Entidades do audiovisual apresentam pauta para o setor

Associações ligadas às diversas modalidades da produção audiovisual divulgaram nesta seta, 30, uma carta na qual manifestam o que consideram ser as pautas necessárias para que a produção e difusão audiovisual mantenham-se em dia com os avanços tecnológicos. No documento – enviado à Ancine, ao Conselho Superior do Cinema (CSC) e ao Ministério da Cultura – as entidades pedem que o CSC e o Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual se mantenham plenamente ativos, deliberando as políticas e o fomento da atividade, com participação e representatividade e cobram atuação pragmática da Ancine, de seus diretores e corpo funcional, "a fim de agilizar sua estrutura e atender com maior eficiência às demandas de regulação, fiscalização e fomento".

Além disso, a carta diz ser necessário discutir o modelo de negócios vigente para valorizar a propriedade intelectual dos ativos criados por empresas produtoras, distribuidoras, fundos e patrocinadores. Também aponta a necessidade de modernização da exibição cinematográfica e o estímulo às distribuidoras e aos exibidores independentes.

Por fim, cobra com urgência a regulação do vídeo sob demanda, "sob pena do país permanecer com uma legislação defasada e obsoleta".

Veja a carta na íntegra:

PAUTA DOS PRODUTORES DO AUDIOVISUAL BRASILEIRO

A era da digitalização traz grandes oportunidades a todos os setores da economia. Para a atividade audiovisual é uma nova possibilidade de consolidação de sua presença econômica e maximização de sua influência cultural. Das salas de cinema, ao conteúdo sob demanda e jogos eletrônicos, o audiovisual é consumido em veículos e dispositivos diversificados e onipresentes no mundo todo. No Brasil, a atividade já responde economicamente como um segmento equivalente à indústria farmacêutica ou do turismo, e é decisiva enquanto força estratégica de conhecimento e identidade.

No mundo todo, o audiovisual convive em relação de interdependência com o Estado, já que é, essencialmente, um bem da sociedade, o que demanda uma política contínua, que não esteja sujeita a atribulações políticas de ocasião.

Nesse sentido, os representantes do setor vêm manifestar o que consideram ser as pautas necessárias para que a produção e difusão audiovisual mantenham-se em dia com os avanços tecnológicos, de acordo com os princípios estabelecidos pela Lei do Audiovisual.

É condição fundamental que o Conselho Superior de Cinema e o Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual se mantenham plenamente ativos, deliberando as políticas e o fomento da atividade, com participação e representatividade, conforme a atribuição que lhes foi dada por lei.

A Agência Nacional do Cinema (ANCINE) precisa ter atuação pragmática de seus diretores e corpo funcional, a fim de agilizar sua estrutura e atender com maior eficiência às demandas de regulação, fiscalização e fomento. Instruções normativas ultrapassadas e processos burocráticos, que se sobrepõem, são entraves do dia a dia de todos os segmentos da atividade. Também é necessário discutir o modelo de negócios vigente para valorizar a propriedade intelectual dos ativos criados por empresas produtoras, distribuidoras, fundos e patrocinadores.

O mercado de salas de exibição no Brasil, inteiramente digitalizado nos últimos anos através de bem sucedidos programas de isenções e financiamentos, requer modernização em sua regulação e atualização das formas de medição, bem como a revisão do equilíbrio de participação dos diferentes segmentos econômicos nos investimentos e resultados. É urgente adequar as regras à rapidez e fragmentação da nova tecnologia.

Distribuidoras e exibidores independentes deverão ser estimulados para que também se fortaleça a difusão dos filmes médios e pequenos, de gêneros diversos. Os recursos públicos devem servir para que se atenue as consequências predatórias do excesso de concentração que inibe a diversificação econômica e cultural.

É urgente, ainda, a regulação do Vídeo sob Demanda (VOD), segmento de mercado significativo econômica e culturalmente em todo o mundo diante dos hábitos contemporâneos de consumo audiovisual; sob pena do país permanecer com uma legislação defasada e obsoleta. Deverá estabelecer-se uma Condecine (como éprática em vários continentes), um índice de visibilidade e títulos brasileiros, transparência de informação, e separação da oferta de serviço de telecomunicações do serviço de conteúdo. Todas essas propostas visam criar isonomia entre o VOD e os veículos audiovisuais já estabelecidos. Providências semelhantes precisam ser adotadas para os Jogos Eletrônicos, uma das vertentes de maior potencial econômico, segmento ainda inexplorado no setor.

A pauta acima demanda uma série de desdobramentos. Estas são linhas gerais, necessárias para que o Brasil se mantenha atualizado, com um setor dinâmico e participativo, nesta atividade que faz parte dos objetivos de toda nação moderna.

ABRACI – Associação Brasileira de Cineastas
ABRAGAMES – Associação Brasileira de Desenvolvedoras de Jogos Digitais
APACI – Associação Paulista de Cineastas
APTC – Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do RS
APRO – Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais
BRAVI – Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão
CONNE – Conexão Audiovisual do Centro Oeste, Norte e Nordeste
FUNDACINE – Fundação Cinema RS
SANTACINE – Sindicato da Indústria Audiovisual de Santa Catarina
SIAESP – Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo
SIAVRS – Sindicato do Audiovisual
SICAV – Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual
SINDAV – Sindicato da Industria do Audiovisual de Minas Gerais

2 COMENTÁRIOS

  1. Estamos longe de termos a participação no mercado que tem os produtos norte-americanos, acredito até por não respeitarmos as regras de criação e produção que eles implantaram. Contudo, aos poucos vamos estabelecendo regras que melhorarão a inter-relação neste seguimento.

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