Evento aponta distorções na parceria TV/cinema

Se por um lado a entrada das redes de TV na co-produção em cinema garantiu o aumento do público médio, por outro, acabou criando distorções no mercado. É a conclusão que se chegou no primeiro painel do seminário "Tendências e perspectivas do negócio audiovisual", que acontece entre 15 e 18 de agosto, em São Paulo, e é organizado por USP, UFSCAR, FAAP, ABPI-TV, Secretaria de Estado da Cultura e Consulado da França.
Para Gabriel Priolli, presidente da Tal (Televisão América Latina) e da ABTU (Associação Brasileira das TVs Universitárias), a entrada das emissoras de TV no cinema não se deu como no resto do mundo, ou seja, como compradoras de conteúdo, mas como produtoras ou co-produtoras. "Elas passaram a ditar as regras do cinema brasileiro", afirmou. O produtor de cinema e de conteúdo independente para TV Roberto D'Avila concorda. Segundo ele, todos os filmes lançados nos últimos dez anos e que tenham superado a marca de um milhão de espectadores foram co-produzidos com a Globo Filmes. "As distribuidoras (que investem através do Artigo 3º da Lei do Audiovisual) preferem aplicar seus recursos nos filmes que tenham a Globo Filmes como sócia, já que parte do investimento em mídia está garantido".

Mercado estagnado

Mas D'Avila culpa ainda o mercado e as formas de financiamento pela estagnação do cinema brasileiro. "O cinema está estagnado porque não temos a obrigação de nos relacionarmos com o público", afirmou, citando mecanismos internacionais de incentivo que garantem investimentos baseados na performance do filme anterior do mesmo produtor. "É preciso reformar os mecanismo no Brasil. Fazer menos filmes, mas melhores", diz. Outra saída apontada pelo produtor é a co-produção internacional, garantindo não apenas o financiamento de vários países, mas vários mercados para serem explorados.

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