Para Claro, tecnologia é diferencial no empacotamento de conteúdo

A partir da esquerda: Fabio Coelho, Sergio Maria, Clarissa Gaiatto, Fernando Magalhães e Márcio Gomes. Crédito: Gilberto Marques/CNN Brasil.

A transição do modelo tradicional de TV por assinatura para a distribuição por streaming e contato direto com o consumidor não tem sido fácil para os grandes grupos de mídia. É a opinião de Fernando Magalhães, diretor de programação e conteúdo da Claro, no CNN Talks, evento da CNN Brasil realizado pela empresas de notícias nesta sexta, 11, em São Paulo. O modelo disruptivo do streaming permitiu que os grandes grupos criassem suas próprias plataformas de conteúdo. Segundo o executivo da Claro, parecia que seria fácil, mas o que se criou foi uma "megacompetição" com reflexos negativos nos valores de ações das empresas.

Para Magalhães, o "monopólio" da distribuição na mão das telcos garantia uma segurança às empresas de mídia que não existe mais. "Fora do modelo das telcos, é fácil assinar, mas também é fácil cancelar, substituir e compartilhar senhas, o que deixou a competição mais complexa", diz. Esta competição valoriza ainda mais o conteúdo. "Para as plataformas serem relevantes, para que o assinante contrate e, mais importante, não cancele, é necessário grande investimento em conteúdo", diz.

Coube às empresas de telecomunicações se reinventarem para manter valor na agregação de conteúdos, agora distribuídos através de aplicativos. "A competição saiu do jogo da quantidade de canais e passou a ser pela capacidade de tecnologia de entrega do conteúdo", disse Magalhães. Segundo ele, ao ter os aplicativos dentro da plataforma da Claro, o assinante tem mais facilidade na busca, melhorando sua experiência. "O valor está nos metadados", completou.

Também houve uma mudança na percepção de valor do serviço de canais lineares. Antes, lembra o executivo da Claro, eram oferecidos pacotes mais ou menos completos, com ofertas de valores diferentes. "Vimos que o churn rate era muito maior entre os assinantes dos pacotes mini-básico e básico. Hoje oferecemos apenas o pacote avançado", conta. A diferença no preço, mais uma vez, passa a ser na tecnologia. O assinante pode optar por uma assinatura mais em conta, baseada na distribuição por aplicativo instalados nas smart TVs, ou com uma caixa que garante maior qualidade de imagem e menor delay.

Ele ainda lembrou a importância da banda larga na distribuição de conteúdo. "Todo o conteúdo que estamos falando aqui passa pelas redes das telcos", disse.

Qualquer lugar e hora

No mesmo painel do evento, Fábio Coelho, presidente do Google no Brasil, à frente também do YouTube, disse que é possível ganhar dinheiro de uma forma eficiente ao distribuir conteúdo em formatos diferentes para públicos diferentes alcançando novos dispositivos e telas. "Essa inovação é muito bem-vinda, os usuários continuam usando vários formatos e plataformas; no próprio YouTube, o Shorts, que oferece vídeos curtos, já tem 2 bilhões de usuários mensais ao redor do mundo", disse.

Para Coelho, cabe às plataformas atraírem o conteúdo de qualidade, ao mesmo tempo em que removem aqueles sem qualidade.

Para Sérgio Maria, VP de Digital e Inovação da CNN Brasil, a empresa, embora multiplataforma, ainda é muito vista como televisão. "Por isso é tão importante estarmos em todas as plataformas", constatou. Ele revelou que 40% do conteúdo assistido do canal no YouTube é consumido na TV. Para o VP, o fato inédito de termos atualmente cinco gerações que acessam conteúdos de modos diferentes só amplia a necessidade de se valorizar a relevância desses conteúdos.

2 COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui