Nesta terça-feira, 27 de maio, primeiro dia do Rio2C, evento de criatividade da América Latina que acontece no Rio de Janeiro até o próximo domingo, 1º de junho, o Samsung TV Plus conduziu uma curadoria de conteúdo dedicada ao universo do streaming gratuito com anúncios, conhecido como Fast. Uma das mesas reuniu Aline Jabbour, diretora da Samsung TV Plus na América Latina, e Fabricio Proti, SVP de Ad Sales Multiplataforma Latam & Country Manager Brasil da Paramount, que compartilharam suas estratégias e aprendizados de crescimento nessa indústria.
Proti lembrou que o Fast surgiu em 2013 – neste mesmo ano, a Netflix lançou seu primeiro original, "House of Cards", que deu início a uma era de investimento massivo em produção para a streaming e transformou verdadeiramente a indústria. Até então, a empresa atuava somente como distribuidora dos conteúdos. "Naquele momento, acreditava-se que aquele seria o futuro: plataformas com modelo de assinatura, conteúdo on demand e sem publicidade. No mesmo ano, nasceu a Pluto TV, na contramão daquele modelo previsto, oferecendo a experiência do linear no digital, com publicidade e gratuito. Hoje, a indústria do Fast se tornou massiva. O fast é baseado em conteúdo, e por conteúdo entendemos que existe um importante papel de curadoria por trás. Aí que está a alma do Fast", definiu. Jabbour acrescentou que o entendimento que tinha-se lá atrás de que o Fast era meramente um repositório de conteúdo antigo caiu por terra, uma vez que já é possível até acompanhar programação ao vivo nos canais Fast, como esportes e notícias, por exemplo.
E, uma vez que trata-se de um meio gratuito e acessível, a estratégia se deu por buscar distribui-lo em diferentes janelas, como CTV e mobile, por exemplo. "Esse foi um grande salto. Com isso, as pessoas passaram a ficar mais tempo consumindo conteúdo no Fast. E, com mais audiência, temos mais oportunidades para monetização. Os anunciantes estão num crescimento bom nesse sentido, de mais de dois dígitos por ano. Eles passaram a entender o poder dessa categoria", relembrou o executivo da Paramount ao olhar para o crescimento do modelo no país nos últimos quatro anos.
Espaço da TV
É interessante observar que a Samsung é, por essência, uma fabricante de TV – inclusive, a fabricante número 1 de Smart TVs no mundo. Mas hoje, ela é mais do que isso. "Temos um papel muito maior do que apenas fabricar TVs e distribuir conteúdo. Somos uma ponte entre a audiência, o provedor de conteúdo e as marcas. Dos dez aplicativos mais assistidos no Brasil, dois são Fast: Samsung TV Plus e Pluto TV. O que significa que não somos concorrentes, e sim estamos juntos nessa jornada. Acreditamos que o ambiente colaborativo é o que vai trazer inovação e educação ao mercado. Hoje, somos um verdadeiro hub de entretenimento", definiu.
Para a executiva, a televisão como dispositivo nunca deixou de ser protagonista na sala das famílias. "Ela foi esquecida na hora da indústria falar sobre conteúdo, mas as famílias sempre estiveram assistindo à TV junto. Agora a indústria parece que entendeu, até porque os números não mentem. Pode ser que a CTV tenha mudado esse jogo, que tenha tido uma melhora na oferta de conteúdo ou simplesmente pode ser que as coisas nunca tenham mudado, mas só deixamos de falar sobre a TV".
Qualidade x quantidade no Fast
A Pluto TV já teve 200 canais no Brasil. Hoje, tem 160. "Entendemos que não é sobre quantidade, e sim sobre conteúdo relevante para a audiência que está lá, que é multi-geracional, e por isso buscamos atender todos", pontuou Proti. O executivo lembrou ainda que, ao ligar uma TV Samsung, por exemplo, o consumidor se depara com diversas opções gratuitas, como TV aberta, YouTube e Fast. "Ou seja, temos que ser relevantes sabendo que as pessoas têm muitas opções. Além disso, 50% das pessoas que assistem Pluto TV também assinam plataformas de streaming pagas, o que significa que elas têm ainda mais opções".
