A Hughes tem experimentado um aumento anual de 20% a 30% em receita no mercado brasileiro nos últimos quatro anos. E esse bom desempenho, de acordo com o diretor de marketing da empresa, Rafael Guimarães, justifica em parte o ágio de 3.500% que a provedora de serviços via satélite pagou sobre o preço mínimo da posição orbital 45°W na licitação realizada pela Anatel no fim de agosto, totalizando um montante de cerca de US$ 90 milhões.
De acordo com Guimarães, a Hughes tem planos ambiciosos para o mercado brasileiro, mas o foco deve ser mantido no mercado corporativo. “Hoje temos cerca de 14 mil antenas instaladas, distribuídas entre aproximadamente 50 clientes. Não está nos nossos planos o segmento residencial nesse momento”, detalha o executivo.
O lançamento de um satélite próprio significa uma mudança na estratégia da Hughes, que até então atuava no Brasil com comercialização de terminais de V-Sat e uso de satélites de terceiros. Sem dar muitos detalhes, Guimarães confirma que há grande possibilidade de que o satélite a ser lançado na posição orbital 45°W seja de banda Ka de alta performance (HTS – High Throughput Satellite). “A banda Ka traz uma revolução para o mercado de satélites. Se um satélite em banda Ku com capacidade de 1 Gbps demanda cerca de US$ 400 milhões entre a construção e o lançamento, em um satélite de banda Ka HTS conseguimos colocar até 120 Gbps de capacidade pelo mesmo valor. Lançaremos em 2012 o satélite HTS Jupter, que cobrirá os EUA e o Canadá; e estamos estudando lançar também para outras regiões”, conta.
Mobilidade
A grande aposta da Hughes para os próximos anos é a oferta de soluções de conectividade móvel via satélite. São duas frente: terrestre, onde atua revendendo os serviços BGAN, da Inmarsat; e matítima, com solução V-SAT própria que se reposiciona automaticamente em direção aos satélites usados pela Hughes.
“Com o Pré-sal, temos uma janela de oportunidade e nosso negócio pode crescer até cinco vezes nos próximos cinco a seis anos. Já oferecemos esse tipo de serviço no Golfo do México e na Europa”, conta. Segundo Guimarães, seis navios de três empresas estão em testes para validação técnica da solução V-SAT marítima desde junho deste ano e a expectativa é de que até o início de 2012 os contratos sejam fechados e tenha início a operação comercial do serviço. As velocidades são de 2 Mbps para download e 500 Kbps para upload, com custo que varia de US$ 1 mil a US$ 3 mil ao mês.
Já para a solução BGAN veicular, a estratégia é a revenda de air time da Inmarsat. A Hughes conseguiu autorização da Anatel para revender o serviço este ano e a ideia é vender a solução para utilities em suas forças de campo. “Passamos este ano nos preparando para vender isso, estressando a tecnologia nos equipamentos que a gente mesmo fabrica, e teremos os primeiros grandes contratos já em 2012”, revela.
Evento
As estratégias da Hughes e de outras provedoras de serviços via satélite serão discutidas e analisadas no Congresso Latino-americano de Satélites 2011, evento organizado pela Converge Comunicações e pelas revistas TELETIME e TELA VIVA nos dias 6 e 7 de outubro, no Rio de Janeiro. Têm presença confirmada no evento os principais executivos da Hughes no Brasil (Délio Morais), da StarOne (Lincoln Oliveira), da Intelsat (Estevão Ghizoni), da SES (Scott Sprague), da Hispamar (embaixador Sebastião do Rego Barros), da O3b (Erwin Mercado) e da Telesat (Edson Meira). O encontro também terá debates com autoridades (representantes da Anatel e o secretário de Telecomunicações do Minicom, Maximiliano Martinhão), representantes da Telebrás e das Forças Armadas. Mais informações pelo site do evento ou pelo telefone 0800-7715028.