Alex Braga quer o Brasil seguindo trajetória sul-coreana de desenvolvimento da indústria criativa

Alex Braga (à direita), diretor-presidente da Ancine

O diretor-presidente da Ancine, Alex Braga, participou nesta segunda-feira, dia 28 de outubro, do primeiro dia do Seminário Economia Audiovisual e Interseccionalidades, na mesa "Diálogos entre as indústrias audiovisuais da Coreia do Sul e do Brasil". O debate parte do fato de que o modelo de desenvolvimento da indústria criativa da Coreia do Sul tem despontado como referência global ao aliar o desenvolvimento econômico da nação ao fortalecimento dos setores criativos – especialmente o audiovisual. Não é de hoje que Braga deixa claro o interesse da Agência em usar o case sul-coreano como espelho para a criação de estratégias para o desenvolvimento da atividade audiovisual no Brasil. 

Em sua fala, o diretor pontuou que, no paradigma industrial atual, considerar o setor audiovisual como estratégico para a economia brasileira é essencial, pensando em especial em suas possibilidades de geração de emprego, renda e inclusão. "As projeções de crescimento da atividade são de 30%. Com a transformação tecnológica, aumenta o desejo de consumo de conteúdo audiovisual na sociedade brasileira e no mundo. Com as novas tecnologias, também surgem novas janelas de transmissão desses conteúdos. E, com a conectividade, o volume de consumidores aumenta. É uma indústria que só cresce", analisou. 

Braga relembrou o histórico da Coreia do Sul nesse sentido de fortalecer cada vez mais sua indústria. "Quando o país percebeu o audiovisual e a economia criativa como motores de crescimento, começou a estruturar toda essa governança de políticas de fomento e regulação, com foco específico na articulação e coordenação entre os agentes. Ela se preocupa em financiar a produção, mas garantindo que ela esteja articulada com canais de transmissão. Fomenta ainda a infraestrutura e qualifica mão de obra, tudo isso dentro de um ambiente regulatório que garanta competitividade. E, por fim, pensa também na internacionalização desse conteúdo", pontuou. O diretor trouxe o dado de que o produto coreano, quando o país deu início a esse processo, tinha 2% de participação no mercado. Hoje, com essa política articulada, a Coreia do Sul ocupa quase 50% do mercado. "É um modelo que supera até outros mais tradicionais, como a França", citou o presidente, enfatizando que todo esse trabalho partiu da compreensão do setor como indústria. 

"É vantajoso, e seria estratégico e virtuoso adotar esse entendimento de que o audiovisual é uma indústria para dar conta das diversas visões de Brasil que temos hoje, especialmente nesse ambiente tão polarizado da sociedade", declarou Braga. Para ele, a ideia é que, ao levar para o Congresso o desejo de regular o streaming, por exemplo, o discurso passe por aí, mostrando que o interesse em comum entre todos os envolvidos é gerar emprego, renda e bem estar para a sociedade brasileira. "Precisamos falar em evidências técnicas e econômicas, claro, mas também de uma perspectiva pessoal, mostrando que o que nos une é a mesma motivação. Acho que chegaremos a um consenso possível para avançar na regulação do streaming a partir do argumento do fortalecimento do audiovisual para que ele contribua em vários aspectos para a sociedade". 

Por fim, o diretor acredita que as indústrias do Brasil e da Coreia do Sul tenham diversas características em comum e que, por isso, é possível que o país siga o modelo coreano. "A estrutura de funcionamento do audiovisual do Brasil é muito parecida. Temos nossa agenda do audiovisual, o banco de financiamento, ações e iniciativas a favor da infraestrutura e da produção, sem deixar de considerar a formação e a profissionalização das pessoas e a internacionalização desse conteúdo. Além disso, temos políticas regulatórias como a Coreia, como as cotas de tela no cinema e na TV paga. Se seguirmos o mesmo caminho, também podemos chegar a esse grau avançado de desenvolvimento". 

 

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