Fox busca originalidade em sua segunda convocatória de projetos

Quando lançou, no ano passado, a convocatória para novos projetos da Fox Produções Originais, Zico Góes, diretor de conteúdo da Fox International Channels no Brasil, não tinha expectativa de receber grandes projetos. "As maiores produtoras já tinham acesso a nós, sem precisar de convocatória, e não achei que viriam bons projetos de fora deste grupo", disse o executivo a este noticiário. No entanto, a qualidade dos projetos recebidos surpreendeu Góes, bem como as equipes de conteúdo da programadora na América Latina.

Os dois projetos brasileiros escolhidos na primeira edição foram de produtoras que não estavam no radar da Fox. Foram escolhidos "O Santo", da Pink Flamingo, e "Delivery", da TVa2. Os dois participaram de uma rodada de pitchings com outros 16 projetos, após uma peneira de mais de 500 recebidos. "Recebemos muitos projetos parecidos. Nesses dois casos, não vi nada igual", conta Zico Góes, apontando a originalidade como uma das características almejadas nos projetos que serão desenvolvidos. "O portal e a convocatória criaram um processo para  que as produtoras que não conhecemos cheguem até a Fox", explica o diretor da programadora.

"O portal e a convocatória criaram um processo para que as produtoras que não conhecemos cheguem até a Fox", diz Zico Góes

"O Santo" é sobre um viciado em jogo endividado acaba se tornando um "milagreiro", fundando uma igreja com o dono do casino para que devia. "É uma série para viajar pelos canais premium da Fox na América Latina", explica Góes. Já "Delivery" é baseado no dia a dia de um entregador de um laboratório ilegal de maconha medicinal.

A originalidade, no entanto, não é tudo. Segundo o diretor, a Fox considera a carreira e histórico da produtora, roteirista e diretor. "Um bom argumento não levará, necessariamente, a um bom conteúdo. Minha recomendação às produtoras menores, sem um currículo em TV, é que se associem a uma produtora grande ou busque um 'canal de entrada'", explica. Canal de entrada são canais que produzem conteúdo em grande volume, com baixo custo. Não é o caso da Fox, que investe em poucos, mas grandes, projetos.

Segunda convocatória

Nesta edição da convocatória, o foco está em projetos de ficção, destinados a canais do básico ao premium; factuais, para o NatGeo; e, uma novidade, conteúdos infantis. Não haverá espaço para realities e lifestyle. Sobre os documentários factuais, Góes diz que há dificuldade em encontrar projetos no mercado. "Todo mundo quer fazer série de ficção ou programa de culinária", diz.

A convocatória terá como núcleo o portal de envio de projetos. Quem cumprir com os requisitos poderá cadastrar seus projetos, respeitando o limite de no máximo três por autor, produtora ou equipe autoral para todas as categorias e que não tenham sido previamente apresentados à Fox. As inscrições vão até 31 de maio de 2017. Os projetos serão avaliados pela equipe de Produções Originais da FNG Latin America.

A pré-seleção dos primeiros projetos está prevista para final do mês de agosto. Assim como na edição anterior, estas ideias farão parte da etapa de "pitch" no mês de outubro, em que seus criadores terão a oportunidade de apresentá-los pessoalmente em reuniões em São Paulo e Rio de Janeiro. A seleção final será anunciada no último trimestre do ano com o objetivo de desenvolver os projetos selecionados a partir de 2018.

Em produção

Segundo Zico Góes, a Fox tem um grande volume de projetos em andamento. A programadora está terminando de editar "Prata da Casa", de André Pellenz, produzido pela Casablanca. A série, com 14 episódios de 30 minutos, estreia em maio no canal Fox.

Segunda temporada de "#Me Chama de Bruna" está em desenvolvimento.

"Um Contra Todos" já teve a segunda temporada gravada e segue para finalização. Deve estrear em junho. "É a segunda maior audiência da Fox, só perdeu para 'Walking Dead'", conta. A série recebeu boas críticas na América Latina e a programadora já estuda a produção de uma versão em espanhol.

Segunda temporada de "#Me Chama de Bruna" está em desenvolvimento. A primeira temporada foi o maior lançamento do canal Fox+ Premium nos países da América Latina, tendo superado qualquer produção americana. No Brasil, o resultado não foi tão forte por que a base do canal ainda é bastante restrita.

Financiamento

Segundo Zico Góes, a maior parte dos recursos investidos em conteúdo original é de "dinheiro bom". Hoje, 30% dos recursos são incentivados, quase que exclusivamente com Artigo 39 da MP 2228/2001. Este ano a Fox deve começar a usar o incentivo do Artigo 3ºA da Lei do Audiovisual. Com isso, os recursos incentivados podem chegar a 70% do investimento total do canal em conteúdo local original.

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