Com "Loop", de Bruno Bini, Mato Grosso estreia no Festival de Brasília

O estado do Mato Grosso, até então, não tinha nenhuma produção exibida na história do Festival de Brasília. Esse cenário mudou na noite da última quarta, 27, com a estreia de "Loop", do estreante Bruno Bini, que também assina o roteiro e a produção executiva do longa-metragem. O filme concorre na Mostra Competitiva do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e estreia no circuito nacional em 2020, ainda sem mês definido.

Na trama, após a morte de sua namorada, Daniel (Bruno Gagliasso) se torna obcecado com a ideia de voltar no tempo para evitar a tragédia. Ele se deixa consumir pela sua própria obsessão e mergulha em seu isolamento até que um dia a solução aparece. Assim, Daniel abre mão de seu futuro e retorna ao passado. Agora, ele precisa achar um jeito de salvar Maria Luiza (Bia Arantes), mas descobre que isso pode ser mais complicado do que esperava.

"Comecei a trabalhar nessa história em 2009 – esse tema de viagens no tempo sempre me interessou muito. Inicialmente, o projeto era apenas um curta, um roteiro de 14 páginas. Mas por falta de recursos não consegui filmar. Aos poucos, os arranjos de distribuição da Ancine começaram a surgir e decidi escrever uma versão em longa-metragem para inscrever a obra em editais", contou o diretor em debate realizado nesta quinta, 28. Bini fez questão de reforçar a importância dos editais regionais e defendeu a manutenção da Agência Nacional do Cinema e dos fundos para o audiovisual.

Mais tarde, nomes de peso entraram no projeto: a Globo Filmes assina a produção, o Canal Brasil é patrocinador e Fernando Meirelles assumiu como produtor executivo. "A própria Globo Filmes indicou que o Meirelles fizesse a supervisão artística, e ele deu uma contribuição generosa, cuidadosa e cautelosa, respeitando meu espaço e assumindo que a palavra final seria minha", disse Bini. A ficha técnica do filme conta com Plano B Filmes na produção; Globo Filmes, Valkyria Filmes e Druzina Content na coprodução e Elo Company na distribuição.

As gravações do filme foram feitas em Cuiabá, Mato Grosso, entre 2018 e 2019 – sua finalização se deu poucos meses atrás. Por ser uma narrativa não-linear e repleta de cenas de flashbacks, o diretor afirma que o processo foi bem trabalhoso, com diversas versões de roteiro envolvidas. "O meu maior prazer estava na hora de criar as conexões, quicando uma bola em determinado ponto da história pra ela cair e fazer sentido lá na frente", comenta.

Por conta do personagem ser físico e falar em uma série de fórmulas, Bini consultou doutores em Física da Universidade Federal do Mato Grosso para garantir que a teoria de viagem no tempo apresentada na trama tivesse uma base teórica factível ao mesmo tempo que funcionasse como narrativa. A Filosofia foi outra questão presente: "A premissa do filme está ligada com a teoria do eterno retorno de Nietzsche", explica. Tal teoria afirma que vivemos em uma constante repetição, onde tudo se extingue para depois ser criado novamente.

Mais tarde, o diretor revelou com exclusividade para TELA VIVA que está trabalhando em um novo projeto de longa-metragem chamado "Cinco tipos de medo", que falará sobre violência urbana, "um tema urgente e essencial", nas palavras de Bini.

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