Analistas cobram maior controle sobre custos da TV Globo

Analistas de investimentos que participaram do conference call da Globopar que anunciou os resultados financeiros pro-forma do grupo Globo em 2001 cobraram do novo presidente da holding, Henry Philippe Reichstul, mais controles sobre os custos da TV Globo. Explica-se. A TV Globo é a principal fonte de renda do grupo e é quem garante a maior parte da dívida e dos compromissos das demais empresas. Em 2001, a TV Globo faturou, bruto, US$ 1,26 bilhão, dos quais US$ 273 milhões ficaram para as agências de publicidade na forma de bonificações e comissões. A margem líqüida da TV Globo foi de apenas US$ 21 milhões, contra US$ 206,8 milhões em 2000. Isso porque a receita caiu cerca de 12,5%, mas os custos não. A produção da TV Globo, por exemplo, consome US$ 650 milhões, e os direitos esportivos, em 2001, consumiram US$ 138 milhões. Reichstul não foi claro se terá ou não controle sobre a TV Globo, mas deu a entender que todo o grupo está comprometido com uma política de controle financeiro e que a Globopar terá de onde tirar dinheiro para pagar seus compromissos. Por exemplo, com a venda de ativos da família Marinho, como participações em TVs do interior de São Paulo, o que deve gerar algo entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões, segundo o presidente da Globopar.
Não houve no conference call menção à venda de ativos da Sky ou da Globo Cabo, mas alguns analistas entenderam que o provedor Globo.com pode ganhar um novo sócio. Reichstul, contudo, evitou se aprofundar nas questões, até pelo seu pouco tempo de casa.
Por outro lado, a TV Globo manteve seu share no bolo publicitário de TV na casa dos 77%, segundo os dados da Globopar, e a audiência média total em torno de 50% (subindo a 56% no horário nobre).
A Globopar consolidou perdas das empresas em que detém participação no total de quase US$ 570 milhões. O endividamento total da holding está na casa do US$ 1,77 bilhão, a maior parte de longo prazo.
Outro destaque dos resultados da Globo em 2001 foi o desempenho da TV Globo Internacional, que chegou a dezembro com 180 mil assinantes.

Conta da Copa

A Globopar também explicou como serão rateados os custos referentes à Copa do Mundo. O total gasto com a compra dos direitos sobre o evento foi de US$ 220 milhões. Deste total, cerca de US$ 70 milhões serão repassados para a Globosat, que pretende recuperar a conta com publicidade e pay-per-view. A Globo provisionou cerca de US$ 30 milhões que esperava receber da Record pelos direitos de transmissão, ou seja, está dando como certo que não recuperará essa parte do dinheiro. Outros US$ 70 milhões já foram recuperados com a venda de seis quotas de publicidade, cada uma vendida a R$ 35 milhões. Os outros US$ 50 milhões devem ser recuperados com venda de publicidade não específica, promoções e outras formas de receita indireta.

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