Cofundador da revista Wired na década de 1990, o designer John Plunkett, ao falar das redes sociais, deixa de lado o otimismo pelo qual sua antiga publicação sobre o futuro e sua relação com a tecnologia sempre foi conhecida. Em painel no evento Rio2C, que acontece nesta semana no Rio de Janeiro, Plunkett é enfático ao dizer que o futuro da democracia depende da revisão do modelo de negócios das plataformas de redes sociais.
Sobre a abordagem editorial da Wired, Plunkett diz que havia espaço para uma voz otimista em meio a um jornalismo pessimista, e a tecnologia e seus impactos no futuro abriam espaço para uma visão mais positiva do futuro. No entanto, diz que hoje a humanidade se vê diante de quatro grandes desafios, que colocam sua existência em risco:
* lidar com a complexidade dos sistemas que controlam o uso da energia atômica – "estão tão complexos, que alguém, em algum momento, cometerá algum erro";
* o envenenamento da água, sobretudo por resíduos plásticos;
* líderes globais "malucos", citando Donald Trump, Marine Le Pen e Jair Bolsonaro; e por fim,
* as redes sociais – "não conseguiremos arrumar a política se não pudermos arrumar as mídias sociais".
Segundo o designer, o problema do modelo está na origem das plataformas. "O modelo de negócios foi criado para uma audiência muito pequena. Hoje a audiência é gigantesca, já permite que o modelo de negócios evolua", diz.
Segundo Plunkett, o modelo das mídias sociais é o de criar bolhas emocionais para os usuários e vendê-los para o maior lance. "A mídia social é uma máquina perfeita para exagerar nossos medos, nossas esperanças", diz.
Por fim, diz que está "de dedos cruzados" pelo Twitter e sugeriu a adoção de um modelo de negócios por assinatura que, de alguma forma, subsidie aqueles que não podem pagar.
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