Com a sétima temporada no ar, "Shark Tank Brasil" tem na seleção de boas histórias o ponto-chave para o sucesso

Coprodução entre a Sony Pictures Television (SPT) e a produtora Floresta, o "Shark Tank Brasil" é o maior reality show de empreendedorismo do Brasil. Na dinâmica, empreendedores apresentam seus negócios aos "Sharks", que podem decidir por investir nos projetos adquirindo determinada fatia da empresa por quantias de dinheiro negociadas. O programa já contou com a participação de nomes como Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza; Roberto Justus; o ator Caio Castro e Felipe Titto, que retornou como jurado fixo da sétima edição ao lado de Sandra Chayo, sócia e diretora criativa do Grupo HOPE. Atualmente, o reality está com a sétima temporada no ar. O canal do programa no YouTube acumula mais de 775 mil inscritos, sendo o segundo maior canal da franquia na plataforma em todo o mundo.

"O processo de adaptação do formato do 'Shark Tank' para uma versão brasileira foi um aprendizado, que envolveu entender como é esse empreendedor aqui do Brasil, como se dá esse desejo de empreender e, principalmente, quais os diferenciais de outros países, especialmente dos Estados Unidos, que é nosso modelo mais 'imediato'. Mas estamos falando de situações econômicas e culturas muito diferentes. No Brasil, muitas vezes o empreender vem da necessidade, é o bote salva-vidas de alguém. Ou pode ser também um sonho, um plano de vida. E a gente foi aprendendo isso ao longo das temporadas", disse Camila Cecchi, Diretora de Estratégia de Conteúdo e Produção do Sony Channel, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

"Todo processo de adaptação de uma obra, que chamamos de 'localização', traz vários desafios, mas acho que o case de 'Shark Tank' foi um dos mais bem-sucedidos. Estamos na sétima temporada não é à toa. É um tema que 'pegou' muito bem aqui no Brasil. O empreendedorismo aqui é cada vez mais relevante. Acabamos encontrando empreendedores querendo participar do programa que trouxeram histórias incríveis. São eles que fazem o programa acontecer. Por isso, tivemos e temos assunto para várias temporadas, e é sempre interessante. O brasileiro tem essa cabeça de empreendedor", completou. 

"Os empreendedores fazem o programa acontecer. Tivemos e temos assunto para várias temporadas", diz Camila Cecchi, à frente do conteúdo e produção do Sony Channel no Brasil

Papel educacional e o componente emocional 

O "Shark Tank" foi pioneiro ao trazer a temática do empreendedorismo para a grade de programação da TV brasileira. Nesse sentido, é importante destacar o papel educacional do reality. "Um dos pontos fontes do programa e do formato é justamente a quantidade de aprendizados sobre empreendedorismo que se tem ao assistir. O que acontece ali são negociações reais, que se desenvolvem para investimentos reais e que podem ter desdobramentos muito positivos, então para quem está assistindo e quer pegar dicas ou aprender é incrível. O programa realmente muda vidas, e esse é um componente muito forte. Não é à toa que temos versões ao redor do mundo, com temporadas atrás de temporadas. Mesmo quem não recebe o investimento sai grato – porque aprendeu, teve espaço, exposição, recebeu críticas construtivas e conselhos", pontuou Camila. "Antes do 'Shark Tank', não se via o empreendedorismo como tema de um programa de entretenimento na TV. Mesmo quem não empreende gosta do programa. Do jeito que o assunto é colocado, ele se torna interessante. Principalmente porque é tudo de verdade – esse é um apelo muito grande. Fora o componente emocional, que é muito forte. Ali, não estamos falando só de dinheiro", acrescentou.

