Conteúdo de reality deve seguir tendência de segmentação

A capacidade do reality de se segmentar e reinventar deve manter o gênero na lista de programas mais assistidos por muitos anos. Essa foi a conclusão em um painel que reuniu produtores e exibidores no TelasFórum nesta segunda, 9.

"Trata-se de um modelo muito perene. Há inúmeros exemplos de produções que estão na televisão há muito tempo no Brasil e no exterior. 'Big Brother', 'Got Talent', 'Masterchef', 'Fazenda' – a lista é extensa", diz Daniela Busoli, sócia e fundadora da Formata. A executiva trabalhou para Endemol e Fremantle antes de fundar sua própria produtora no primeiro semestre deste ano. Entre os projetos da nova empresa estão "Hell's Kitchen", em parceria com Fremantle e SBT; "Pequenos Campeões", também exibido na emissora paulista; e "Papito in Love", no ar pela MTV.

"A tendência é se desdobrar cada vez mais e se diversificar em diversos formatos capazes de ocupar espaço na TV por um longo tempo", disse Fernando Sugueno, diretor de conteúdo e programação da Band. O canal está comemorando o sucesso recente da atração "Masterchef". Além de apresentar bons resultados na audiência, a atração colocou o canal na liderança do Ibope Twitter TV Ratings durante toda sua exibição. "Esse é um tipo de conteúdo que tem repercussão diferenciada nas redes sociais e isso tem muito valor para o anunciante, que vê o engajamento do consumidor com o conteúdo", avaliou o diretor.

Segundo William Pesenti, diretor de novos negócios do SBT, a boa repercussão dos realities nas redes sociais também foi notada pelo canal, que exibe programas como "Hell's Kitchen" e "Bake Off Brasil". "O telespectador se envolve muito com realities. Ele acompanha, torce e isso reflete nas redes sociais. Hoje o canal está explorando novas plataformas e vemos a interação com público crescendo principalmente nesses programas. Algumas vezes, essa intereação é conduzida pelo próprio apresentador, como ocorre com o Bertolazzi no 'Hell's Kitchen'. Estamos sempre incentivando esse tipo de interação",disse.

Originalidade e experimentação

Apesar de ter conquistado espaço considerável na televisão brasileira nos últimos quinze anos, a maioria das produções de realities nacionais derivam de adaptações de formatos internacionais de sucesso. Criar formatos próprios para explorar comercialmente e até mesmo exportar para outros países é uma possibilidade que agrada a produtores e exibidores do país. Há, no entanto, uma série de obstáculos a serem superados, incluindo a pouca presença deste tipo de conteúdo brasileiro no mercado internacional e, ao menos até pouco tempo atrás, a falta de espaço para experimentações.

"É sempre difícil para um canal investir em algo que não tenha garantia de boa primeira temporada. Além disso, existem muitas ideias de realities que encontram equivalentes em outros países. Para evitar atrito e minimizar riscos, geralmente o canal opta por comprar o formato pronto", explicou Sugueno, da Band.

Segundo Busoli, a ideia de fundar a Formata veio justamente do desejo de criar formatos originais brasileiros. "Acho que tem que começar uma hora. É muito mais seguro para TV, principalmente aberta, comprar formato estrangeiro porque já vem com histórico de audiência de diferentes países e isso minimiza o risco de baixa audiência. No entanto, vemos no mercado internacional sem grandes inovações há alguns anos, e isso pode ser um espaço para inovarmos", avaliou Busoli.

Para ela, a Lei 12.485, que estabeleceu cotas para conteúdo nacional na TV paga, abriu espaço para maiores experimentações. Isso porque, embora também dependam do público, os canais de TV paga sofrem menos pressão direta da audiência. "É um processo de erro e acerto. Mesmo na TV aberta tive algumas experiências ruins, e temos casos de realities originais de grande sucesso. Nesse aspecto, a lei benefícia a experimentação ao abrir o espaçoo da TV paga", disse.

Para Carla Albuquerque, produtora executiva e proprietária da Medialand, será a qualidade dos formatos criados que determinará o sucesso da empreitada no mercado nacional e internacional. "Lembro que escutei uma vez do produtor de 'Cops' que criar um formato é como tocar um instrumento. Tem que ralar muito para criar algo que valha dinheiro. Quando o formato é bom, ele se exporta e cria diversos subprodutos", disse. Especializada nos chamados reality raiz, que levam ao telespectador situações de risco e tensão, a Medialand foi responsável pela produção de programas como "Operação Policial" e "Médicos".

"Operação Policial", disse, já viajou mais de 30 países, e foi bem recebida mesmo em locais pouco prováveis como a Coréia. "É impressionante, compravam episódios em grandes quantidades. Como lá não há exclusividade, aconteceu até mesmo de dois canais concorrentes comprarem o conteúdo". Segundo a produtora, já é comum a Medialand receber pedidos de consultoria de produtores estrangeiros para realities policiais, por exemplo.

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