Canais e produtores levam o conteúdo brasileiro ao Mipcom

Novelas, séries e programas de TV sobre cultura e natureza brasileiras sempre tiveram uma grande aceitação no mercado internacional, mas num momento como o atual, com a grande comoção global em torno da Amazônia, a atenção sobre a causa do meio ambiente pode ser muito maior. Tanto que a grande aposta em exportações da Globo no Mipcom 2019 – maior feira mundial de conteúdo, que acontece de15 a 18 de outubro em Cannes -, será a série de tema ecológico "Aruanas".

A obra estreou em julho no serviço Globoplay, traz Débora Falabella, Leandra Leal, Camila Pitanga e Taís Araújo no elenco, e será o carro chefe da emissora no evento, chamando todas as atenções no seu estande. Coprodução da emissora com a Maria Farinha Filmes, a série chegará a 150 países com legendas em 11 idiomas (inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, holandês, russo, árabe, hindi, turco e coreano).

Vem de longe a fórmula de exportação das telenovelas brasileiras no mercado internacional – a Globo começou em 1973, com a venda de "O Bem Amado", e hoje já faz negócios com 170 países. Neste ano, constam do catálogo da emissora no Mipcom as séries "Desalma", "Onde Está Meu Coração", a segunda temporada de "Ilha de Ferro", além da nova "Segunda Chamada", coproduzida com a O2 Filmes.

A terceira temporada de "Sob Pressão" também estará à venda. A emissora não fornece números sobre resultados e nem das expectativas de negócios, mas informa que amplia seus modelos de negócios e formatos de distribuição com o mercado internacional. Em Portugal, por exemplo, o canal internacional da Globo é um dos líderes da TV por assinatura.

No Chile, a novela "O Outro Lado do Paraíso" tem grande audiência horário vespertino e, nos Estados Unidos, o streaming da AMC Networks oferece conteúdos da emissora. Para "Aruanas", a Globo diz que inaugura no Mipcom um modelo inédito de distribuição, com estreia de uma plataforma para os compradores, a aruanas.tv .

Emissoras vão à feira

Demais emissoras também marcam presença na feira na Riviera Francesa. O SBT neste ano terá como carro-chefe "As Aventuras de Poliana". "Quanto aos nossos números, nós não abrimos, é uma política interna", afirma Carolina Scheinberg, gerente de Vendas Internacionais e Licenciamento. A emissora leva ainda na bagagem seus clipes de câmera escondida que, segundo Carolina, são sempre um grande sucesso de vendas nas feiras.

A Band, sem produção própria atual em dramaturgia, neste ano irá apenas como compradora ao Mipcom. A Record, que tem levado suas produções bíblicas ao mercado internacional, ainda colhe os frutos das vendas nos últimos anos de "Os Dez Mandamentos" e "Jesus". Neste ano, emissora estará presente na feira com "Jezabel" e "Topíssima".

Por meio de seu departamento de Comunicação, a Record diz que avança na internacionalização das suas produções. A emissora de Edir Macedo informa que suas novelas têm feito sucesso em mercados tão diferentes quanto Ásia, África, Europa, América Latina e até Oceania e credita isso a seu diferencial, tanto das obras bíblicas quanto das contemporâneas.

Produção independente

Além das emissoras de TV, também as produtoras que atuam de forma independente enxergam no mercado internacional uma ótima oportunidade para venderem suas atrações. Elas têm aumentado sua quantidade de produções, à medida que também o mercado interno se tornou mais relevante para elas.

A expansão dos negócios tem explicação: a partir da lei 12.485/2011, os canais de TV por assinatura passaram cumprir lei de cotas, adquirindo cada vez mais conteúdo nacional. Mais recentemente, também as plataformas de streaming começaram a demandar muito conteúdo original brasileiro. A Netflix já anunciou que terá mais de 30 obras brasileiras nos próximos anos.

A Amazon, com seu novo serviço Prime Video, acaba de contratar um executivo para cuidar da plataforma localmente – João Mesquita, que estava à frente do Globoplay – e tem no momento, conforme apurou a reportagem, pelo menos duas séries em produção, outras duas em pré-produção e trabalha a todo vapor no desenvolvimento de novos projetos.

De acordo com Mary Morita, gerente do Brazilian Content, programa de exportação da Brasil Audiovisual Independente (Bravi) em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), muitas das produções feitas atualmente no País já saem com a chancela "tipo exportação": "Quem produz para Netflix ou para um canal como HBO já tem trânsito no mercado internacional", diz ela.

As produtoras brasileiras vão em bloco e têm espaço de exposição na feira na França, com 31 delas já confirmadas na delegação, entre produtoras e distribuidoras. Algumas com atrações finalizadas, os chamados produtos de prateleira; outras vão em busca de desenvolver parcerias com canais estrangeiros ou empresas de produção internacionais.

Para as produtoras independentes, a vantagem do câmbio com o dólar em alta favorece, além das vendas das atrações em si, também a oferta de serviços de produção. Mary Morita conta que, em serviços de animação, por exemplo, há no momento muita requisição por profissionais brasileiros. A Bravi reúne 652 empresas de conteúdo.

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