Consumidor quer modelos OTT e à la carte, diz provedora Brisanet

Pequenas e médias operadoras são as responsáveis por levar fibra a municípios cada vez menores: as 5260 cidades do país com menos de 100 mil habitantes, além de distritos e zonas rurais. "São provedores emergentes que estão construindo essa infraestrutura. O desafio é grande, mas está se resolvendo de forma acelerada. O Ceará, por exemplo, já tem mais de 80% da região com fibra, e os estados vizinhos seguem de forma similar", disse o empreendedor José Roberto Nogueira, fundador da BrisaNet, no Pay-TV Forum 2019 nesta terça, 30. E completa: "Cerca de 10 mil pequenos provedores serão responsáveis por essa construção de infraestrutura nos próximos quatro anos. São regiões fortes consumidoras de OTT e o mercado não olha para elas". Por isso, a ideia desses pequenos e médios provedores é valorizar essa rede não só para entregar internet, e sim possibilitar o uso cada vez maior do streaming via grandes OTTs.

A fala de Nogueira é reforçada por um dado relevante: no Brasil, 22 milhões de pessoas não têm TV por assinatura, mas consomem serviços de OTT. Enquanto isso, 38% dos internautas brasileiros com smartphone assinam algum serviço de streaming de filmes ou séries. "O usuário da BrisaNet é um dos maiores consumidores de banda larga. Ele vive em áreas que não oferecem nenhum tipo de lazer, não têm shopping, cinema ou livraria. E, além disso, é um consumidor que tem baixo poder aquisitivo, ou seja, também não sai de férias para se divertir. Por isso, o uso da banda larga, especialmente com as plataformas de OTT, é seu principal meio de entretenimento", analisa.

Essa flexibilidade do streaming, que pode ser acessado por meio da banda larga fixa ou móvel, faz com que o modelo de TV por assinatura tenha que ser repensado. Nogueira conta que a maior parte dos clientes da BrisaNet nem compreende o conceito desse modelo. "O usuário que já está acostumado com o streaming não entende porque ele pagaria por um monte de canais que não quer assistir. Concluímos então que os brasileiros até estão dispostos a pagar por TV, desde que os sinais sejam à la carte e com VoD", acredita o empresário, que reforça ainda que para ter expansão é necessária a abertura da regra do empacotamento: "Sem prateleira de canais, não decola".

Ele aponta ainda uma tendência observada nas regiões em que atua: o compartilhamento de acesso com familiares e amigos, que fazem essa divisão via um mesmo roteador. "É uma oportunidade. Se a economia melhorar, esse usuário que hoje divide a internet deve assinar seu próprio serviço. Mas o que importa é que, hoje, eles já estão fazendo uso, conhecendo as opções", diz. Como vantagens do streaming, especialmente com essa parcela da população, podemos citar facilidade do acesso, liberdade de escolha, flexibilidade para assistir conteúdos em qualquer momento e lugar, e o compartilhamento apontado por Nogueira.

Expansão

A BrisaNet é uma empresa que está transformando significativamente o mercado no qual atua. Ela trabalha a fim de garantir navegação de qualidade no interior nordestino, por meio do serviço via fibra óptica, oferecendo internet, TV Full HD e telefone. A empresa começou seu trabalho há 21 anos, em 1998, e, em 2010, estava presente em 150 cidades com atendimento nas áreas urbanas e rurais com tecnologia via rádio. Foi a primeira empresa a construir uma rede de fibra a estar totalmente presente em cidades pequenas, de menos de 30 mil habitantes, no interior do Nordeste. Hoje, ela conta com três mil funcionários – número que deve subir para quatro mil até o final do ano – e 300 mil assinantes de banda larga, com 85 cidades ativas no Nordeste e 28 mil quilômetros de cabos ópticos urbanos.

Segundo Nogueira a infraestrutura de telecom no Brasil conta com 7,5 mil provedores abaixo de mil acessos, 2,5 mil provedores de mil a 5 mil acessos, 375 provedores de 5 mil a 30 mil acessos e 100 provedores acima de 30 mil acessos – trata-se de um levantamento feito no Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba e replicado no país. Nesse cenário, é importante pontuar que, no Brasil, existem 310 cidades com mais de 100 mil habitantes, que representam 5,6% das cidades brasileiras e respondem por aproximadamente 90% da receita de telecom, e 5,26 mil cidades com menos de 100 mil habitantes, que representam 94,4% das cidades brasileiras e respondem por aproximadamente 10% da receita de telecom.

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