"Conseguimos difundir a cultura do empreendedorismo como temática. Quando cheguei ao programa, entendi que ele tinha muito do viés educacional. Sempre falamos para os 'Sharks' fazerem seus comentários e questionamentos de forma um pouco mais didática – dependendo do empreendedor, corre o risco de cair em um linguajar mais técnico. Nesse caso, usamos um glossário, um recurso do qual lançamos mão na etapa de pós-produção. Nosso glossário só vai aumentando a cada temporada. É legal porque mostra o quando estamos aprendendo – tanto quem faz quanto quem assiste", destacou Eugênia Ruggeri, diretora do "Shark Tank Brasil" pela produtora Floresta, também em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

Para Eugênia, o público que assiste ao reality muitas vezes se coloca no papel do tubarão, pensando se ele mesmo investiria naquele negócio, ao mesmo tempo em que se conecta com as histórias dos empreendedores: "Nossa receita de sucesso é buscar negócios criativos, inovadores, soluções divertidas e histórias inspiradoras. Acho que a gente acerta muito aí. Nosso país é muito rico em pessoas que têm histórias. Surgem soluções de lugares que a gente nem imagina. Hoje, vemos muitos negócios com impactos sociais, que trazem preocupação com o meio ambiente, com a diversidade… Nossa missão também é buscar empreendedores que tragam assuntos relevantes para o hoje e para o futuro, além de boas histórias e bons personagens. Juntando tudo isso, temos um bom produto". 

Nesse caminho, ela ressalta como o formato acompanha a evolução dos negócios e das discussões que temos enquanto sociedade: "Queremos dar visibilidade aos negócios com propósito, que se preocupam. Nem todos vão receber investimento, mas para quem está assistindo, conhecer essas soluções é muito importante. É claro que queremos que todos fiquem felizes – tanto tubarões quanto empreendedores – mas mesmo para os que não recebem investimentos, entendemos que é uma oportunidade bacana, que traz visibilidade e espaço para o que eles têm a mostrar". 

Eugênia destacou ainda que uma grande diferença da versão nacional do "Shark Tank" no comparativo com outros países é que aqui os tubarões têm o hábito de dar dicas aos empreendedores que se apresentam: "No Brasil, somos mais empáticos e calorosos. Mesmo quando os tubarões não investem, deixam as portas abertas, a possibilidade de contato com outros investidores que eles conhecem ou para uma mentoria que eles vão dar, por exemplo. E quando criticam, são críticas construtivas. Sem grosseria ou tom de quem sabe tudo. Quando o pitching acaba e os empreendedores vão conversar com a apresentadora, a gente percebe isso. Ela tem esse papel de fazer uma leitura do que aconteceu, analisar como foi, ajudar nesse balanço. O estilo grosseiro de jurado não funciona mais – no Brasil principalmente, a gente não é assim. Os tubarões são empresários de sucesso, de realidades diferentes, mas são extremamente generosos. Isso é muito legal de ver. É isso que a gente busca, que seja uma oportunidade legal para todo mundo ali. Eles questionam e são firmes. Têm que ser, até para mostrar o caminho ideal. Mas sem desmerecer – isso é importante".

Eugênia Ruggeri, diretora do reality pela Floresta, destaca a importância de levar ao programa empreendedores preocupados com o hoje e com o futuro

Processo de seleção 

Para a diretora de produção do canal, é o processo de seleção dos participantes que vai determinar o sucesso da temporada: "É um quebra-cabeças complexo. A gente avalia diversos fatores. Precisamos garantir, por exemplo, um leque variado, com empreendedores de diferentes áreas de atuação, até porque os 'sharks' têm seus próprios interesses, áreas em que são mais fortes. Mas o ponto principal mesmo se divide em três: negócio bem estruturado e consistente; o empreendedor em si, com sua história e a maneira como se coloca; e o produto que está sendo apresentado – é inovador? Tem caráter social? Vai transformar vidas? Tem um inacreditável potencial de mercado? São várias coisas que, juntas, compõem essa seleção tão complexa de se fazer. A seleção dita o tom da temporada, por isso nos dedicamos muito a ela. Os quatro negócios apresentados a cada episódio, junto da perfomance dos 'sharks', formam o nosso programa. Por isso a seleção é relevante e determinante. Não podemos ter só histórias de emoção, carregadas nesse lado. É importante também ter aqueles empreendedores superpreparados para negociar frente a frente, na mesma altura, na mesma linguagem. O que entendemos que é difícil – todos ficam nervosos, até os mais experientes". 

