A comédia "De Perto Ela Não é Normal", dirigida por Cininha de Paula e estrelada por Suzana Pires, chega aos cinemas no dia 29 de outubro e será lançada em formato multiplataforma: a partir do dia 5 de novembro, pelo selo Première Telecine, estreia simultaneamente no Telecine Premium e no streaming da marca. O longa, uma produção da Escarlate com coprodução da Globo Filmes e distribuição da H20 Films, também estará disponível a partir do dia 5 para aluguel em outras plataformas digitais.
Na trama, pressionada por tudo e todos, Suzie (Suzana Pires), hoje uma mulher de 40 anos, se afastou completamente da menina sensível e criativa que foi na infância. Agora, anos depois e coberta por diversos arquétipos da mulher perfeita, ela vai iniciar uma longa busca por si mesma. E isso ficará mais forte quando ela rencontrar sua tia Suely (Suzana Pires), uma mulher livre que fará Suzie revisitar o seu passado. A história é baseada na peça teatral homônima criada por Suzana Pires, que também assina o roteiro do longa-metragem. Assista ao trailer:
"Questionar a feminilidade, o feminino e a condução das nossas histórias eram minhas vontades quando escrevi a peça em 2005. Foi uma virada na minha carreira. Rodei com esse texto até 2011 e, em 2014, recebi um convite da Globo para uma websérie da personagem da Tia Suely. No ano seguinte, comecei a tocar o projeto do filme", contou Suzana Pires em coletiva de imprensa online realizada na manhã desta terça-feira, dia 27 de outubro. "Foi um processo natural, uma coisa levou à outra. Entre os principais desafios, diria que estiveram confiar em mim como roteirista, desapegar das personagens que antes eu mesma interpretava e escrevê-las para que outras atrizes dessem a elas o tom que achassem melhor e entregar o projeto final com a segurança de dizer "esse é o roteiro que será filmado". Nesse sentido, a Rosane Svartman (cineasta, autora e diretora) me ajudou muito. Ela leu o roteiro e me deu a confiança necessária para ir em frente", completou a atriz.
Para a diretora Cininha de Paula, o talento de Suzana como autora ficou claro quando ela escreveu a peça de teatro e se comprovou com o filme: "Quando li o roteiro, percebi que ele estava pronto. Praticamente já dirigido. Isso ajudou muito no trabalho. Além disso, o set de filmagem foi muito divertido e prazeroso – mesmo com as dificuldades normais de fazer cinema, como trabalhar rápido para que os custos não se tornem absurdos e fazer tudo funcionar dentro das nossas possibilidades. Mas foi uma diversão estar próxima desse elenco e concluir esse trabalho".
Além de Suzana Pires, o elenco conta com Gaby Amarantos, Marcelo Serrado, Izak Dahora, Henri Castelli e Ricardo Pereira, além de uma série de participações especiais de nomes como Ivete Sangalo, Angélica, Maria Clara Gueiros, Fabiana Karla, Heloísa Perissé, Samantha Schumütz e Otaviano Costa, entre outros.
Cláusula de inclusão
"De Perto Ela Não é Normal" é o primeiro filme brasileiro a contar com a cláusula de inclusão – ideia elaborada por Stacy Smith, diretora da Iniciativa de Inclusão Annenberg da Universidade do Sul da Califórnia, em 2014, e que consiste basicamente na inclusão de mulheres, negros, pessoas com deficiências e LGBTQs no elenco e equipe das produções audiovisuais. Em 2018, a cláusula foi aclamada pela atriz Frances McDormand durante seu discurso de agradecimento ao Oscar de Melhor Atriz por "Três Anúncios para um Crime".
Na prática, isso significa que Suzana Pires e Joana Henning, produtora da comédia, escolheram elenco e equipe levando em conta a inclusão e a representação da sociedade. Direção, roteiro, produção e elenco, por exemplo, são encabeçados por mulheres. "Nunca gostei de estar em uma sala de roteiro só com gente que pensa igual, então sempre que montei equipes busquei pessoas diferentes – de origens, idades… Para ter uma sala cheia de vida. Trabalhar com a cláusula de inclusão é basicamente quebrar elos que foram formados no meio há muito tempo e engatá-los em outro lugar. Trazer para o time outras pessoas. Quando sugeri isso para a equipe do filme, todos se animaram e logo toparam", explicou Pires.
Uma das principais decisões nesse sentido se refletem nos personagens: a mulher mais poderosa da trama é a advogada Maria Pia, interpretada por Gaby Amarantos, uma mulher negra do Norte do país, enquanto o homem mais rico e bem-sucedido é JP, papel de Izak Dahora, que também é negro. Já a trilha sonora, normalmente uma área dominada pelos homens, traz como música-tema "Sou+Eu", da própria Amarantos. "A questão é pensar 'quem está sempre ali?' e pensar numa troca. O objetivo é refletir no elenco e na equipe a diversidade da própria sociedade", concluiu a atriz e roteirista do longa.
Gaby Amarantos, que também participou da coletiva, declarou: "Sempre defendi esse olhar para o Brasil como um todo; para o Norte e a Amazônia como pólos culturais, e não só pela música, como já se revelaram. Minha primeira aspiração artística foi ser atriz, fiz parte de uma companhia de teatro em Belém. Por isso, esse papel foi um presente para mim, mas também para o povo brasileiro em geral. Quando a Suzana me contou da personagem – uma advogada negra num cargo de liderança – perguntei se essa mulher existia na vida real. Ela logo me disse que, se não existisse, passaria a existir. Isso me emocionou muito". A cantora e atriz continuou: "As produções audiovisuais precisam procurar atores e atrizes na minha região. E para as outras áreas também. Foi a primeira vez que vi um filme com mulheres em todos os setores, ocupando todos os espaços. É um filme leve e divertido, e que fala de temas importantes de forma sutil. A sororidade está ali, por exemplo. E eu acredito que essa seja a principal militância que possamos fazer: com humor, leveza e amor".