Juliana Funaro acredita que, sem cash rebate, Brasil perderá interesse de parceiros internacionais

Juliana Funaro (Foto: Divulgação Rio2C)

Juliana Funaro, sócia e diretora executiva da Barry Company, moderou na manhã desta sexta-feira, 30 de maio, um painel sobre o mecanismo de cash rebate no palco do Rio2C. O programa consiste basicamente em incentivar filmagens nacionais e internacionais em determinada cidade, estado ou país reembolsando parte do valor gasto por produções que escolham o destino como locação. Funaro é uma grande defensora de que o Brasil tenha esse programa implementado a nível nacional. "Como produtora, tenho convicção de que se isso não acontecer em curtíssimo prazo, o país será muito prejudicado. Perderemos o interesse de parceiros internacionais, como coprodutores e investidores, e vamos assistir a uma diminuição gradativa das produções em território nacional, o que seria desastroso para a nossa indústria", declarou.

Um dos principais pilares da Barry é a internacionalização de seus produtos. A empresa vem estabelecendo parcerias com agentes internacionais – mais de 70% de seus projetos foram coproduzidos com parceiros estrangeiros. "Somos grandes defensores da implementação de um programa de cash rebate no Brasil porque nós mesmos utilizamos muito esse recurso com nossos parceiros estrangeiros", disse a executiva, mencionando ainda que, nos mercados internacionais, o que as delegações dos países mais buscam promover são justamente seus instrumentos de atração de filmagens. 

Para reforçar sua ideia, Funaro apresentou um panorama dos mecanismos de cash rebate criados em diferentes países – todos eles, desde a sua criação, ou mantiveram seus percentuais ou aumentaram. Nenhum diminuiu – o que prova que a medida, de fato, funciona. Na Europa, a Áustria criou o mecanismo em 2007 com 10% de retorno e, hoje, oferece 25%. Na Bélgica, ele nasceu no mesmo ano com 15% e, agora, dobrou. O grande destaque é o Reino Unido, que implementou o programa também em 2007 com 20% de cash rebate e, atualmente, retorna até 53%. Indo para o continente asiático, o Japão tem um modelo mais recente, de 2023, mas que de lá pra cá já avançou de 30% para 50%. Os vizinhos latino-americanos também se destacam: na Argentina, o programa criado em 2017 já evoluiu de 20% para 30%. Chile e Colômbia oferecem 40% cada e, o Uruguai, de 20 a 25%. Nos Estados Unidos, os programas são estaduais, mas todos têm valores expressivos: como 35% em Washington, 30% no Oklahoma e 25% em estados como Oregon, Mississipi e Utah, entre outros. O cenário geral é ascendente. 

"Uma vez que o Brasil possui arcabouço jurídico que comporta um programa de cash rebate nacional e sendo o Brasil a potência produtiva e consumidora que é, por que ainda não temos um programa nacional de cash rebate?", questionou a produtora, reforçando a urgência da questão para que o país não fique para trás no mapa global de atração de filmagens – mesmo com seus seis biomas, paisagens diversas, climas distintos e potencial técnico e criativo. 

 

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