Para explicar sua estratégia de conteúdo, Jabbour relembrou que, lá atrás, quando só existia TV aberta, os canais eram generalistas. Com a Pay TV, eles começaram a se dividir por categorias. Já o Fast surge e se aprofunda ainda mais nessas categorias. "Trazemos os canais de nicho – como só filmes com mensagens de fé, filmes de terror, infantil para crianças de até três anos, por exemplo. E temos também uma oferta de conteúdo muito maior do que tínhamos acesso lá atrás. Entendemos que o público tem, num mesmo dia, diferentes momentos e desejos de consumo e interesse. Então temos realmente uma quantidade de conteúdos maior do que quando comparado com outras ofertas".
Nesse sentido, a quantidade de canais disponíveis no Samsung TV Plus segue a tendência e os hábitos de consumo de cada território. Nos Estados Unidos, não existe TV aberta, e a TV paga tem uma infinidade de canais à disposição da audiência. É por isso que, lá, a plataforma da Samsung tem 700 canais. No Brasil, são 120. "Não adianta querer comparar com os EUA. Poderíamos colocar 700 canais no Brasil, mas aí teríamos de abrir mão de qualidade um pouco. E principalmente falando de conteúdo localizado, porque não temos tanta oferta assim em português. Mas nem faria sentido. Nosso público não está acostumado com isso. E tem a questão da descoberta, que é um pouco mais complexa. E como o brasileiro não está acostumado, ficaria confuso e acabaria desistindo. Então olhamos o comportamento antes de decidir a nossa estratégia".
Oportunidades de crescimento
Isso não significa que a oferta de canais Fast tenha chegado a um teto. "Temos espaço para crescer e vamos fazer isso", adiantou a executiva. "Vamos crescendo conforme os conteúdos forem surgindo", especificou. Olhando para fora, ela já aponta tendências dos EUA chegando ao Brasil e que, em sua visão, fazem sentido no nosso país. Entre esses movimentos, está a entrada de empresas de mídia no ambiente Fast, entendendo esse mercado como parte de suas estratégias de distribuição, e não apenas com conteúdo de biblioteca. Outro caminho são os canais dos creators. Nos Estados Unidos, o Samsung TV Plus lançará 50 canais de criadores de conteúdo. "Não significa que lançaremos a mesma quantidade aqui, mas já estamos nesse processo. Tem muita oportunidade de canais no YouTube que podem ser linearizados", citou. CazéTV, Dia TV e Manual do Mundo são alguns exemplos.
Jabbour reforçou que não há um teto pré-definido em relação ao número de canais, e sim um filtro de qualidade, que passa pela curadoria – que é diferente do que acontece no YouTube, por exemplo: "Temos responsabilidade para que aquele conteúdo seja seguro para quem está ligando a televisão. Se os pais ficaram assistindo à TV no Samsung TV Plus e no dia seguinte o filho ligou o mesmo aparelho na plataforma, tenho que garantir que ele não encontrará um conteúdo inapropriado. Temos a responsabilidade de oferecer essa segurança. Esse é nosso filtro: conteúdo seguro e de qualidade".
Proti acrescentou que outra responsabilidade grande é monetizar esses produtores de conteúdo. "O momento é muito bom para o crescimento, mas ao passo em que adiciono muitos canais de produtores de conteúdo, entendo que nem todos serão remunerados da forma esperada. A roda precisa girar de modo sustentável. Ter canal só por ter e falar que temos uma oferta enorme não faz sentido. Já passamos dessa fase. Não é assim que vamos atrair a audiência e nem o mercado anunciante. Temos a tecnologia necessária para lançar vários canais novos, mas não é essa a visão de qualidade que queremos".
Futuro
E, para além dos canais dos grandes grupos de mídia e dos criadores, a diretora da Samsung vê outra tendência para o futuro: o break interativo. "Temos entendido que o break não precisa ser chato. Pode ser algo que interage com o consumidor. Já temos isso em outros países. Pode ter até conteúdo ao vivo, compras com um clique do controle remoto, jogos, onde você responde a perguntas também pelo controle… As marcas podem se aproveitar dessas possibilidades. Para isso se tornar realidade, precisamos trabalhar na infraestrutura e educar o mercado sobre as novas oportunidades", concluiu.
Para Proti, o momento é bem interessante em relação à escala de novas tecnologias. Ele parte do ponto de que, hoje em dia, o processo de descoberta de conteúdos está chato – em qualquer que seja a ferramenta. E, por isso, ele acredita que nos próximos anos haverá uma personalização que irá transformar essa descoberta e o próprio consumo de conteúdos de longo formato, revolucionando o ecossistema como conhecemos hoje. "Relevância, personalização e agilidade de levar o conteúdo ao consumidor. Esse é o lugar que vai transformar nossa indústria futuramente".