Anatel prevê penetração da TV paga em 70% até 2020

Com um ano da Lei 12.485/11, que regulamentou o Serviço de Acesso Condicionado (SeAC), o mercado deixou de apresentar um crescimento anual na casa de 30% para cerca de 10% a 12%, segundo estima a Anatel. Mas isso não significa que o mercado de TV paga não possa ter ainda potencial para crescimento. O presidente da agência, João Rezende, chegou a afirmar durante o Encontro Tele.Síntese nesta terça, 27, em São Paulo, que havia feito cálculos que determinavam um crescimento no setor "na casa de 8%", mas corrigiu depois para uma previsão mais otimista de até 12% em 2013. Da mesma forma, ele estimou que, até 2018, "se a economia não estiver estagnada", o serviço possa chegar a cerca de três quartos da população, com crescimento médio de 4% ao ano. Depois, mediante debate com a Net Serviços, corrigiu-se para 2020. "Confiamos muito no mercado, vai continuar crescendo. Evidentemente, temos que solucionar alguns problemas para chegar aí a 70% de penetração, que seria o ideal para o Brasil, com cabo e via satélite", diz. "Estamos com 17 milhões de residências e temos potencialmente no médio prazo mais 20 milhões", declara Rezende.

A previsão é mais otimista do que a da Net Serviços. Segundo o presidente da empresa, José Félix, a mesma meta está sendo considerada. "A gente está trabalhando efetivamente com um target de 70%, mas é uma de nossas apostas para 2021", disse ele, em resposta ao presidente da Anatel. A companhia do grupo América Móvil prevê uma adição de três milhões de acessos no período para 2013. "Acho que (o setor) cresce mais do que 10% neste ano, muito mais. A Net sozinha vai crescer mais do que isso, a não ser que exista um write-off", declarou.

José Félix diz que a regulamentação do SeAC é uma oportunidade de crescimento, que leva a mais aportes. A Net Serviços afirma que investiu mais de R$ 10 bilhões no mercado de TV por assinatura nos últimos cinco anos, sendo R$ 3,5 bilhões somente para 2013. "No primeiro ano de nova regulamentação, a Net vai dobrar a quantidade de cidades com serviços de TV a cabo". A ideia é chegar a até 190 cidades até o final do ano.

Dificuldades de conteúdo

Mas Félix declara que o problema de empacotamento existe, e que não há possibilidade de conseguir uma combinação que traga rentabilidade para a empresa. "A gente identificou que precisa achar um pacote para população de baixa renda, mas uma das dificuldades é que ela quer futebol, quer o Brasileirão. E a gente não conseguiu com as programadoras nenhum tipo de incentivo para isso", disse. O executivo garante que a demanda por conteúdos Premium (além do futebol, canais de sexo e de filmes) mostra-se inviável em pacotes destinados à baixa renda. Mas ressalva: "Não tenho nada contra programadores, tem de ter simbiose, se não fica impraticável".

O problema é achar um modelo de empacotamento que consiga levar o serviço à população de baixa renda. "Se conseguíssemos buscar pacotes mais básicos, adequando ao perfil de renda desses brasileiros, talvez a gente pudesse manter o ritmo de crescimento de 30%", declara João Rezende, da Anatel.

A CEO da Blue Interactive, Silvia Berno, concorda. "O preço é uma barreira de entrada para as classes de menor poder aquisitivo, e o custo da programação é muito elevado para determinada demografia", diz. Ela reclama também de "restrições em contratos", que comprometem a isonomia do tratamento para as pequenas empresas. "O modelo de programação tem degraus de desconto diferentes para grandes operadoras. Isso afeta o custo e a concorrência para empresas como nós, de médio porte". Segundo ela, os perfis de custo de programação são muito diferentes, afetados por uma tabela que desconsidera a base de clientes das companhias. "Não houve grande avanço nos modelos de negociação de descontos nas programadoras, e isso poderia ajudar muito o mercado a melhorar a isonomia."

Ainda assim, Silvia Berno se mostra satisfeita com as possibilidades do novo regulamento. "O SeAC permite sinergia de investimentos já realizados, como a expansão para cidades vizinhas", detalha. A executiva explica que possui headends digitais em todas as cidades onde atua e que, com a nova lei, consegue ampliar a cobertura sem precisar ampliar agressivamente o investimento.

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