Sunny Side abre com debate sobre novas plataformas

Começou na manhã desta terça-feira, 27, o Sunny Side of the Doc, mercado internacional de documentários, na cidade francesa de La Rochelle. O Brasil participa do evento através da ABPI-TV, que tem um estande sob a marca Brazilian TV Producers. Estão presentes as produtoras Canal Azul, Dharma Filmes e Grifa Mixer.
Embora o tema central dos debates deste ano seja a produção em high-definition (HD), o primeiro painel tratou de um tema que será a tônica do evento apenas no próximo ano: a produção multiplataforma.
Emissoras como a norte-americana PBS e a britânica BBC apresentaram casos de programas que se aproveitam da distribuição em novas mídias, como a banda larga e o iPod. A Apple, aliás, patrocinou a sessão, que foi marcada por um grande entusiasmo com as possibilidades da plataforma de podcasting.
A PBS, por exemplo, produziu este ano um especial sobre Albert Einstein. Nas dez semanas anteriores à exibição, a emissora pública colocou para download arquivos de áudio (podcasts) com comentário de físicos sobre as teorias de Einstein. Segundo a produtora da série Nova, Melanie Wallace, foi um grande sucesso (com mais downloads que o podcast sobre Harry Potter) e atraiu mais audiência ao programa, quando foi exibido.

Complemento

Para James Richards, da divisão de Cross Media da BBC, sempre haverá espaço para o broadcast, pois há eventos e programas, como esportes aos vivo, que precisam da televisão. Mas as novas mídias podem complementar o conteúdo, permitindo, por exemplo, um reaproveitamento do arquivo das emissoras. Foi o que os britânicos fizeram com seus programas de "parenting" (puericultura). A BBC agregou os programas em um portal da web, catalogou o conteúdo por temas, e oferece os vídeos on-demand para pais desesperados.
O grande problema, frisou Richards, são os direitos. "Conseguimos com esses programas porque são produções próprias. Mas em geral é difícil obter todas as autorizações", disse. Os vídeos, com 70 horas de imagens, têm 20 mil visitas por semana.

Convergência

Melanie, da PBS, reforça o problema dos direitos, e diz que a emissora agora discute a elaboração de novos projetos conjuntamente com a divisão de banda larga, para que todos os aspectos sejam analisados antes de começar uma produção. Mesmo a divulgação destes conteúdos é diferente, explica ela, muito mais ligada à própria difusão entre os usuários, por e-mail.

Global ou local

Outro tema em debate foi a globalização dos conteúdos, uma vez que na web, qualquer programa pode ser visto em qualquer lugar. Melanie, da PBS, sugere que os direitos não sejam mais definidos pela distribuição, pela região explorada, mas sim pelo comportamento, pelo uso do programa (para cada conteúdo seriam definidos por exemplos direitos de exibição, de edição, de cópia etc).
Patrick Vittet-Phillipe, da União Européia, observou que as novas plataformas criam outro efeito. Além de tornar o conteúdo mais global, também o torna mais local, ao permitir que novos players possam distribuir seus conteúdos locais pelas redes abertas ou por agregadores como o iTunes. Ele ressalta, no entanto, que por enquanto apenas emissoras de TV e produtores independentes estão capacitados a produzir conteúdos de boa qualidade, mas que ainda não sabem bem como lidar com as novas plataformas para envolver a audiência.

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