Music Solution lança ferramenta tecnológica para ressonorização de produtos audiovisuais

Luiz Helenio, sócio da Music Solution (Foto: Divulgação)

Especialista em trilhas sonoras, a Music Solution, dos sócios Luiz Helenio, Daniel Figueiredo e Julio Cesar, usou sua experiência de 20 anos de mercado para mapear e resolver uma das maiores dores de produtoras, canais e plataformas: a falta de acesso a obras de catálogo por questões de licenciamento musical. Acaba de ser lançada a "Re-Sono", uma solução tecnológica que permite filtrar e substituir trilhas sonoras de versões máster, preservando os diálogos e efeitos originais. Essa técnica possibilita a inserção de novas trilhas sonoras, respeitando a integridade artística dos projetos e atendendo às exigências legais contemporâneas. A novidade foi anunciada em primeira mão para TELA VIVA. 

A "Re-Sono", primeira ferramenta neste modelo para o território brasileiro, permite devolver ao mercado produtos que estavam na gaveta e melhorar a qualidade de som daqueles que acabam datados, seja pela má captação e edição ou por uma trilha desatualizada. Pelo YouTube, é possível assistir a uma demonstração

Para Luiz Helenio, o processo de identificar a questão como um problema real e comum ao setor foi orgânico, uma vez que a Music Solution está no mercado há 20 anos, atendendo as principais emissoras e produtoras, inclusive também em outros territórios. "Percebemos que, com frequência, esses clientes tinham grandes obras do audiovisual em seu acervo que estavam ali bloqueadas por uma questão de clearance musical. Antigamente, era comum que os acordos fossem verbais. Mesmo quando documentados, era muito precário. Aí, quando você vai reexibir uma obra antiga, às vezes se depara com uma questão de licenciamento musical que não consegue resolver – porque os autores faleceram ou aquilo está em disputa dos herdeiros, ou ainda, de repente, o autor está num ano sabático, tirou férias e não responde a ninguém. Pode ser até mesmo uma questão de custo e prazo, que às vezes torna inviável. Com isso, notamos que essa era uma dor frequente, sempre levantada pelos clientes", relatou o diretor. 

Possibilidades de uso 

As possibilidades de uso da "Re-Sono" são variadas. Entre elas, substituir a trilha incidental de um produto audiovisual por outra nova, respeitando o espírito da obra em si; substituir músicas específicas de uma obra por outras mais recentes, por músicas criadas pela Music Solution ou de seu catálogo de trilhas; substituir músicas ambientes captadas em documentários, realities e demais formatos por outras das quais detenham direitos autorais; atualizar a qualidade do som original da obra, lapidar ruídos e emitir novos cue sheets (documentos que registram todas as obras musicais executadas dentro de um material audiovisual); e liberar a banda de voz para que seja aplicada uma nova banda de dublagem em outra língua. 

Projetos para clientes 

A partir dessa gama de possibilidades, as demandas de trabalho com os potenciais clientes também podem variar. A Music Solution vem realizando projetos com a "Re-Sono" ainda não divulgados para canais de TV aberta e pagos do Brasil desde o início do ano. Daniel Figueiredo, sócio e diretor, contou que há clientes que procuram a empresa para resolver pontualmente um problema com determinada música, ou outros que levam um longa-metragem, um programa de auditório, algo de duração mais curta. "Já fizemos séries, documentários e novelas. Temos trabalhado bastante novelas – que eu acho que são os projetos mais complexos porque são longos, com 200, 300 capítulos, às vezes até mais. São projetos difíceis no sentido de gerenciamento na parte de pós-produção de áudio e de produção musical mesmo, então tem diversas possibilidades", exemplificou. 

Daniel Figueiredo, sócio da Music Solution (Foto: Divulgação)

Há casos ainda de clientes que procuram o grupo para atualizar seus projetos. "Às vezes, a banda de áudio do diálogo está junta da trilha sonora e eles precisam ter essa atualização do arquivo para possibilitar também a questão da dublagem para a venda de licenciamento internacional, então isso também acontece muito. Em outros casos, o cliente quer preservar uma parte da banda sonora, da trilha sonora do projeto, que é característico daquela série, daquela novela, daquele filme. Cada um chega com uma demanda diferente, que a gente procura tratar da melhor forma possível", acrescentou. Por enquanto, eles não possuem clientes fixos ou contratos de tempo de serviço – mas o que tem acontecido muito é a chegada de demandas pequenas, que eles logo tratam, e com o retorno positivo o cliente retorna com novas solicitações. "Isso tem acontecido com frequência e a gente só tem a agradecer, porque o resultado tem sido muito positivo". 