Eugênia concorda que o maior desafio é selecionar essas histórias: "Temos o maior cuidado ao fazer essa escolha. Buscamos diversidade de empreendedores e de negócios para que atenda o que buscamos como um bom produto. O casting é a chave de sucesso para o programa. Ele faz com que os tubarões se interessem e com que os espectadores se conectem com as histórias e com os produtos. A curadoria é a chave, o maior desafio e a parte mais legal também. A gente se emociona. Tem produtos que muitos de nós da equipe viramos clientes. A gente se conecta também. E quando isso se reflete no tanque e o empreendedor recebe o investimento, temos a sensação de dever cumprido". Ela ainda revelou que os setores que mais aparecem nas inscrições são alimentação, beleza, moda e pet. "São segmentos em que as pessoas conseguem entender bem as soluções, se conectam mais. Por isso temos muitos desses negócios no tanque. As pessoas se identificam, vão atrás para comprar". 

Processo de seleção dos participantes é fator determinante para o sucesso da temporada, segundo a diretora de produção do canal

Estratégia de sucesso 

"Acho que para qualquer programa, depois de quatro ou cinco temporadas, continuar apresentando novidades e ser atraente são grandes desafios", considerou Camila. "O 'Shark Tank' não é exceção. Tem a vantagem de ser um formato pronto. E por trazermos os empreendedores para a tela e eles se colocarem ali de verdade, o programa acaba sendo um reflexo do que estamos vivendo no momento – o que por si só já torna uma temporada diferente da outra", prosseguiu. "Nossa estratégia é continuar buscando sempre negócios que sejam relevantes – por diferentes motivos. Também contamos com um rodízio de 'sharks', uma troca depois de algumas temporadas, que é algo que faz parte do formato, traz um frescor e novos olhares, e alguns 'sharks' convidados. O 'Shark Tank' é um formato restrito, não cabe tanta mudança. Mas o fato de ele ser assim é sua maior força. É 'preto no branco'. E o empreendedorismo no Brasil cresceu muito nos últimos anos. Em paralelo, vemos que o interesse pelo programa só aumenta", concluiu. 

Já para Eugênia, o segredo passa pela seleção de boas histórias, que devem entender o momento em que a gente está. "Quais são as questões da atualidade? Temos negócios que dialoguem com essas questões? Precisamos trazer tudo isso para dentro do tanque. É importante que a gente evolua e seja contemporâneo, ao mesmo tempo que continuemos a trazer bons negócios, criativos e divertidos, afinal é um programa de televisão. Os tubarões também formam uma parte importante. Vejo que eles estão sintonizados entre si e buscam sempre aprender mais. Eles são complementares. Têm suas áreas de atuação, mas não se fecham para outras. A gente vai acertando os pontos a cada temporada. Por fim, considero essencial a representatividade, isto é, que os empreendedores se enxerguem na tela e entendam que eles também podem estar ali. Isso dá mais força para essa comunidade". 

O "Shark Tank Brasil" se tornou uma das principais propriedades do Sony Channel, tendo relevância para os departamentos de marketing e comercial

A relevância da propriedade para o canal 

O "Shark Tank" é o principal programa do Sony Channel no Brasil. "Ao longo de todo esse tempo no ar, com sucesso ano após ano, nosso canal acabou sendo muito identificado pelo público por conta do programa e de todo o conteúdo de empreendedorismo. Para nós, é importante mantê-lo. Depois que estávamos na quarta temporada, mais ou menos, outros canais começaram a perceber que programas com essa temática podem ser divertidos também. Em termos de estratégia de conteúdo, queremos continuar com a propriedade no canal – porque tem espaço para mais temporadas e porque é um produto que vai além do programa em si no ar. É importante para o nosso departamento comercial, gera conversas com as agências, ações de PR e de marketing. Ou seja, é uma marca que move várias outras coisas para nós como canal. Ainda não temos uma nova temporada confirmada, estamos com a sétima no ar, mas torcemos pela sua continuidade", finalizou Camila. 

(Fotos: Guido Ferreira / Divulgação Sony Channel) 

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