Comédia e live action. Essas foram algumas das tendências em programação infantil apontadas por executivos de aquisições de canais infantis em painel realizado neste sábado, 1º de outubro, durante o MipJunior, evento voltado para programação infantil, que antecede o Mipcom, principal mercado de conteúdo audiovisual do mundo, que acontece entre os dias 3 e 6, em Cannes.
Segundo o chief content officer da Turner Broadcasting System Europa, Michael Carrington, a programação infantil está saindo de um ciclo de ação e vivendo um ciclo da comédia. “Para o Cartoon Network, por exemplo, estamos procurando conteúdo de ‘comédia surreal’, com foco em personagem (character driven). Mesmo que haja fantasia, é preciso ter traços que cheguem ao espectador”, diz.
Apesar da predominância da animação, o live action também é foco do canal. “Live action é chave. É um desafio para o Cartoon, mas é o que é esperado hoje”, diz Carrington. O executivo afirma que está procurando programas de comédia, mais baseados em realidade, em formatos que não o de sitcom.
Para Karen Miller, diretora de aquisições e coproduções da Disney Channels Worldwide, a comédia sempre reinará, mesmo tendo havido uma onda de ação. Ela ressaltou ainda que o grupo Disney já realiza programas de live action com sucesso e está em busca de programas de competição de realidade para crianças e game shows para os canais do grupo.
Outros territórios
Embora existam diferenças na programação para os diferentes países, tanto o executivo do Cartoon quanto a da Disney acreditam que as diferenças entre as crianças não limitam a compra de conteúdo para múltiplos territórios. Segundo Carrington, cerca de 80% do conteúdo que chega ao canal – com exceção da produção original – é compartilhada com outros territórios, a partir da aquisição de direitos para esses outros países. “Há diferenças entre os países por causa da cultura, mas todas as crianças querem rir e são curiosas”, diz. A animação facilita essa estratégia global. “A animação é boa de dublar. O live action é mais difícil”, diz. Karen, da Disney, também afirmou que na maioria das vezes os programas funcionam bem globalmente. “O que pode acontecer é haver diferenças culturais, ou o conteúdo não ser o que aquele determinado território precisa”, diz.