A "Re-Sono" tem trabalhado tanto com conteúdos mais antigos quanto mais recentes – mas os antigos são a maioria. "Tem áudio de uma obra antiga que chega para gente mono ou em estéreo e temos que trabalhar ali para separar tudo e trocar toda a trilha sonora. É mais trabalhoso, mas ao mesmo tempo também é interessante porque conseguimos, na maioria das vezes, até melhorar a questão do som direto, do diálogo, deixando ele mais limpo e mais presente, o que acaba também sendo um pouco mais satisfatório para nós. Pegamos projetos riquíssimos do ponto de vista cultural e ficamos felizes por, digamos assim, 'reabilitar e colocar de volta em circulação' esses projetos. Mas acontece também da gente se deparar com projetos novos que precisamos tratar a questão das músicas porque eventualmente mudou o contrato de sincronização musical. Quando isso acontece, às vezes é para um licenciamento internacional ou porque estava prevista uma janela de exibição numa plataforma e passou para outra, e isso gerou alguma questão jurídica", detalhou Helenio. 

Desafios tecnológicos 

Mas, até chegar à solução final, foram muitos os desafios envolvidos no processo – sendo os principais no âmbito da tecnologia. "A gente já vem há um bom tempo pesquisando, em torno de oito a dez anos, e às vezes esbarrávamos na questão de processamento porque era muito lento para conseguir executar alguns plugins, alguns filtros, e isso inviabilizava do ponto de vista de prazo e de custo esse tipo de ação. Ou às vezes até a questão da qualidade, porque íamos lá e lapidávamos para filtrar, retirar e tratar esse áudio e, no final, não tínhamos uma qualidade adequada para o produto que a gente gostaria", explicou Helenio. "Até que finalmente, no ano passado, conseguimos chegar a um conjunto de ferramentas e, não só isso, mas também aos profissionais certos. Temos hoje uma equipe multidisciplinar com profissionais de várias áreas que nos possibilita a atender com prazo, qualidade e custo adequados aos nossos clientes", celebrou. 

Julio Cesar, sócio da Music Solution (Foto: Divulgação)

No caminho, foram feitos muitos testes, tanto na esfera hipotética, com exemplos aleatórios para trabalhar internamente, quanto em testes reais, com alguns clientes que queriam entender o processo junto da Music Solution. "Conseguimos ter acesso a acervos para executar e testar a nova tecnologia. O desafio era trabalhar a questão da pós-produção de áudio, ou seja, do ambiente, do foley, e também criar uma trilha sonora nova que mantivesse a identidade artística da versão original. Acho que essa é a maior preocupação dos clientes", revelou Julio Cesar. "Está aí a questão principal do nosso serviço: não é pelo fato de eu ter a possibilidade de trocar a trilha que eu tenho a liberdade de trocar a história. A gente sabe que a trilha sonora tem um papel muito importante no audiovisual e, obviamente, se eu trocar uma trilha romântica por uma cômica, estarei contando aquilo de uma maneira diferente, e esse não é o objetivo. Trabalhamos bastante não só na questão do aprimoramento, mas também da escolha de ferramentas, de hardware e de software, e de ter uma equipe afinada para atender essa demanda", ressaltou. 

Perspectivas e resultados

Os sócios estão animados com as perspectivas de resultado e os impactos que a novidade poderá ter no mercado audiovisual. Nesse sentido, eles já têm recebido feedbacks positivos dos clientes do ponto de vista financeiro – uma vez que, com uma nova exibição ou licenciamento, já conseguem ter o retorno do investimento realizado – e também do artístico: "Já recebemos feedbacks dos diretores que atuaram na obra original – e que, no início, estavam com receio de que fôssemos alterar a essência de seus materiais – e voltaram para nós felizes porque acharam que melhorou de fato o áudio e outros aspectos técnicos", destacou Julio Cesar. 

Ele complementou: "Acredito também que é um impacto muito positivo para o mercado audiovisual. Vivemos este momento com o boom das plataformas de streaming demandando muito conteúdo. Tem essa questão da nostalgia, que mexe muito com isso de revisitar uma obra que era da sua época, que você assistia, e acho que a gente entra dentro desse cenário, viabilizando, do ponto de vista administrativo, a reexibição dessas obras, aumentando o ciclo de vida do produto e, consequentemente, também agregando valor e recursos para as emissoras e para as produtoras que são detentores da obra. Acaba que todo mundo ganha nesse processo – e a gente se sente feliz por ser útil com a nossa ferramenta no território nacional". 

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