Ainda com receitas em queda, Globo tem resultado operacional negativo

Saiu o balanço do Grupo Globo referente ao ano de 2017. Conforme este noticiário havia antecipado em análise publicada no ano passado, pela primeira vez a TV Globo teve resultado operacional negativo, numa combinação de queda de receitas que não foram acompanhadas por uma redução proporcional nos custos (possivelmente por conta da contabilização dos custos de direitos para a Copa do Mundo). De qualquer maneira, considerando os resultados financeiros, o grupo ainda teve um lucro bastante significativo, praticamente estável em relação ao ano de 2016. A novidade é que a distribuição de dividendos aos acionistas despencou no ano passado.

Receitas

Em termos de receita, houve uma queda expressiva na controladora (TV Globo e operações de Internet), mas também uma queda nas controladas (TV paga e mídia impressa), o que se refletiu no resultado consolidado. A receita líquida da controladora foi de R$ 9,779 bilhões em 2017, contra R$ 10,247 bilhões em 2016. A queda, de 4,5%, se deve ao mercado publicitário, já que a receita líquida considera principalmente os resultados de vendas, publicidades e serviços. Ou seja, a Globo teve uma perda de R$ 468 milhões. Considerando o resultado consolidado (incluindo TV paga e mídia impressa) a queda na receita foi um pouco maior, de R$ 531 milhões, totalizando em 2017 uma receita líquida de R$ 14,801 bilhões (contra R$ 15,332 bilhões em 2016, o que significa uma queda de 3,4%). Mesmo com a queda no mercado de TV por assinatura, a piora no resultado da Globo se explica principalmente pela retração (ou maior concorrência) no mercado publicitário. A boa notícia é que o ritmo de queda de receitas do grupo desacelerou em relação a 2015 e 2016, quando vinha ficando na casa dos 10%.

Resultado operacional

Os custos da controladora permaneceram praticamente estáveis, com um leve aumento nas despesas administrativas, o que levou a Globo a um resultado operacional líquido negativo em R$ 83,3 milhões, contra um resultado positivo em 2016 de R$ 191 milhões. Esta queda no resultado operacional já vinha sendo sentida nos últimos três anos, mas é a primeira vez que um resultado negativo é registrado na controladora.

Olhando-se os resultados consolidados, percebe-se que as outras empresas do grupo ainda contribuem positivamente, de modo que o resultado operacional volta a ficar positivo, ainda que menor. Em 2016, o resultado operacional líquido consolidado havia sido de R$ 2,07 bilhões, e em 2017 este número baixou para R$ 1,8 bilhão, uma queda de 13% aproximadamente.

Lucro

A Globo, contudo, tem um patrimônio e caixa acumulados que asseguram um importante resultado nas receitas financeiras, o que faz com que o grupo apresente lucro, mas é importante notar que houve, de 2016 para 2017, uma queda expressiva nas receitas financeiras, possivelmente em decorrência da distribuição de dividendos ocorrida em 2016. Em 2017, a receita financeira consolidada foi de R$ 943,4 milhões, contra R$ 1,617 bilhão em 2016, ou seja, uma queda de mais de 41%.

Ainda assim, esta receita financeira assegurou um lucro expressivo ao grupo Globo. Em 2017, o resultado final foi positivo em R$ 1,853 bilhão, contra R$ 1,956 bilhão em 2016, uma queda de 5,2%.

Dividendos

Um fato a se destacar é que a distribuição de dividendos aos acionistas em 2017 foi a menor registrada em mais de uma década de acompanhamento dos balanços do grupo. No ano passado, foram pagos R$ 116 milhões, contra R$ 2,53 bilhões no ano anterior. Isso produziu um efeito importante no balanço: a retomada da trajetória de aumento do caixa, que passou de R$ 2,45 bilhões para R$ 2,97 bilhões, depois de uma expressiva queda em 2016. Ao que tudo indica, a Globo busca assegurar um colchão financeiro para enfrentar os próximos anos.

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