ABERT lança Memorial da Televisão Aberta Brasileira

Ao completar 58 anos, a ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) lança nesta sexta-feira, dia 27 de novembro, o Memorial da Televisão Aberta Brasileira, uma exposição virtual e interativa que reproduz as sete décadas de produção da TV no Brasil. São mais de mil itens, 700 fotos e 28 vídeos já disponíveis online, no site da exposição.

O Memorial da Televisão Aberta Brasileira tem a curadoria do pesquisador Elmo Francfort em conjunto com o Conselho Curatorial das TVs associadas; confecção artística da Caselúdico, empresa responsável por exposições com grande sucesso de público; e da After Hour Multimídia, que reuniu uma playlist resgatando registros importantes da memória televisiva nacional.

"Em comemoração aos 70 anos da TV aberta no Brasil deixaremos esse marco. O que queríamos mesmo era fazer uma exposição física, uma grande festa de lançamento, com a presença do público. Mas com a pandemia tivemos que optar por um memorial virtual e um lançamento também dessa forma. Mas o resultado ficou muito bacana. Para nós, é muito importante preservar a memória da TV aberta no Brasil, que é a única TV totalmente gratuita e acessível aos brasileiros. Como todo museu, o Memorial estará sempre aberto a receber novos conteúdos. Esse lançamento se dá na data de aniversário da Abert, mas somos nós que estamos dando um presente para o público que gosta e entende de televisão", declarou Flávio Lara Resende, presidente da ABERT, em coletiva de imprensa realizada na última quarta, 25.

"Pensamos em diversas alternativas e eu só ajudei a conduzir o processo – foram muitas pessoas envolvidas e um trabalho de pesquisa de muitos anos. Contamos com o apoio dos conselhos das emissoras, tanto das redes mais numerosas quanto das outras. Esse projeto é só um ponto de partida; a ideia é que ele cresça cada vez mais. Estamos abertos a parcerias e expansões, priorizando as redes e as pioneiras mas com a possibilidade disso se transformar em algo cada vez maior valorizando também o regional. Afinal, a história da TV é a história de todos nós", completou Elmo Francfort, curador do Memorial.


"Saguão" inicial da exposição

"Nossa inspiração e o ponto de partida da exposição foi a colorbar, que tem sete cores, exatamente o número de décadas da história da TV brasileira", contou Marcelo Jackow, da Caselúdico, empresa responsável pela confecção artística da exposição. Quem visita a exposição, de fato, se depara com um saguão preto com sete cores, cada uma representando uma década – como se você entrasse num monitor mesmo. Então, encontra pequenos televisores – cada um com o design de sua época – e inicia o passeio pela história, que se divide nos anos 50, 60, 70, 80, 90, 2000 e 2010. Ao clicar na década escolhida, o visitante encontra um texto de abertura, que narra um pouco sobre o espaço que está prestes a conhecer, e mergulha em um cenário 360º, que conta com uma trilha sonora especial, correspondente à época, além de fotos e vídeos das atrações do período – são quatro vídeos e dez galerias de fotos em cada sala, disponíveis para que o público explore e vá fazendo suas escolhas.

"Com o apoio de profissionais e das instituições, montamos um verdadeiro legado da história da televisão, que ficará disponível para sempre por meio desse museu virtual", diz Francfort. "A composição de cenários foi feita a partir de fotos, e alguns processos contaram com apoio de cenógrafos da época. O objetivo é que ficasse o mais fiel possível, com recriação de objetos em 3D, como câmeras e cenários. Para quem gosta de ver a técnica, também nos preocupamos que os equipamentos fossem exatamente como eram em cada ano. Até a botoneira da câmera é real, assim como os equipamentos de luz, câmera, as TVs e os telefones que aparecem e que vão mudando ao longo dos anos. É um olhar artístico e técnico em cada ambiente", acrescenta.

Quem começa a visita pelos anos 50 encontra, claro, um cenário preto e branco, com referências a programas humorísticos, infantis e teleteatros. Nos anos 60 (foto principal), há destaques para a inauguração de Brasília e a chegada do homem à lua, que marcam o começo e o fim da década – o registro do nascimento da Abert data dessa época também. Nos anos 70, o que mais chama a atenção é a chegada da cor – há a união de vários cenários, com personagens como Chacrinha e atrações como "Vila Sésamo", a conquista do Tri na Copa do Mundo e novelas como "Gabriela".


Área dos anos 80 da exposição

Já na área dos anos 80, o destaque é a nave da Xuxa, que ocupa o centro da exposição, rodeada por muitos programas infantis, além de uma homenagem a Ayrton Senna, com o carro de corrida do piloro, e uma parede dedicada às telenovelas. Os anos 90 trazem uma mudança significa para um design mais clean, inspirado na abertura da novela "Explode Coração" – a década marca as primeiras gravações de novelas no Projac e a difusão da internet no Brasil, e traz programas como "Sai de Baixo", "Castelo Rá Tim Bum" e "Chiquititas". Nos anos 2000, o grande marco é a chegada do reality show, tipo de conteúdo que veio para ficar na TV brasileira. Boa parte do cenário dessa área da exposição é inspirada no formato. Há ainda menções aos jornalísticos, esportivos, humorísticos, telenovelas e variedades, com brincadeiras e memes na exposição, brincando com algumas questões da história da TV.


Área dos anos 2010 da exposição

Por fim, nos anos 2010 a inspiração é uma festa – que era a ideia da equipe para o lançamento da exposição – e o mote é uma brincadeira para que o público encontre personagens nesse espaço que se assemelha a uma pista de dança. Ao fundo, está uma imitação da aurora boreal nas cores da color bar. "Essa proximidade das pessoas é algo que a TV sempre possibilitou. A essência da televisão é essa, todos unidos, misturados, tendo a TV como ponto de encontro. A aurora boreal está ali representando algo infinito", comenta Francfort. "O memorial é um projeto que vem sendo discutido desde o início do ano e que teve, como maior desafio, o aspecto tecnológico, de modelagem de todos os itens, além da costura história e lógica da exposição", conclui.

A exposição virtual é mais uma iniciativa do TV ANO 70, projeto do Memória ABERT que nasceu com o intuito de celebrar a data, que é tão simbólica para o meio. Outras ações, como a criação do site Memória ABERT, campanhas em TV aberta e internet, encontros online especiais do Papo Abert, livro sobre a TV Tupi, podcasts e postagens nas redes sociais completam as celebrações.

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