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Produtores de publicidade reforçam que o momento pede que marcas se posicionem

Com as recomendações de quarentena e isolamento social, as produtoras precisaram mudar quase por completo seus processos, uma vez que tocar projetos em um set de filmagem tradicional já não é mais possível. No caso daquelas voltadas à publicidade, a demanda de trabalho seguiu igual, e em muitos casos até aumentou, uma vez que as marcas querem comunicar ao público suas ações e iniciativas em meio à pandemia.

“O negócio da publicidade continua tendo muita relevância, mas precisa ser revisto. O foco e a forma de consumo mudou. E nesse momento as agências podem ser grandes aliadas nessa transformação. Todos estão em busca de informação, de notícias, mas também de posicionamento. Naturalmente o assunto das marcas agora está 100% relacionado ao Covid-19 e como elas estão se posicionando em relação a todas as consequências sociais e econômicas dessa pandemia”, analisa Renata Dumont, produtora sênior da Stink, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. “Por isso, têm muito valor posicionamentos claros e firmes. As marcas têm uma grande oportunidade de aproximar pessoas de seus valores através da sua comunicação. Os consumidores esperam esse posicionamento. E nesse contexto, também vamos trabalhar para atender as agências e as marcas com suas necessidades nos adequando a nova realidade, exercendo mais do que nunca a criatividade – mas sem colocar em risco as pessoas”, acrescenta.

A Stink colocou sua equipe em home-office, atuando remotamente e participando de reuniões via videoconferências, desde a primeira quinzena de março, assim como fez a Café Royal – esta, inclusive, se preparou para lidar com a situação a longo prazo. “Para que tudo funcione bem, criamos uma ‘cartilha’ com códigos de conduta para o trabalho remoto, como horários definidos, pausas para as refeições, para que o trabalho seja produtivo e saudável. Nenhuma área da Café Royal está parada, todos os departamentos estão ativos. Enviamos equipamentos para casa de alguns funcionários para facilitar o trabalho”, conta Moa Ramalho, sócio e produtor executivo, com exclusividade para este noticiário. “No caso das filmagens, acredito que depois de muito quebrar a cabeça, encontramos um caminho para realizar filmagens à distância com todos os protocolos de segurança e ética que nos cabem neste momento”, completa.

Ramalho também ressalta a importância do posicionamento das marcas no momento atual: “É um momento de construção ou reconstrução de marcas. Não me lembro de nenhum outro momento tão oportuno para os clientes marcarem seu posicionamento e seus valores. Os consumidores estão muito atentos e seletivos, é a hora da publicidade resgatar conceitos fortes, é hora de fortalecer a identidade das marcas”. Nesse sentido, o produtor executivo afirma que a Café Royal conectou parceiros em diversos países capacitados a produzir conteúdos e cenas de suas casas – é uma rede de fotógrafos, diretores e produtores que possibilitam que a empresa encontre caminhos para seguir atuando. “Desenvolvemos formatos para atender nossos clientes, produzindo filmes de forma remota, filmando e comprando imagens. Estamos com cinco filmes em produção, com toda nossa equipe trabalhando remotamente. Enviamos para as casas dos personagens alguns equipamentos, como laptops, microfones e câmeras, totalmente esterilizados e desinfetados por enfermeiros treinados”, reforça.

A Stink também tem encontrado formas de trabalhar respeitando as recomendações de saúde. “Temos trabalhado em grupo para oferecer soluções criativas, eficazes e seguras que podemos aplicar numa grande variedade de projetos, como: produção criativa digital in-house, animação, motion graphics e design, imagens de arquivo/banco de imagens; UGC; direção remota e/ou live-action (em mercados selecionados onde as legislações locais permitem), entre outros. Estamos unidos com o intuito de encontrar boas soluções pra esse momento de novos desafios”, garante Renata Dumont.

Mas apesar de seguir com os projetos, Ramalho, da Café Royal, lamenta a mudança de planos imposta: “Para este ano havíamos feito um planejamento minucioso que obviamente teve que ser modificado.
Começamos o ano com um faturamento recorde em janeiro, havíamos planejado a presença em eventos e festivais como Cannes, SXSW, Clube de Criação, Sheffield, IDFA, a contratação de novos talentos, ampliação da equipe de atendimento, e vários investimentos na área do entretenimento, como uma sala de roteiristas para desenvolvimento de séries e longas”. Ainda assim, mantém uma postura positiva: “Estamos tentando ser precisos. Viemos crescendo até agora e, como o resto do mundo, precisamos entender o que está acontecendo e principalmente nos posicionar com muita ética e responsabilidade. Nossa prioridade é cuidar de nossos colaboradores e acreditar na nossa capacidade de recuperar o ritmo no segundo semestre para concluir nosso planejamento de investimento”.

Por fim, os dois refletem sobre o futuro do setor pós-pandemia e divergem um pouco nesse sentido. “Nesse momento não dá pra ser otimista, mas preferimos também não ter uma atitude negativa. Estamos preocupados sim, mas vamos agir, e tomar decisões de acordo com a evolução de cada momento. A verdade é que todos os setores da economia serão impactados e disso sabemos. E no nosso mercado, a redução brusca do poder de compra dos consumidores vai trazer consequências financeiras para os anunciantes, que afetará a relação com as agências e resultará na diminuição de verbas, onde seremos, nós produtoras, diretamente impactadas”, diz Dumont.

Ramalho, por sua vez, se posiciona da seguinte forma: “É um momento de profunda transformação, em todos os sentidos. Nossa equipe está muito unida e surpreendentemente com mais trabalho do que nunca. Mas quando isso passar, o mundo não será o mesmo. No nosso mercado acredito que haverá um ajuste de preços e de processos. Saudável, na nossa visão. Todo o mercado estava trabalhando com o ‘modo automático’ ligado faz anos. Todos agora estão questionando a sua relação com o trabalho, com a família, com a saúde. Valores que foram esquecidos, que estavam debaixo do tapete, foram resgatados”.

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