Realizadora do Cabíria Festival estreia curta em Brasília

No dia seguinte ao término do Cabíria Festival – Mulheres & Audiovisual no Rio de Janeiro, Marília Nogueira – curadora e realizadora do evento e também idealizadora do Cabíria Prêmio de Roteiro, esteve no 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro para a estreia do curta "Angela", que ela dirige ao lado da assistente de direção e diretora de produção Clara da Matta. A sessão foi realizada na noite da última quarta, 27, no Cine Brasília.

Na trama do filme, Angela (Teuda Bara) vive sozinha e coleciona diagnósticos de doenças que nunca teve com o objetivo de chamar a atenção do filho – que nunca apareceu. Sua rotina consiste em idas constantes a diferentes médicos e o cultivo de ervas para chás no quintal de sua casa, até que o surgimento de uma nova amizade traz para ela o vislumbre de uma nova existência. Logo, Angela se torna uma senhora ativa, rodeada de amigas e feliz. O curta foi filmado durante quatro dias na cidade de Azurita, no interior de Minas Gerais.

"Na história original, criada em 2014, a Angela chegava ao ponto de provocar uma doença de propósito e morria delirando. Mas três anos depois, quando já estávamos com os recursos para produzir o filme, aquela história já não fazia mais sentido. Eu estava sentindo uma necessidade muito grande de falar sobre união de mulheres, possibilidades de mudança e potência", explicou a diretora em debate nesta quinta, 28. "Queria que as pessoas sentissem que, através do acolhimento, principalmente de mulheres, a gente pode mudar e modificar nosso entorno", completou.

O curta faz parte de uma trilogia de histórias do interior de Nogueira, composta ainda pelos títulos "12 Anos" e "Antes que o verão acabe". "Angela" foi desenvolvido a partir de recursos do edital Filme Minas, que foi descontinuado.

A história do Cabíria

"O Cabíria começou em 2015, após eu ter ido atrás das pesquisas do Geena Davis Institute que mapeavam a presença feminina nos cinemas. Acho importante ter dados para cobrarmos políticas públicas – e eles são bem assustadores. Descobri, na época, que só 23% dos filmes de maior bilheteria dos cinemas do mundo, ou seja, aqueles que formam o olhar das pessoas, são protagonizados por mulheres", contou a idealizadora. "Então eu me dei conta de que na minha própria filmografia eu costumava escrever do ponto de vista masculino e tinha protagonistas homens. Isso ocupa um lugar do nosso inconsciente, como se para ser universal precisasse ser uma história sobre homens. Conversei com outras realizadoras e percebi que isso não acontecia só comigo", relembrou.

Nogueira criou então o Cabíria Prêmio de Roteiro, que desde 2015 incentiva a valorização de roteiristas mulheres e protagonistas inspiradoras sob o lema "Por mais mulheres nas telas e atrás das câmeras". Neste ano, o Cabíria evoluiu e se tornou um festival, o Cabíria Festival – Mulheres & Audiovisual, com uma programação que reúne, além de sessões de curtas e longas, painéis, oficinas, estudos de caso, palestras e masterclasses – todas atividades com entrada gratuita e focadas em questões relacionadas a gênero e diversidade.

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