André Hayato Saito e Mayra Faour Auad percorrem trilha para levar a ancestralidade japonesa às telas

André Hayato Saito e Mayra Faour Auad (Foto: Divulgação)

A parceria da produtora e sócia da MyMama Entertaiment Mayra Faour Auad e do autor e diretor André Hayato Saito começou com a ideia de desenvolver um longa-metragem de ficção. Após a inspiração, perceberam a necessidade de testar a história. Por isso, fizeram um recorte dos personagens do longa de ficção para criar curtas-metragens, sempre investigando a ancestralidade japonesa de Saito.

O último filme da trilogia de curtas foi "Amarela", único latino-americano selecionado para concorrer à Palma de Ouro no 77º Festival de Cannes. O filme foi selecionado entre mais de 4420 obras inscritas e disputa o prêmio máximo do festival com outras dez produções.

"Sempre me senti japonês demais pra ser brasileiro e brasileiro demais pra ser japonês. A busca por uma identidade que habita o entrelugar se tornou a parte mais sólida de quem eu sou. 'Amarela' é uma ferida aberta não só do povo nipo-brasileiro, mas de todos os filhos das diásporas ao redor do globo que se conectam a esse sentimento de serem estrangeiros no próprio país. Erika, a protagonista, representa o desejo de encontrar nosso lugar no mundo", comenta Saito.

O curta foi financiado com recursos próprios da MyMama e parceiros, sem o uso de incentivos e fundos públicos, para dar mais agilidade à produção. Quanto à criação, se beneficiou de todo o trabalho que já vinha sendo desenvolvido para o longa e para os dois curtas anteriores. "Tinha um trabalho de construção de personagens tão profundo que foi rápido chegar à história", conta Mayra.

A inscrição em Cannes, conta a produtora do curta, foi um processo natural. Frequentadora assídua do evento, Mayra se identifica com as vozes, autores e obras escolhidas para a competição do evento. "Achei que 'Amarela' tinha uma sensibilidade que está presente nas obras de Cannes e torcia para que a equipe de seleção concordasse", conta.

Prontos para o longa

O trabalho de Saito e Mayra recebeu outra excelente notícia. "Crisântemo Amarelo", o projeto do longa que o diretor e a produtora vêm desenvolvendo, foi selecionado para o TorinoFilmLab, laboratório de desenvolvimento de projetos cinematográficos criado em 2008 pelo Museo Nazionale del Cinema Torino e pelo Creative EU, para o FeatureLab de 2024. O filme é uma produção da MyMama Entretainment e será representado por Mayra e Saito no laboratório. 

Desde seu lançamento, o TorinoFilmLab ajudou a lançar mais de 170 títulos. Todos os anos, dez equipes criativas de diretores e produtores do mundo são selecionadas para participarem do programa. Neste ano, "Crisântemo Amarelo" será o único representante da América Latina, entre 175 inscrições de filmes. A edição de 2024 do FeatureLab conta com nove longas-metragens de ficção e um documentário, recebendo 21 participantes, vindos de países como Azerbaijão, Bielorrússia, Brasil, França, Alemanha, Grécia, Índia, Itália, Coréia do Sul, Suíça e Ucrânia. 

Durante o workshop, que acontece em três etapas durante seis meses, os participantes têm reuniões individuais com convidados do mercado cinematográfico mundial. Após o desenvolvimento, os projetos são avaliados por um júri internacional, que concede prêmios de produção. 

Segundo Mayra, o longa chega ao laboratório já em estágio avançado de desenvolvimento. Paralelamente, conta a produtora, o projeto está sendo inscrito nos editais brasileiros e a equipe busca parceiros coprodutores internacionais. Com a seleção do curta "Amarela" em Cannes, a MyMama foi convidada também a participar do Focus CoPro, do qual apenas convidados participam em busca de coprodutores. Além disso, a MyMama começou a buscar parceiros no Japão, embora não exista um acordo de coprodução bilateral entre os dois países, o que torna o processo mais complexo.

"Esperamos fechar o financiamento em um ano e começar a filmar no segundo semestre do ano que vem", conta Mayra.

O longa

Em "Crisântemo Amarelo", em meio às festividades da Copa do Mundo de 1998, a adolescente nipo-brasileira Erika vive na fronteira entre dois mundos. Descendente da terceira geração da diáspora, ela tem dificuldades para se encaixar fora de casa, mas também despreza a cultura da família e tudo relacionado ao Japão. Sua aversão tem fundamento: aos sete anos de idade, seu melhor amigo, também sansei (neto de imigrantes japoneses), desapareceu em um festival tradicional no bairro da Liberdade, quando sua mãe, Roseli, era a responsável pelas crianças. O longa é ambientado no mesmo universo do curta "Amarela". A produção da MyMama Entertainment, tem produção de Mayra Faour Auad, direção de André Hayato Saito e roteiro de Éri Sarmet, André Hayato Saito e Luigi Madormo.

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