Plataforma de conteúdo over-the-top (OTT) da Oi, a Oi Play, poderá ser contratada pelo público geral (não clientes) até o final do ano. A informação foi divulgada pelo diretor nacional de varejo e digital da empresa, Bernardo Winik, durante o segundo dia do PAYTV Forum, encerrado nesta quarta-feira, 31, em São Paulo. Em junho, a operadora reformulou o serviço de vídeo, considerando uma oferta convergente de IPTV e banda larga fixa baseada em fibra até a residência (FTTH).
“Há cerca de dois meses colocamos o conteúdo linear na banda larga fixa e lançamos o ‘Para Trocar’, com possibilidade de customização. Se antes endereçávamos mercado de 1,5 milhão [a base de TV paga da empresa], em 2018 estendemos para 8,9 milhões endereçáveis ao incluir banda larga e pós-pago da Oi. O próximo passo é oferecer para qualquer cliente, seja Oi ou não Oi. São 126 milhões potenciais consumidores conectados”, afirmou Winik.
“É um diferencial de mercado e desconheço outra operadora com esse nível de experiência”, segue o executivo. Segundo Winik, negociações com novos parceiros já estão em curso para ampliar “a prateleira” de opções de vídeo, indo desde programadores até outras plataformas OTT, como a Netflix e similares. Até o momento, o Oi Play concentra conteúdos lineares de canais como Fox e ESPN, além de serviços como o HBO Go; a mensalidade tem preços a partir de R$ 119.
A divulgação da estratégia da Oi ocorre em momento decisivo para o mercado de TV por assinatura, que rediscute os limites da Lei do SeAC após movimento deflagrado pela Claro, que questionou o direito da Fox de vender conteúdo de TV linear direto ao consumidor final. Perguntado sobre o tema, Winik reconheceu que “para a Oi é mais fácil partir para o novo modelo [baseado em Internet] porque temos 1,5 milhão de clientes. É diferente da Claro, que é líder e tem 8 milhões. Eu posso teoricamente desafiar mais”.
“Mas precisamos ganhar dinheiro e remunerar de forma adequada. Não podemos destruir valor e no final ter menos dinheiro para a cadeia”, contextualizou Winik. Sobre a estratégia da Fox com a plataforma Fox+, o executivo da Oi afirmou que “todo mundo precisa entregar resultado, então é legítimo que todo mundo tente buscar uma alternativa”. “O SeAC está na mesma categoria da Lei Geral de Telecomunicações, foi pensando lá atrás e está obsoleto. O caso Claro vs. Fox foi bom para abrir as discussões. Sabemos que leva tempo, mas precisamos começar”.
Presente na discussão realizada durante o PayTV Forum, o diretor de marketing da Claro Brasil, Marcio Carvalho, não realizou previsões de quando a empresa deve abrir suas próprias plataformas de OTT (como o Now) para o público geral, assim como o Oi Play. “Tecnologicamente é possível, mas modelo de negócios e regras do jogo vão ditar”, pontuou Carvalho. “Muitas pessoas não têm esses R$ 100 [necessários para a assinatura da TV paga], então há possibilidade vender conteúdo para quem contrata a banda larga fixa. O fato é que temos que chegar em uma equação de valor interessante, porque custa dinheiro vender, reter e atender, e conteúdo de qualidade tem seu valor. A questão é como equacionar o que está na mesa”. Ele reconheceu, contudo, que o caminho natura;l da indústria de TV paga e ir onde o consumidor quiser consumir conteúdos, seja no celular ou na banda larga, e que este processo de migração depende apenas de ajustes nos modelos que façam sentido a todos os pontos da cadeia de valor.