Christian Peralta, sócio da consultoria BB – Business Bureau, participou nesta terça-feira, 27 de abril, do segundo dia do Streaming Brasil 2021, evento virtual organizado pelas publicações TELETIME e TELA VIVA, onde apresentou a mais recente pesquisa do grupo acerca do consumo de OTT e demais tendências de consumo de vídeo no Brasil e na América Latina.
Um dos principais pontos da pesquisa da BB diz respeito à pirataria. Se na pandemia o consumo de vídeo aumentou bastante, o consumo por vias ilegais acompanhou esse crescimento. Na América Latina, identificou-se que, nos últimos quatro meses de 2019, 27.274.181 de domicílios com internet consumiram pirataria online. Já nos últimos quatro meses de 2020, esse número subiu para 28.042.837 – ou seja, aumentou em quase um milhão. Falando exclusivamente do Brasil, 33,5% dos domicílios com internet consumiram pirataria online no quadrimestre final de 2020. Entre os gêneros mais pirateados, estão cinema e séries (17,72%), esportes (14,96%) e canais premium (12,16%). Outros representam 55,16%. E entre as programadoras mais afetadas, está o grupo Disney e ESPN Media Networks Latin America, WarnerMedia Latin America, Discovery, ViacomCBS Networks Americas e HBO Latin American Group.
Consumo complementar
O estudo da consultoria identifica que o consumo de OTT tem crescido significativamente nos últimos anos, porém, a modalidade ainda se posiciona como um complemento à TV paga. De 2015 para cá, no continente latino-americano, o consumo exclusivo de Pay TV nos domicílios foi de 31% para 18%; o exclusivo de OTT, de 11% para 18%; e os dois juntos, Pay TV e OTT, de 16% para 24%. Considerando somente o Brasil, o consumo exclusivo de Pay TV foi de 23% para apenas 7%: o exclusivo de OTT, de 14% para 22%; e os dois juntos de 10% para 16%. "A penetração da banda larga somada aos preços da TV por assinatura explicam o crescimento significativo dos lares que adotam apenas o OTT no Brasil, que é o modelo que mais cresceu no país. Como um todo, a penetração OTT na América Latina vem crescendo", observa Peralta.
Se o número de assinantes de serviços de OTT vem aumentando, o número de plataformas à disposição do consumidor também tem sido ampliado. Na América Latina, são 85 plataformas atualmente, considerando aquelas que estão disponíveis em todo o continente. No Brasil, ainda são 32 exclusivas, isto é, que estão disponíveis só aqui. "Achamos que esse número vai crescer ainda mais em 2021, com cada vez mais plataformas das programadoras sendo lançadas", aponta o consultor.
No entanto, apesar do surgimento de novas opções, o número de plataformas que o consumidor está contratando diminui. Em 2018, na América Latina, cada família tinha em média 5,4 plataformas assinadas. Em 2020, o número foi de 4,4 em média. Vale ressaltar que, no caso de famílias com crianças, o número praticamente se manteve, indo de 5,5 para 5,3 no comparativo entre 2018 e 2020.
Modelos de negócio
O mercado latino-americano e o brasileiro são abertos a diferentes modelos de negócio, com vários deles tendo boa penetração. Mas o destaque tem sido o AVOD, que está crescendo e, no país, está muito próximo do SVOD, que é tradicionalmente mais forte. Os dados de 2020 da pesquisa revelam que, no Brasil, os três modelos mais consumidos são SVOD (por 70% dos domicílios com internet), AVOD (64%) e TV Everywhere (29%).
O que importa na hora de contratar um serviço
Se há tantas plataformas disponíveis e opções de diferentes modelos de negócio, a pesquisa analisa o que os consumidores valorizam nos serviços. A maioria dos fatores mais mencionados está relacionada ao conteúdo. Na Latam, são eles: séries disponíveis (95%), conteúdo original (95%), facilidade de navegação na plataforma (95%), filmes disponíveis (94%) e quantidade de títulos disponíveis (91%). Já os fatores que o público não gosta nos serviços são principalmente preço (14%), frequência de renovação do conteúdo (10%) e tempo de espera para ver o conteúdo (7%). "Podemos deduzir que conteúdo de qualidade ainda é o que mais importa", afirma Peralta.
Dispositivos utilizados
No continente latino americano, o dispositivo preferido para assistir aos conteúdos de vídeo é a Smart TV (46%), seguido do computador e o smartphone, empatados com 23%. No cenário que considera somente o Brasil, o número é semelhante: Smart TV (45%), smartphone (29%) e computador (20%).
O que aconteceu na pandemia
Por fim, a pesquisa analisa a mudança nos hábitos de consumo ao longo de 2020, isto é, durante a pandemia, entre os latino-americanos. Nos primeiros meses do ano, 63% disseram assistir a mais conteúdos online; no final do ano, esse número subiu para 65%. No começo de 2020, 16% estavam usando plataformas que antes não utilizava; meses depois, esse número foi de 23%. Chama a atenção os dados referentes à assinatura de TV paga, que indicam crescimento: no primeiro quadrimestre de 2020, 3% afirmaram ter assinado a TV paga que não tinham; no quadrimestre final, a porcentagem que o fez já foi de 6%.