Canal Brasil fez live em defesa da Cinemateca Brasileira

Na noite da última quinta, 30 de julho, o repórter Kiko Mollica conduziu, no Instagram do Canal Brasil, uma live com grandes nomes do cinema brasileiro para conversar sobre a crise atual e na importância que a Cinemateca Brasileira tem para a preservação, restauração e difusão de obras cinematográficas históricas e contemporâneas. Cacá Diegues, Mariana Ximenes, Tata Amaral, Débora Butruce, Roberto Gervitz, Kleber Mendonça Filho, Jeferson De, Bárbara Paz e Monica Iozzi participaram do bate-papo ao vivo.

Quem abriu a noite foi Cacá Diegues. O cineasta, cujas obras fazem parte do acervo da instituição, afirmou que "a Cinemateca é um museu do olhar. É através da Cinemateca que você conhece um país, uma nação. Não só o que se passou, mas como você viu o que se passou. A Cinemateca Brasileira é uma cinemateca de ponta. Tanto que eu botei os meus filmes lá, a obra do Glauber [Rocha] está toda lá". Sobre a possibilidade de fechamento, Diegues disse: "Quando eu penso nisso me dá um frio na espinha. Se a Cinemateca acabar nós vamos perder a memória do cinema brasileiro, a memória do Brasil, o que aconteceu no Brasil nesses últimos anos".

Na sequência, Mariana Ximenes, que cresceu no bairro da Vila Mariana, onde a Cinemateca está localizada, contou que tem uma relação afetiva com o lugar. Já a cineasta Tata Amaral afirmou que, no ano passado, recorreu muitas vezes ao acervo da Cinemateca como fonte de pesquisa para a sua série "As Protagonistas", sobre as mulheres pioneiras do audiovisual brasileiro. Ao falar sobre os trabalhadores da Cinemateca, que estão sem receber salário desde março e que serão homenageados com o Prêmio Humanidade, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, disse: "Eu tenho vontade de chorar quando eu penso nisso, porque é tão forte, é tão bonito esse reconhecimento. Quem acompanha a Mostra sabe que esse é um prêmio que normalmente é dado a grandes personalidades do cinema mundial. E é verdade que, hoje, as grandes personalidades do cinema mundial são os trabalhadores da Cinemateca".

Mollica recebeu ainda a vice-presidente da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual, Débora Butruce, que explicou o papel que a Cinemateca tem de preservação e restauração; e o cineasta Roberto Gervitz, coordenador do grupo de trabalho da Associação Paulista de Cineastas (Apaci) – SOS Cinemateca, que explicou a crise que a instituição atravessa, desde o seu início, em 2013. Kleber Mendonça Filho, por sua vez, comparou o descaso com a Cinemateca à situação da saúde; Jeferson De relembrou as diversas vezes que buscou o lugar para encontrar referências e Barbara Paz declarou que não faria seu filme mais recente, "Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou" se não fosse o material de arquivo que existe na Cinemateca. Babenco, inclusive, faleceu em 2016 como vítima de câncer e teve o corpo velado na Cinemateca. O depoimento que encerrou a noite foi o de Monica Iozzi. "Deixar de cuidar da Cinemateca é deixar de cuidar da memória do Brasil", concluiu.

1 COMENTÁRIO

  1. So a ignorância abissal dos governantes atuais pode explicar esta crise da Cinemateca. Mesmo a "namoradinha do Brasil" nunca tinha ouvido falar na Cinemateca.
    O Paulo Emilio deve estar rebolando na tumba!!!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui