Plataforma brasileira busca maior visibilidade às produções que abordem temas de relevância social

Em um dos paineis mais concorridos deste ano na Casa Brasil no "South by Southwet", evento promovido nos Estados Unidos, o Instituto Alana e sua produtora Maria Farinha Filmes apresentaram para o público internacional a versão beta do Videocamp. A plataforma, que reúne produções que abordem causas relevantes para a sociedade, conta hoje com 14 títulos em seu catálogo. No Brasil, o Videocamp estreou com uma exibição pública do filme "Quem? Entre Muros e Pontes" promovida em meados deste mês de março na CineSala, em São Paulo.

Segundo Luana Lobo, sócia e diretora de distribuição híbrida da Maria Farinha Filmes, o objetivo é ajudar as obras a atingir um público maior que aquele encontrado no circuito tradicional de exibição. "Quando alguém faz um filme com uma mensagem, abordando um problema social, contando histórias relevantes, quer que aquilo chegue a um número maior de pessoas. Nós acreditamos na capacidade do cinema e do audiovisual como um todo de mobilizar as pessoas", diz.

A ferramenta inspira-se na historia da própria Maria Farinha Filmes, que já testou métodos de distribuição alternativa nos seus três primeiros longas: "Criança: A Alma do Negocio", "Muito Além do Peso" e "Tarja Branca". Os dois primeiros foram até mesmo distribuídos gratuitamente no Youtube. "Quando terminamos a exibição no circuito tradicional, não tínhamos conseguido levar a mensagem para o número de pessoas que gostaríamos. Foi então que resolvemos arriscar e o resultado foi muito bom, com mais de 1 milhão de visualizações. Além disso, continuamos recebendo propostas de plataformas online e canais para exibir o conteúdo, mesmo com ele disponível gratuitamente, e a caixa de DVDs que lançamos com os títulos vendeu muito bem", conta Luana.

No caso do Videocamp, a ideia é permitir que os produtores tomem a iniciativa de enviar sua obra para a plataforma. "É possível que a produtora crie um espaço seu, apresentando suas obras dentro da plataforma. Uma vez que elas são enviadas, há uma curadoria para decidir se encaixam na proposta da plataforma", conta Carolina Pasquali, diretora de comunicação do Alana.

O lançamento da versão definitiva o Videocamp está planejado para agosto. Até lá, instituto e produtora esperam que a plataforma seja capaz de se adequar às necessidades dos produtores, possibilitando diferentes modelos de negócios. "Nossa ideia é entender as necessidades dos produtores. Em alguns casos, pode ser que seja possível tornar o conteúdo disponível de forma gratuita. Em outros, o produtor pode solicitar uma doação ou até mesmo liberar apenas para exibições públicas", diz a diretora. "A obra não é enviada para nós ou fica sob nosso controle. O objetivo é construir um banco de dados que reúna essas obras para exibição", conclui.

No caso das exibições públicas, o Videocamp ajuda interessados em promovê-las a entrar em contato com o produtor e até mesmo oferece instruções para a organização do evento. A plataforma também trará a funcionalidade call-to-action, com a qual telespectadores podem ajudar na causa abordada, e informações adicionais sobre os temas abordados nas obras. "No momento em que acabamos de assistir uma obra e a mensagem nos toca, temos vontade de fazer algo, agir, mas nem sempre é possível. Essas ferramentas são uma forma de aproveitar essa comoção e permitir que a pessoa ajude", explicaLuana.

Segundo ela, a recepção do mercado justifica otimismo. "Fomos muito bem recebidos no SXSW e também no Brasil. A impressão é que muitas pessoas passavam pelo mesmo dilema de não conseguir chegar no público e nossa proposta apareceu em um bom momento. Já estamos recebendo ligações de produtores nos falando sobre obras que estão finalizando e que dizem ter interesse em participar do projeto", diz.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui