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“Novo ciclo” do audiovisual deve ser mais ambicioso para enfrentar concorrência global , diz Gullane

Fabiano Gullane (Foto: Divulgação)

O audiovisual independente nunca teve tantas possibilidades de ampliar seu alcance para o cenário internacional como nos tempos atuais, o que tem impulsionado negócios para muitas produtoras brasileiras. Mas ainda existem grandes desafios no horizonte. E é claro que esse caminho passa pelas políticas públicas. “Sem dúvida elas são muito importantes não só aqui no Brasil, mas em todo o mundo. É importante lembrar que o faturamento do mercado audiovisual mundial é 85% destinado a obras de língua inglesa. Todo o restante, todas as outras identidades culturais, lutam amigavelmente e na mesma direção para ocupar os outros 15% do mercado – em alguns países mais, em outros menos”, contextualizou o produtor Fabiano Gullane, que é reconhecido como um dos principais articuladores do audiovisual brasileiro pelo mundo, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

“Todos os países fazem um trabalho muito grande para tentar conquistar um lugar nesse mercado que é amplamente dominado pela língua inglesa, então quando falamos de outras cinematografias, de outros idiomas, a gente realmente precisa de todo o apoio para que se garanta um espaço para identidade cultural, para criar interesse nas histórias que se passam em cada país”, completou. 

Potencial de alcance do cenário global 

Do ponto de vista de um produtor que já teve obras reconhecidas internacionalmente, ele explicou em que momento o potencial de alcance global é debatido – se é logo no início do projeto ou se essa é uma discussão que surge ao longo do processo: “Quando estamos realizando uma obra audiovisual, é importante ter certeza do que quer conquistar com aquela obra. É muito difícil, com uma mesma obra, conquistar imprensa, prêmios, festivais e público. Por isso a primeira coisa que a gente tenta fazer na Gullane é pensar e qual caminho cada filme quer seguir – seja um caminho de festival, de vendas, de público. Isso precisa estar bem definido e alinhado com todos os envolvidos desde o início do projeto. Aí, toda a estratégia de financiamento, de produção, de parceiros, de equipe, de elenco e de distribuição segue o caminho que for definido no começo”. 

Um novo ciclo com mais ambição, regras e parceria 

O valor de produção, quando se fala num produto audiovisual, é muito importante. As pessoas querem ter uma experiência com uma obra audiovisual – de imagem, som, história, emoção. Por isso é uma arte complexa e cara, e que envolve muitas necessidades e demandas para que o projeto fique impecável, cinematograficamente falando. “Eu acho que esse é o grande desafio que temos no Brasil e também na América Latina como um todo: conseguir, com orçamentos reduzidos, criar um valor de produção diferenciado. Mas acho que, com a chegada das plataformas e uma conexão maior entre produtoras independentes com televisões e grandes plataformas de streaming, o Brasil vai entrando um pouco mais nesse universo de orçamentos maiores. Claro que é um processo, mas estamos preparados. Temos talentos, produtoras, infraestrutura, equipes e criativos: uma indústria completa e pujante, pronta para enfrentar desafios maiores”, defendeu. 

Para Gullane, o Brasil passou por um período de criação de políticas, fontes de financiamento e conexão entre os faturamentos do próprio mercado com os investimentos conectados a esses recolhimentos de atividades. Além disso, nossos talentos evoluíram, em toda a cadeia do audiovisual. Foi um ciclo virtuoso e vitorioso, segundo o produtor. “Agora, é hora de olhar para esse segundo ciclo da política audiovisual, que nos permita aumentar nossos orçamentos, dialogar e trabalhar em parceria, com regras para as grandes plataformas mundiais, que são parceiras dos talentos e produtoras brasileiras. É hora de realmente termos ambição para projetos brasileiros e iniciativas empresariais que possam nos levar para jogos maiores, enfrentando concorrentes mundiais. Essa é a missão da indústria nos próximos anos”, definiu. 

Nesse sentido, Fabiano Gullane também cita o papel das coproduções internacionais: “Esse caminho de exportar mais o conteúdo brasileiro passa por conquistar recursos de coprodução com países europeus, asiáticos e americanos, entre outros. É um caminho sem volta. Isso é entrar no jogo mundial do mercado independente, onde as produtoras, televisões, distribuidoras e talentos estão o tempo todo negociando, colaborando e buscando projetos de interesse mútuo. O Brasil tem uma reputação muito boa no mercado internacional. Estamos continuadamente fornecendo títulos muito importantes para o audiovisual independente mundial. Nossas obras despertam grande interesse nas audiências, mercados, festivais e distribuidoras internacionais. Por isso, temos que aproveitar e transformar nossa arte, cada vez mais, numa grande indústria cultural”. 

Conjunto de obstáculos 

Para que esses objetivos sejam atingidos, uma série de obstáculos precisam ser enfrentados. Para Gullane, não existe uma grande questão a ser resolvida, e sim um conjunto. “A obra em língua não-inglesa disputa uma fatia muito pequena do mercado, por isso é tão importante que a gente tenha um mercado no próprio Brasil para obras em português, daí amplie esse mercado com países falantes da língua portuguesa e, mais importante, estruture esse caminho de conseguir exportar nosso conteúdo. É necessário unir forças – estado, iniciativa privada, talentos, políticas públicas e também a opinião pública. Assim como somos protagonistas no consumo do audiovisual internacional, especialmente norte-americano, também temos direito de ser um grande protagonista na criação, produção e distribuição dos nossos conteúdos”, concluiu. 

Evento 

Na próxima terça-feira, dia 12 de abril, às 10h30, acontece dentro da programação do Rio2C o painel “Produções sem fronteiras: o audiovisual independente no cenário global”. Além de Fabiano Gullane, participam da conversa Fernando Dias, produtor executivo, CEO e fundador da Grifa Filmes;  Barbara Teixeira, diretora geral e produtora executiva na Anonymous Content Brasil, uma empresa da RT Features em parceria com as americanas Anonymous Content e CAA; e Andréa Barata Ribeiro, sócia-fundadora da O2 Filmes. A mediação será do diretor Aly Muritiba (“Deserto Particular”, “Ferrugem”). 

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