Se leilão de 700 MHz vier como fato consumado, setor vai reagir, avisa Abert

Um assunto abordado de forma recorrente nas discussões do 56° Painel Telebrasil foi a desocupação da faixa de 700 MHz pelas radiodifusoras. O assunto tem tomado conta da agenda de ambos os setores porque as operadoras de telefonia móvel querem usar esta faixa de espectro para fazer banda larga móvel em 4G. Por outro lado, as emissoras de televisão aberta acham improvável a desocupação deste espectro antes de 2015, conforme acenou o ministro das Comunicações Paulo Bernardo para o cronograma de desligamento do sinal analógico no País. "O governo chamou o setor de radiodifusão para abrir o diálogo sobre a faixa de 700 MHz e estamos dispostos ao dialogo, com o governo e com as empresas de telecom”, afirmou o presidente da Abert, Daniel Slaviero.

Segundo ele, a associação dos radiodifusores ainda está terminando os estudos para alinhar o um posicionamento sobre o assunto, mas Slaviero avisa: "nossa sugestão é que o setor de telecom não se afobe. A discussão virá e é importante para nós, mas se vier como fato consumado, com data de leilão determinada, o setor [de radiodifusão] vai reagir", adverte.

Para ele, o assunto precisa “ser tratado como um processo, observando a premissa de não deixar a população sem acesso à TV aberta. Aí sim, tem diálogo", enfatiza. "E não achem que esse leilão não vai ter um custo bastante representativo e bastantes regras. Onde há maior interesse econômico para todos é onde o espectro está congestionado: vai faltar canal e deixar boa parte da população sem acesso. Antecipar o switchoff faz sentido, já que a própria migração foi escalonada, desde que tenha uma política de massificação de set-tops com conversores digitais, uma política industrial e algum tipo de apoio para digitalização das cerca de 11 mil retransmissoras, 40% delas detidas por prefeituras. O problema é complexo e só tem saída complexa", completa o presidente da Abert.

Antônio Carlos Valente, presidente da Vivo/Telefônica e da Telebrasil, acredita que a discussão do 700 MHz pode ser o grande projeto que unirá os dois setores: radiodifusão e telecomunicações. "O projeto de digitalização das transmissões de TV começou em 2007 em São Paulo e está com velocidade aquém do ideal e a gente precisa acelerar esse processo, garantindo que a transmissão digital ocorra na maioria das cidades; desfrutando de todos os atributos como interatividade e TV móvel; e que a maior parte da população tenha receptores apropriados. O ministro Paulo Bernardo se colocou à disposição para ser a mesa de discussão e esse pode ser o grande projeto para unir os setores em beneficio da população em geral. Quanto mais rapidamente isso acontecer, sem queimar etapas que não possam ser queimadas, será melhor", pontua Valente.

Tráfego móvel

Juarez Queiroz, presidente da Globo.com também vê grande oportunidade na discussão do dividendo digital: "a decisão de como o 700 MHz será usado, ponderando os interesses de todos os setores e empresas envolvidas. Não estávamos habituados a pensar além do nosso setor no passado, mas já temos maturidade para discutir entre os diversos setores e empresas". Ele lembra que os provedores de conteúdos percebem cotidianamente o aumento do tráfego gerado a partir de dispositivos móveis. "Eu acompanho isso diariamente e é impressionante como tem crescido o tráfego a partir dessas plataformas", completou.

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