Nesta sexta-feira, 4 de dezembro, durante um dos painéis do Whext 2020, foi lançada oficialmente a plataforma Raio – Rede Audiovisual de Inclusão Orquestrada. Trata-se de uma iniciativa da APAN (Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro) que conta com parceria da APRO (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais). Na prática, a plataforma atuará como ponte entre talentos com projetos e as oportunidades de trabalho com objetivo de contribuir com a equidade de gênero e raça para consolidação de um mercado audiovisual mais diverso e representativo. Os profissionais, inclusive, já podem se inscrever para integrar o banco de talentos da Raio por meio do site.
"A composição de sua equipe representa o que você sonha para o mundo", definiu Viviane Ferreira, que é presidenta da APAN e CEO da Raio (à esquerda, na foto). "A plataforma vem para ser um espaço onde iremos contribuir com essa nova postura que o setor audiovisual brasileiro e global tem assumido no combate às desigualdades, especialmente raciais, garantindo assim que a gente consiga inserir mais profissionais diversos, competentes e qualificados no mercado", explicou. O número de talentos tem se multiplicado, assim como o das oportunidades de trabalho. Mas uma coisa não encontra a outra por conta de uma cultura de contratação e de composição de equipes no mercado de conteúdo e publicitário que tem se guiado por práticas do 'antigo normal'. A Raio é uma iniciativa que vai dar segurança de contratar os talentos criativos que o mercado está buscando e precisando garantindo a manutenção das entregas", completou.
Para Michele da Silva, gerente de recursos humanos da Raio (à direita, na foto), não basta apenas inserir profissionais diversos nas equipes e nos projetos – de diferentes regiões, gênero, raça, com deficiência – pois isso não contribui de forma efetiva para a criação de novas narrativas. É preciso que ambas as partes – contratado e contratante – saibam lidar com esse movimento. "A Raio traz a oportunidade de pensar novos mecanismos para que as empresas estejam de fato preparadas para receber esses profissionais e que eles venham a ter mesmo voz lá dentro", disse.
Silva ainda explicou que a plataforma funciona de forma bastante intuitiva – dentro do espaço online, profissionais e empresas se cadastram e preenchem as informações necessárias. No caso dos profissionais, é importante que eles incluam seus portfólios, qualificações, características de trabalho, área em que atuam. Então, o time da Raio, diante da abertura de vagas ou oportunidades em projetos específicos, assume essa ponte. "É um processo ágil e simplificado", garantiu a gerente.
Ferreira, por sua vez, pontuou: "A matéria-prima do trabalho audiovisual é a criatividade. Quanto mais pontos de vista diversos, quanto mais pessoas diferentes envolvidas nos processos, mais potente é a comunicação com a nossa audiência. Sobretudo em um mundo no qual a audiênci tem dito para todos nós que não deseja permanecer naquele lugar do 'antigo normal', da audiência sentada na frente da tela, só recebendo conteúdo. A audiência é crítica globalmente e tem dito que é preciso diversificar o setor audiovisual no que tange às questões de gênero e raça. A própria Academia do Oscar está fazendo mudanças nesse sentido".
Por fim, a CEO da Raio adiantou que, para novembro de 2021, a ideia é realizar um evento para apresentar um "ranking da diversidade do mercado brasileiro", estabelecendo o Top 10 de empresas e agências que conseguirão realmente modificar sua estrutura, processos e contribuir para maior diversidade no futuro do audiovisual brasileiro.
