por ter números significativos, como ser responsável por 2% do PIB do país e arrecadação e geração de emprego equivalente aos das indústrias têxtil e farmacêutica, acho que é um diálogo que este governo entende. E eles estão ouvindo. Todos querem que o Brasil aconteça, independente da ideologia.

O FSA, por ser gerado pelo próprio setor, permite que o setor seja autossuficiente.

E com o governo do estado?

A Spcine está sempre aberta às parcerias. Já tive uma conversa muito amigável com o secretário Sérgio Sá Leitão. Buscamos parcerias para o audiovisual de São Paulo, mas não sei se com uma presença do Estado na Spcine, ou através de ações conjuntas. Acho que a segunda opção é mais provável.

Busco ainda outras parcerias de outras áreas da própria prefeitura, com secretarias como da Educação e do Trabalho. Fora do poder público, também queremos buscar parcerias.

E a exibição fora do Circuito Spcine?

Quero mostrar na prefeitura a importância das salas de rua de São Paulo, que são poucas, seis, se não me engano. Precisamos 'tagueá-las', torná-las pontos turísticos. Será que as pessoas que frequentam a Avenida Paulista quando ela é fechada para o tráfego sabem que tem o Reserva Cultural por ali? Também quero proporcionar o encontro de patrocinadores com a sala.

Podemos fazer muita coisa que não custa, são só um "parar para pensar".

Mas para isso, são necessários dados. A Spcine já tem uma memória do audiovisual paulistano?

Falta muita coisa. Está claro que precisamos de um observatório. A Ancine tem um nacional. São Paulo precisa ter o seu próprio, até para direcionar a política pública. Precisamos sair do "acho que" e usar uma régua para direcionar nosso trabalho.

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