Limite de tráfego também deve ser adotado na banda larga fixa, prevê Anatel

Depois de implementarem o fim da navegação com velocidade reduzida na telefonia móvel após o consumo da franquia, o próximo passo das operadoras é acabar com o modelo de tráfego ilimitado na banda larga fixa. Essa é a previsão do superintendente de Competição da Anatel, Carlos Baigorri, que participou nesta sexta, 28, de debate sobre o tema no conselho consultivo da Anatel.

Para ele, é natural que as empresas adotem limites de tráfego também na banda larga fixa, de modo a garantir a sustentabilidade do negócio que hoje sofre principalmente pelo aumento do consumo de vídeo. Baigorri mencionou o efeito "boca de jacaré" frequentemente apontado pelas operadoras: o tráfego de dados cresce exponencialmente, enquanto que a receita tem um crescimento muito menor, resultando em duas linhas que se afastam gradativamente.

"Isso bota pressão e as empresas obrigatoriamente têm que mudar o seu modelo de negócio", afirma ele. Baigorri lembrou que no início da operação de 3G o modelo adotado foi o de consumo ilimitado, rapidamente substituído pelas franquias de dados. Inclusive, diz ele, a sua prestadora de banda larga fixa residencial já adota um limite de tráfego.

O debate no conselho consultivo foi sobre as notícias de que as operadoras móveis irão acabar com os planos em que o usuário tem velocidade reduzida após o consumo da franquia. Por causa do efeito "boca de jacaré", sustenta ele, a mudança do modelo de negócio já era esperada, o que foi acelerado pela redução gradual da VU-M, que vai chegar ao custo em 2019. "A partir do momento que a VU-M cai, as empresas vão buscar aumentar sua receita em outras áreas de negócio. Isso ia acontecer de qualquer jeito, a redução da VU-M só acelerou", observa ele.

Para ele, entretanto, a forma como o assunto foi abordado pela imprensa deu a entender que a mudança acontecerá "de hoje para amanhã". Na verdade, das quatro grandes apenas uma (que ele não citou, mas é a Vivo) está implementando, mas não em todo o País. No caso, o novo modelo foi implementado em Minas e Rio Grande do Sul desde o dia 6 de novembro. Já a Oi pretende adotar em todo o Brasil a partir de 1º de dezembro. As duas empresas, entretanto, só mudaram a forma de cobrança para os clientes pré-pagos. Uma operadora, que ele não mencionou qual, disse que não pretende mudar o modelo porque ele gera custo na rede de sinalização que não seria compensado pelo aumento da receita esperado.

De toda a forma, Baigorri procurou explicar que o fim modelo de tráfego ilimitado não é necessariamente ruim para o usuário. Isso porque no modelo de tráfego ilimitado, o preço estabelecido pela operadora é influenciado por aqueles usuários que consomem muito. Por isso, quem consome pouco acaba sendo prejudicado porque paga mais caro para "compensar" os heavy users.

Com o fim do tráfego ilimitado, surgem os diversos planos de franquia e assim o usuário escolhe aquele mais adequado ao seu perfil de consumo, o que é mais vantajoso para aquele que usa pouco que poderá pagar mais barato em relação ao plano ilimitado.

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