Renegociação é com poucos programadores, diz DirecTV

Milton Torres, vice-presidente executivo da DirecTV Latin America para o Brasil e Cone Sul, informa a este noticiário que o processo de renegociação das condições contratuais com fornecedores e programadores a ser promovido a partir desta quarta, 8, não terá nenhuma influência sobre a continuidade das operações na região. Tudo será feito pela matriz da empresa, nos EUA. Torres explica que as negociações começaram em Nova York nesta quarta e que alguns contatos preliminares já haviam sido feitos.
Quando questionado sobre que contratos estariam sob revisão, o executivo afirmou apenas que são "muito poucos". Ele não confirma e nem nega informações de mercado de que os três principais seriam os contratos de exclusividade com HBO, Disney e para a Copa do Mundo (a DirecTV tem os direitos, exceto para o Brasil). "Não posso comentar sobre esse detalhe", diz.
Milton Torres afirma que hoje a DirecTV tem um gasto superior a 35% de sua receita com programação, o que é agravado por conta do prêmio pago pela exclusividade de alguns canais. Segundo o executivo, apesar do processo ser da máxima importância para a saúde financeira da operadora, não existe um deadline. "Se as negociações começarem mal, o processo será bem rápido. Se começarem bem, aí negociaremos com cuidado e tudo pode se alongar além de janeiro".

Dólar

Ele lembra que a empresa não recorreu ao Chapter 11 (espécie de concordata) e nem afirmou que vai fazê-lo caso não chegue a um bom termo com os programadores. "O Chapter 11 é apenas uma das possibilidades que podem ser adotadas".
A DirecTV, explica, vive exatamente a mesma situação que os demais operadores de TV paga no Brasil. "As receitas em moeda local e os custos em dólar tornaram-se impraticáveis com o cenário econômico da América Latina, inviabilizando o crescimento". Segundo Milton Torres, quando esses contratos foram fechados, não havia argumentos suficiantes para que não se indexasse os valores a uma moeda como o dólar, "até porque parte dos custos dos programadores é de fato em dólar". Na época a indexação, contudo, isso não chegava a ser um problema pois as moedas na América Latina estavam mais ou menos estáveis. "Agora isso mudou, e esse risco precisa ser dividido para as duas partes". Segundo Torres, alguns acordos intermediários com alguns programadores têm sido fechados, mas a partir de agora a empresa precisa de uma solução definitiva para voltar a crescer. "É preciso achar outra forma de dividir riscos, dores e ganhos desse mercado". Sobre o tom agressivo do comunicado que anunciou a renegociação, que soa quase como um ultimato aos programadores, Milton Torres ameniza. "A opção foi por tratar a questão com o máximo de transparência e assim evitar boatos. Ele diz ainda que o contrato com a HBO vai até meados de 2004 e que o fato de a empresa optar sempre por contratos longos (a mesma coisa acontece com a Disney) não dificultará os diálogos.
Em relação à dívida da DirecTV Latin America, Milton Torres explica que esse não é um problema grave pois a maior parte do endividamentos é com os próprios acionistas da companhia (Hughes, Clarin e Cisneros). "Além disso, não queremos só discutir como é que pagaremos eventuais débitos com os programadores, mas sim ter um contrato sólido que nos dê tranquilidade para o futuro".

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