O tema acessibilidade nos cinemas será um dos principais assuntos da indústria em 2023. Em setembro de 2022, a Ancine aprovou em reunião uma nova Instrução Normativa que dispõe sobre normas gerais e critérios básicos de acessibilidade visual e auditiva, a serem observados nos segmentos de distribuição e exibição cinematográfica. A Diretoria Colegiada da agência decidiu ainda pela convocação de uma Câmara Técnica de Exibição para aprofundamento do debate sobre a atividade.
E a Paris Filmes inicia o ano sendo pioneira ao anunciar que todo o seu line-up do ano será lançado com versões acessíveis e com os recursos de audiodescrição, legenda descritiva e libras disponíveis de maneira prática e gratuita por meio de aplicativos disponíveis para os sistemas IOS e Android. A empresa realizou, ainda em dezembro, um evento-teste fechado para o mercado, onde apresentou a ferramenta de acessibilidade funcionando em uma grande produção da distribuidora, o filme "Alerta Máximo", que estreia em janeiro nos cinemas brasileiros com 100% de recursos de acessibilidade. "Um aumento de público está entre as expectativas. Tornando a sessão ainda mais acessível e democrática com o uso dos aplicativos de celular, esperamos receber um público que tinha dificuldade de frequentar as salas de cinema", disse Marcio Fraccaroli, CEO da Paris Filmes, em entrevista para TELA VIVA. "A experiência com o evento-teste foi ótima. Conseguimos mostrar a funcionalidade, testar e ver a eficiência e praticidade que o espectador terá ao acessar a ferramenta direto do próprio celular", completou.
Tema-chave para a empresa neste ano que começa, a Paris abraça o tema que ainda vem sendo discutido pelo mercado, cuja lei está em vigor a partir de 2 de janeiro de 2023: Lei n° 13.145, de 2015, do Estatuto da Pessoa com Deficiência. O texto determina que todos os exibidores nacionais devem disponibilizar meios de acessibilidade de conteúdo para o público com deficiência visual e auditiva. Segundo dados do IBGE, no Brasil são mais de 17 milhões de brasileiros com estas deficiências e que, agora, serão beneficiados com esta medida.
"A Paris Filmes disponibiliza os conteúdos com recursos de acessibilidade desde 2017. Então vimos os maiores desafios principalmente na semana decisiva onde fizemos inúmeras reuniões e conversas com as empresas dos aplicativos e com os produtores parceiros nacionais e internacionais para entender o que era viável, seguro e o que atendia não só a lei, mas também a necessidade do público. Com as decisões tomadas, vemos um novo desafio, que é o de comunicar essa funcionalidade", explica Fraccaroli.
Estreias
Para o lançamento de "Alerta Máximo" (foto), os recursos de acessibilidade serão disponibilizados no aplicativo Mobi Load. Para ter acesso aos recursos de audiodescrição, libras e legendas descritivas, o usuário deverá baixar os arquivos por meio do aplicativo e, no momento em que estiver dentro da sala de cinema, sincronizar os arquivos com o filme que está sendo exibido.
No próximo dia 13 de janeiro, o filme já estará disponível no app, para as sessões de pré-estreia de "Alerta Máximo", para o público que precisar dos recursos de acessibilidade ou quiser testar a eficiência dessa tecnologia inclusiva e democrática. Ao longo de 2023, todos os lançamentos da Paris Filmes estarão adaptados, entre eles as sequências de "Jogos Vorazes", "John Wick 4" e "Jogos Mortais, além de "Os Três Mosqueteiros" e as grandes promessas nacionais "Minha Irmã e Eu", "Férias Trocadas" e "Tá Escrito".
"Cada stakeholder tem seu papel. Nós estamos oferecendo o conteúdo acessível já no aplicativo determinado para cada projeto. Vamos comunicar nos materiais de cinema, nos posts de redes sociais e na imprensa para que o espectador já chegue preparado na sessão dos nossos filmes. Os exibidores tendem a seguir a mesma comunicação onde informam seu público sobre o projeto e o aplicativo indicado pela distribuidora, além de estarem preparados para receber de forma mais frequente este espectador. Os produtores são nossos parceiros e já deram aval para seguir com a inclusão dos projetos nos aplicativos indicados e recomendados. E, por fim, o mais importante: o público. Dele, nós esperamos a presença para testar e nos dar feedback de melhorias. Acreditamos na funcionalidade e estamos confiantes em sua eficiência para tornar as salas de cinema ainda mais inclusivas", conclui o CEO.
