IPs consolidados, ambiente digital e histórias reais ditam caminhos da produção audiovisual

Virginia Mouseler, CEO da The Wit, e a apresentadora Laura Vicente (Foto: Globo/ Manoella Mello)

Virginia Mouseler, CEO da The Wit, hub global de inteligência para a indústria audiovisual, participou do primeiro dia de Rio2C nesta terça-feira, 27 de maio, durante a agenda "Summit Acontece Globo", promovida pelo grupo de mídia. A especialista apresentou ferramentas e insights que norteiam a produção de conteúdo no Brasil e no mundo. 

Em entrevista à apresentadora Laura Vicente, Mouseler destacou formatos que são tendência em diferentes países. A The Wit tem um ranking em tempo real com os formatos mais produzidos e adaptados ao redor do mundo. Falando nos top unscripted IPs, o primeiro deles é "The Floor", do Talpa Studios, dos Países Baixos, com adaptações em cerca de 20 territórios. Trata-se de um quiz show com elementos modernos e visuais. Na sequência, está "The A Talks", da Can't Stop Media, da França, que já ganhou versões em 15 países, com o Brasil entre eles, onde estreou em formato de quadro dentro do "Fantástico". Na dinâmica da atração, pessoas neurodivergentes e dentro do espectro autista entrevistam celebridades. Por aqui, os convidados foram nomes como Vera Fischer e Fábio Assunção. Lá fora, já participaram Antonio Banderas e o presidente da França, Emmanuel Macron. "É um programa de entretenimento, e que mostra que a diversidade pode estar na televisão mainstream", salientou a executiva. 

Em terceiro lugar, está "My Mum, Your Dad", da ITV Studios, do Reino Unido. No Brasil, o reality estreou recentemente no Globoplay com o nome "Minha Mãe com seu Pai". No programa, filhos adultos escolhem novos pares para os seus pais sem que eles saibam quem está à frente dessas escolhas. O quatro lugar é de "Destination X", da Be Entertainment, da Bélgica. É um programa de aventura que já foi adaptado para dez mercados. No reality, os participantes não sabem em qual lugar do mundo estão, e enfrentam desafios para, no fim, disputar um prêmio em dinheiro. "A Bélgica é um mercado pequeno, mas muito criativo", destacou a CEO. "Quando olhamos para esses títulos, vemos muita variedade. São conteúdos de origens diferentes, que surgem de diferentes culturas e países. E assim notamos que existe algo de universal neles, capaz de juntar as pessoas". 

A força dos IPs

Embora ela diga que as origens são múltiplas, uma análise da própria The Wit revelou que 53% das adaptações de formatos são baseadas em conteúdos originais da Europa, sendo 21% do Reino Unido. Há 17,6% dos Estados Unidos. Destacam-se também os Países Baixos, Bélgica, França, Japão e Alemanha. Ainda segundo a empresa, 25% dos novos programas estão baseados em IPs já existentes, incluindo reformulações de formatos antigos. No Brasil, 21% dos novos conteúdos não-roteirizados são baseados em IPs

E, falando em conteúdos de ficção, um terço das novas produções também têm origem em IPs, como livros, filmes clássicos e games. No Brasil, esse número é 31%. "Nesse formato, existem menos limitações, porque as ideias podem vir de muitos lugares diferentes", analisou. A novela "Avenida Brasil", por exemplo, é um IP brasileiro de ficção. É a novela da Globo mais exportada, e que no ano passado ganhou uma versão turca com o nome de "Leila: Life, Love, Justice". A produção estará disponível para o público brasileiro a partir de agosto, pelo Globoplay. 

Adaptações do digital

Outro caminho possível de adaptação são conteúdos originais do digital que ganham suas versões para TV linear ou plataformas de streaming. Um exemplo é o "Let's Play Ball", um formato que viralizou no YouTube em 2024 com mais de um milhão de visualizações e, em agosto deste ano, ganhará uma versão no linear, na Dutch TV. Os direitos são da Banijay. "As ideias do digital não são necessariamente revolucionárias, mas podem funcionar na TV. Estamos fazendo muitas pesquisas no espaço digital. No YouTube, existem ideias que não podiam estar na TV por muito tempo, mas talvez possam hoje", observou Mouseler.

No caso do "Let's Play Ball", o conteúdo será em breve comercializado internacionalmente como formato. "A TV e as plataformas de streaming se beneficiam quando os criadores trazem suas comunidades. É sobre alcance, e também sobre a qualidade de produção que esses conteúdos podem ganhar. O criador traz sua personalidade e seu relacionamento com seus fãs, com seu público. Eles têm muito envolvimento com as suas comunidades e trazem essa autenticidade. Não são diferentes de estrelas de TV", disse a especialista. 

Conteúdos baseados em histórias reais

Por fim, a CEO falou sobre a força dos conteúdos de ficção baseados em histórias reais. Globalmente, 8% dessas produções de ficção tiveram uma inspiração da vida real. No Brasil, esse número sobe para 14%. Um bom exemplo é o próprio "Ainda Estou Aqui", ganhador do Oscar de Melhor Filme Internacional neste ano. Nessa esteira, está também o sucesso das produções biográficas, que correspondem a 2,2% dos novos e recorrentes conteúdos de ficção no Brasil, 5,3% na América Latina e 1,8% no mundo. Aproveitando a onda, o Globoplay lança em breve a série original "Raul Seixas: Eu Sou", protagonizada por Ravel Andrade. A série é criada por Paulo Morelli e dirigida por Paulo com Pedro Morelli, com produção da O2 Filmes.

 

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