TV paga, celulares e grandes marcas devem contribuir para a produção de conteúdo local na África

Um painel no Mipcom 2012, evento de televisão que acontece em Cannes, na França, reuniu executivos da área de conteúdo audiovisual da África para discutir as tendências de produção e oportunidades no continente. Os debatedores acreditam que é a TV paga, que ainda tem muito potencial de expansão (hoje são 7,6 milhões de assinantes de DTH), o celular (uma pesquisa da GSMA estima que serão mais de 735 milhões de aparelhos até o final de 2012) e as grandes marcas que devem contribuir para o aumento do volume e da qualidade da produção local na África.

George Kimani, diretor de desenvolvimento de negócios da Continental Content Distribution, distribuidora com base no Quênia, conta que seu país vive um momento de transição digital e o número de canais pagos deve saltar de 15 para aproximadamente 40 até o fim do ano. Esse fator deve aumentar a produção local que, segundo o executivo, começou há cerca de cinco anos, especialmente com produção de dramaturgia e turismo. Ele ainda observou que o país tem mão-de-obra qualificada muito utilizada nas produções internacionais que acontecem no país. “Amamos conteúdos de fora, mas o conteúdo principal está na África. Temos histórias incríveis que ainda não foram produzidas, mas precisamos de parceiros que estejam dispostos a ir até a África e filmar lá, não produzir conteúdo sobre a África em Nova York. Precisamos de pessoas que desejam vir e precisamos de assistência técnica. Acredito que em uns três anos, o principal programa apresentado aqui (no Mipcom) será feito na África”, pondera.

Joseph Hundah, responsável pelas operações de TV por assinatura do europeu Modern Times Groups, observa que hoje a TV aberta africana é no geral muito pobre e não tem mecanismos efetivos de mensuração da audiência, por isso o mercado anunciante não investe muito no meio. No entanto, ele acredita que com o aumento da penetração da TV por assinatura, a melhoria da banda larga e a alta penetração dos telefones móveis devem mudar a perspectiva dos anunciantes. “Acredito que grandes marcas poderão colocar dinheiro nas produções e é assim que a coisa vai acontecer”, diz.

O nigeriano Jason Njouku, CEO e fundador da iROKO TV, focada na distribuição de conteúdo africano, já vê boas expectativas de negócio devido à vigorosa indústria de filmes de seu país, apelidada de Nollywood. A Nigéria produz 2 mil filmes por ano. Cada filme demora entre 7 e 10 dias para ser concluído e os orçamentos variam entre US$ 10 mil e US$ 15 mil. No país, são mais de 300 produtores e as maiores conseguem produzir uma média de 40 filmes por ano. Segundo Njouku, a Nigéria produz metade dos filmes que os americanos consomem e o caminho mais tradicional de distribuição é a mídia física e muito dinheiro é perdido com a pirataria. Em parceria com um investidor alemão, o executivo criou uma plataforma para fazer a distribuição online deste conteúdo.

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