No início de março, o Porta dos Fundos anunciou que estava voltando a ser uma produtora independente e seguindo sob o comando de três dos cinco sócios-fundadores: Fábio Porchat, Gregório Duvivier e João Vicente de Castro. Formado em 2012, o grupo conquistou o posto de maior canal do YouTube do Brasil em um ano, atingiu 1 bilhão de visualizações e tornou-se referência em humor e uma das maiores produtoras do país. Antonio Tabet e Ian SBF deixaram a sociedade e se dedicarão a novos projetos.
A Paramount concordou em vender sua participação majoritária no Porta dos Fundos para Porchat, Duvivier e Castro. Agora, como uma produtora independente, a empresa explorará novas oportunidades no mercado audiovisual. "Muitas possibilidades se abrem ao voltarmos a ser uma produtora independente. Voltaremos a ter nossa pontuação na Ancine, o que permite captação de recursos. Podemos fazer parcerias internacionais. Mas o principal é que nunca tiramos de vista a busca por novos talentos, novos formatos e novos modelos de negócio", resumiu Rafael Fortes, CEO do Porta dos Fundos, em entrevista para TELA VIVA.
Fortes ressaltou que o Porta dos Fundos nunca deixou sua independência criativa de lado – mas é claro que, estrategicamente, agora eles podem estar presentes na captação, projetos e desenvolvimento de formatos com potencial de distribuição em diversos tipos de players. "E é incrível como Fabio, Greg e João seguem entusiasmados, criativos e com foco no futuro", afirma.
Mas mesmo ainda dentro da sociedade com a Paramount, o Porta já trazia de anos uma boa relação com canais e plataformas. Para o CEO, nessa nova fase, essas relações podem crescer e se fortalecer ainda mais: "O fato de voltarmos a ser uma produtora independente nos deixa aptos a captar recursos e distribuir nossos conteúdos de formas ainda mais diversas. E vários modelos de negócio são possíveis. No dia 18 de abril, por exemplo, estreia uma temporada de 'LOL' feita inteiramente em parceria com Prime Video".
Entretenimento e publicidade
Com a criação, desenvolvimento e produção de conteúdos audiovisuais de entretenimento e publicidade, o Porta já trabalhou com diferentes mídias e plataformas, como Globoplay, Netflix, Prime Video e Kwai, e marcas como Coca-Cola, Outback, Mercado Livre, Veja e L'Oreal. Em 2019, expandiu para o México e, em seguida, para a Polônia. No país latino-americano, o grupo segue fazendo sucesso com a criação de produções como a série "Harina", originada da esquete que foi uma adaptação da versão brasileira. No último ano, o Porta dos Fundos cresceu em 74% o volume de publicações em relação a 2023 e foi a segunda produtora que mais gravou no Rio de Janeiro, segundo a RioFilme.
Entre seus conteúdos de entretenimento, que estão no core do grupo e o tornaram conhecido do grande público, o Porta também tem trabalhado bastante com campanhas publicitárias e projetos para marcas. Fortes falou sobre a divisão do negócio: "A nossa empresa foi criada e possui em seu quadro societário pessoas criativas e que estão sempre trazendo projetos e ideias. Isso é o que nos motiva. Às vezes, esses projetos são voltados para marcas e essa disponibilidade também tornou o Porta o que ele é hoje. Muitas das nossas campanhas, mesmo as feitas há mais de dez anos, continuam sendo referência no branded content. É incrível ver como o mercado percebe a capacidade criativa do Porta: uma empresa aberta a novas ideias, briefings e que se desenvolve também para atender as demandas que surgem nas evoluções do mercado".
E, dentro dos projetos de entretenimento, o CEO reforça a diversidade de formatos, duração e janelas. O "Que História é Essa, Porchat?", por exemplo, segue para sua sétima temporada com episódios especais gravados fora do estúdio, em diversos estados do Brasil, com quantidade máxima de episódios e variação de duração entre eles. Além disso, alguns são gravados, outros são ao vivo. Já dentro do próprio canal do Porta ele destaca a inovação em formatos curtos – como o "Terapia de Casal", por exemplo – e também longos, como o "VRAU Cast".
Novos projetos e canal Fast
Para 2025, o Porta dos Fundos já conta com algumas novidades: o programa "Não Importa", que traz João Vicente de Castro e Gregório Duvivier como âncoras; o "Acorda Gregório", noticiário comandado por Gregorio Duvivier; a segunda temporada do "Terapia de Casal", comandado por Fábio Porchat e Luciana Paes; a nova temporada de "Que História é Essa, Porchat?", em parceria com o canal GNT; projetos com emissoras de TV aberta, projetos de longo formato, lançamento do seu FAST Channel e a produção em larga escala de branded content.
Sobre os produtos de longo formato mencionados, Fortes adiantou que eles estão com dois projetos de longa avançados e no mercado. "É curioso o caminho que nossos projetos tomam. Alguns nascem do zero, outros são continuações de uma ideia que surge num esquete ou num conteúdo mais curto. Tudo é possível – e é justamente nisso que está nossa riqueza", reflete.
Nesse sentido, ele cita ainda a nova empreitada com os canais Fast: "A capacidade de criação de novos projetos do Porta é impressionante, e nosso FAST Channel será mais uma plataforma de consumo para esse conteúdo". Uma das vantagens do Porta para adentrar esse mercado é o gigantesco inventário. "É um material que segue relevante e levantando interesse do público. É muito comum, por exemplo, vermos um esquete antigo nosso viralizar em um público novo. Isso mostra como nosso conteúdo segue atual e relevante", aponta.
A ideia para o FAST é mesclar esse acervo com conteúdos novos, como o "Não Importa", programa protagonizado por João Vicente e Gregório e que vem sendo responsável pelas maiores audiências do canal nos últimos meses; a série "Pensamentos Intrusivos", protagonizada por João Vicente e dirigida por Joana Jabace; "Terapia de Casal", protagonizada por Fabio Porchat e Luciana Paes; uma nova série que o Porta está desenvolvendo com Rafael Saraiva e um projeto feminino liderado por Barbara Duvivier, diretora criativa. "Ainda teremos alguns conteúdos de terceiros, porém sempre com a curadoria e olhar atento do Porta dos Fundos", acrescenta.
Por fim, o CEO enfatiza a animação e o entusiasmo do grupo com o atual momento. "Mais do que dobramos nosso faturamento com branded content nos últimos meses. Tivemos nosso recorde de audiência histórico em fevereiro. Estamos com projetos para teatro, cinema, TV aberta e streaming. Isso sem falar em todos os projetos de sucesso que estamos tocando no nosso canal proprietário. E o retorno ao status de produtora independente ainda nos traz a possibilidade de parcerias internacionais e em formatos que ficamos distantes nos últimos anos. O que nos move é justamente essa visão do novo, de apontar para o futuro na descoberta de novos formatos, talentos e modelos de negócios", finaliza.
