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Coreia do Sul vê indústria de conteúdo como principal fator que influencia positivamente a imagem do país

Cheul Hong Kim (à esquerda), Diretor do Centro Cultural da Coreia do Sul em São Paulo

O Seminário Economia Audiovisual e Interseccionalidades, que teve início nesta segunda-feira, dia 28 de outubro, em São Paulo, trouxe na programação a mesa “Diálogos entre as indústrias audiovisuais da Coreia do Sul e do Brasil”, que contou com a presença do diretor do Centro Cultural da Coreia do Sul em São Paulo, Cheul Hong Kim, para falar sobre o modelo de desenvolvimento da indústria criativa no país, que despontou como referência internacional, e ainda celebrar o momento de estreitamento das relações entre o Brasil e a Coreia. No dia 8 de novembro de 2024, em Salvador – BA, será assinado um acordo de cooperação entre os Ministérios da Cultura dos dois países, que abrange áreas como políticas culturais, direitos autorais, música, artes cênicas e, claro, audiovisual – o memorando terá um capítulo especial dedicado ao setor. 

O Centro Cultural da Coreia do Sul em São Paulo é um órgão filiado ao Ministério da Cultura, Esportes e Turismo da Coreia. Fundado em 2013, ele promove o intercâmbio cultural entre Brasil e Coreia, realizando atividades como a mostra de cinema coreana, que acontece anualmente. 

No evento, Hong Kim apresentou o chamado “Plano Básico de Promoção da Indústria de Conteúdos”, renovado na Coreia do Sul em junho de 2024, no modelo trienal (2024-2026). Preparado em conjunto por vários ministérios, como Cultura, Indústria e Ciência, entre outros, ele foi aprovado pelo Comitê de Promoção da Indústria de Conteúdo, presidido pelo Primeiro Ministro. O termo “conteúdo”, para eles, inclui áreas como jogos, webtoons, filmes, músicas e transmissões. O diretor contou um pouco do porquê a Coreia do Sul tem valorizado tanto essa indústria. Para eles, ficou evidente que trata-se de um novo motor de crescimento da economia, líder na expansão do poder brando. Em 2022, o valor das exportações de conteúdo foi de US$ 13,2 bilhões – superior ao de grandes setores de manufatura como baterias de segunda geração (US$ 10 bilhões) e veículos elétricos (US$ 9,8 bilhões). E espera-se que ela cresça 6% nos próximos cinco anos. “Vemos um impacto positivo ainda nas exportações de campos relacionados, como turismo, entretenimento, artes e manufatura, como eletrônicos, e a indústria de conteúdo como o principal fator que influencia positivamente a imagem da Coreia, com 65,9%”, destacou, afirmando ainda que ela pode impactar não só nas áreas econômica e cultural, mas também as esferas política e diplomática. 

Os resultados que a Coreia do Sul enxerga a partir dessa promoção da indústria de conteúdos são bastante positivos. Em 2022, a receita desse mercado atingiu o valor recorde de US$ 112 bilhões – o que representa um crescimento de 1,8 vezes desde 2011. Em especial, as exportações alcançaram US$ 13,2 bilhões naquele ano – mais de três vezes o valor de 2011. Entre os destaques, estão alguns cases, como a série “Round 6” (Netflix), primeira obra não-anglófona a vencer seis prêmios Emmy; “Parasita”, o primeiro filme coreano a ganhar quatro estatuetas no Oscar; e “Battle Ground”, segundo lugar em receita de jogos móveis no mundo. 

As estratégias de implementação do plano também foram reveladas. Entre elas, está a visão do chamado “k-conteúdo”, que é o conteúdo sul-coreano, como uma indústria estratégica – a partir daí, está a criação de um complexo cultural e industrial e o financiamento público no valor de USD$ 4 bilhões – cerca de R$ 20 bilhões. A segunda estratégia diz respeito à criação de empregos nas empresas de conteúdo – aqui, inclui o apoio a novas tecnologias e propriedades intelectuais e o desenvolvimento de empresas locais de pequeno e médio porte. “A aquisição de IPs é um fator determinante para a competitividade da indústria audiovisual”, pontuou. A estratégia de número três traz a visão da cultura como mainstream global, e inclui ações como a realização de um festival de k-conteúdo que atraia o público mundial, a exportação conjunta com indústrias relacionadas ao conteúdo e a proteção de direitos autorais. Esse apoio é focado nos principais gêneros: audiovisual, jogos, webtoons, filmes, música e televisão. 

Promoção do mercado cinematográfico

O mercado cinematográfico da Coreia do Sul em 2023 gerou uma renda de US$ 1240 milhões – sendo US$ 569 milhões (46%) oriundos do consumo de cinema coreano. O público total nos cinemas foi de 125 milhões (2.44 filmes por pessoa por ano), sendo o 8º no mundo. Lá, são 573 salas de cinema, sendo 69 dedicadas a filmes de arte independente. Foram lançados 1410 filmes, dos quais 297 são de arte independente. As exportações de filmes coreanos geraram US$ 79 milhões e, ao longo do ano, foram realizados 134 festivais em todo o país. 

A Coreia do Sul tem algumas instituições voltadas à promoção cinematográfica. Entre elas, está a (KAFA) Korean Academy of Film Arts. Desde 1984, ela incubou mais de 700 cineastas, incluindo os melhores da Coreia. A escola oferece cursos de um ano, de áreas como direção, produção e animação. Além disso, a KAFA submete os filmes produzidos durante os cursos aos festivais para apresentar ao público e às agências de distribuição. 

Outra ação importante que o país promove é o “Dia de Cultura”, que acontece na última quarta-feira de cada mês. Neste dia, são oferecidas entradas gratuitas ou com desconto nas principais instalações culturais – em particular, a iniciativa está ajudando a revitalizar o mercado cinematográfico nacional. 

Por fim, está a KOCCA (Korea Creative Content Agency). É a instituição responsável pela promoção da indústria de conteúdos da Coreia do Sul, que realiza apoio e pesquisas relacionadas ao planejamento, criação, distribuição, expansão internacional, desenvolvimento de empresas e formação de talentos em áreas como televisão, jogos, música, moda, animação, quadrinhos e conteúdo de tecnologia emergente. A operação tem filiais em vários países (são 25 centros em 2024). O processo de estabelecimento de uma filial no Brasil já está em andamento e deve ser concluído ainda neste ano. 

 

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