Streaming faz reality show se reinventar e abre espaço para novas temáticas e dinâmicas no consumo do formato

O consumo de conteúdos não-ficcionais segue uma curva de crescimento no mundo e, especialmente, no Brasil e na América Latina. Segundo uma pesquisa da Parrots Analytics, entre os anos de 2018 e 2021, o gênero que mais cresceu dentro do streaming foi o documentário. Nessa gama de produtos non-fiction, destacam-se ainda os reality shows. Uma pesquisa da Behup revelou que, nos meses mais críticos da pandemia, mais de 80% dos brasileiros assistiram alguma atração no formato. Os jovens e millennials foram os que mais viram reality show na pandemia: 87% dos entrevistados entre 18 e 24 anos assistiram; 88% entre 25 e 34 assistiram; 82% entre 35 e 44 anos assistiram; e 79% acima dos 45 anos assistiram – o que indica que o consumo é alto mesmo em diferentes faixas etárias. De acordo com uma outra análise, desta vez da MindMiners, 56% dos brasileiros assistem reality shows pelo menos três vezes por semana. 

"Tivemos realmente o boom do non-fiction na pandemia e o reality show fez muito parte disso porque ele apresenta os mesmos elementos de gêneros como o documentário – entre eles, a conexão humana. É um gênero que veio para ficar e que abre um campo de infinitas possibilidades, onde podemos falar dos mais diversos assuntos. Além disso, é possível se adaptar a diferentes públicos, de acordo com a sua estratégia. Ou seja, é muito flexível", argumentou Verônica Villa, head de desenvolvimento de não-ficção para a HBO Max do Brasil, em entrevista exclusiva para TELA VIVA.

Com o advento das plataformas de streaming, os reality shows ganharam ainda mais espaço e proporcionaram ao público uma nova forma de consumir esse tipo de conteúdo – se antes o reality era restrito à programação linear dos canais de TV e, por isso, "obrigava" a audiência a assistir em um mesmo horário estipulado, as plataformas ampliaram as possibilidades, permitindo que cada um assista no seu tempo, quantas vezes quiser. Em uma rápida olhada na categoria "Em Alta" da Netflix, por exemplo, encontramos diversos títulos de reality: "The Circle EUA", "Casamento às Cegas Brasil", "Brincando com Fogo Brasil", "Are You The One?" e "O Blefe de 1 Milhão" são alguns exemplos – o que comprova que o público, apesar de anteriormente ser acostumado a assistir reality pela TV, já se adaptou à nova opção. 

"Nossa prioridade é nosso assinante e sabemos que há um apetite enorme dele por reality shows. É um dos formatos preferidos dos brasileiros. Estamos investindo cada vez mais em reality de duas formas – seja trazendo produções que fazem sucesso globalmente, mas com talentos, histórias e a cultura local retratando a realidade brasileira, seja investindo no desenvolvimento de formatos totalmente novos aqui no Brasil", adiantou Elisabetta Zenatti, vice-presidente de Conteúdo da Netflix no Brasil. 

"Os reality shows têm um consumo muito alto, vemos isto tanto através das nossas próprias produções quanto de produções do formato que licenciamos. Já sabemos disso historicamente, na TV aberta e na fechada também, com vários formatos interessantes de sucesso. E não será e não tem sido diferente no Prime Video. Temos muito interesse nesse tipo de formato porque somos obcecados pelo consumidor e vemos o que o consumidor realmente gosta e continua consumindo", reforçou Malu Miranda, head de Conteúdo Brasileiro do Amazon Studios.

Atualmente, as principais plataformas de streaming disponíveis no país já têm reality shows em seus catálogos e, ao mesmo tempo, estão produzindo novas temporadas ou produções inéditas – é o caso da HBO Max, Paramount+, Amazon Prime Video, discovery+ e Netflix, entre outras.

"Nossa prioridade é nosso assinante e sabemos que há um apetite enorme dele por reality shows. É um dos formatos preferidos dos brasileiros", diz Elisabetta Zenatti, da Netflix

Mais tempo de produção e orçamentos maiores  

Eduardo Gaspar é vice-presidente de criação na Endemol Shine Brasil, produtora de diversos títulos de reality no país, tais como "Casamento às Cegas Brasil" (Netflix) e "Queen Stars Brasil" (HBO Max) para o streaming e "The Masked Singer" (TV Globo) e "MasterChef Brasil" (Band) para a TV. "Já produzi reality para plataformas diferentes e, com a chegada do streaming, pude observar uma diferença em relação ao tempo de produção, que no caso de uma obra para o streaming é muito maior do que aquele que temos para TV aberta ou a cabo. E não só o tempo de pré-produção e de desenvolvimento, mas também a pós-produção. Existe uma imersão que passa pelo casting, a estrutura e a adaptação local do projeto – no caso de formatos internacionais. São mais idas e vindas. Projetos para a TV têm um tempo menor. No streaming, chegamos a ter projetos que duram cerca de dez meses antes de ir ao ar. O processo de pós passa também por entender o momento certo de lançar, pois as plataformas pensam de forma global, e não só local. Elas juntam estreias dentro do cronograma para que uma coisa não canibalize a outra. A gente está acostumado com o imediatismo da TV – é um tempo executável, mas muito diferente do streaming", analisa. "Mas independente da janela, acima de tudo o reality precisa de uma boa história. O principal é isso. Preciso ter personagens que vão me ajudar a contar essa história. Não sabemos exatamente que história será essa, que fim ela vai ter, afinal é um 'show de realidade'. Temos estímulos que são dados aos participantes e vemos, a partir daí, o que acontece", completa. 

A Floresta é outra produtora que se destaca quando o assunto é reality show – a empresa assina, por exemplo, a produção de "Soltos em Floripa" (Prime Video) e de "Ideias à Venda" (Netflix) no streaming, além do "De Férias com o Ex" (MTV), "Top Chef" (Record TV) e "Shark Tank Brasil" (Sony Channel) na TV. Sobre o formato, Flavia Morete, diretora de conteúdo da Floresta, diz: "Todo o mundo, mas o brasileiro em especial, é apaixonado por reality, então esse movimento do streaming se torna natural à medida em que as plataformas vêm ganhando cada vez mais espaço na vida das pessoas. Vale lembrar que o Brasil é um dos países que mais têm assinantes. A essência segue a mesma, mas adaptada para a lógica do streaming, com todos os ingredientes que um bom reality deve ter. Os ganchos entre os episódios precisam ser muito bem construídos para que a audiência permaneça engajada e interessada no produto. A produção para canais de TV aberta ou fechada permite alguns ajustes de edição até a programação seguinte, por exemplo. Às vezes, dependendo do andamento da pós-produção, conseguimos sentir e usar a repercussão em real time das redes sociais para adaptar os próximos episódios, o que não é possível fazer quando o programa tem estreia simultânea de todos os episódios no streaming. São questões técnicas e aprendizados que fomos tendo ao longo de nossas produções". 

Sobre as possíveis diferenças de produção entre os produtos que serão lançados na TV ou no streaming, Flavia afirma: "Estamos sempre atentos às mudanças de comportamento e consumo e, consequentemente, testando novos formatos. Uma das grandes questões é a forma como o conteúdo será consumido. No streaming, por exemplo, as transições dos episódios não podem ser muito longas, porque para quem está maratonando pode ser cansativo. O início de uma narrativa no streaming também deve ser rápido para deixar a audiência interessada no show. Assim como a evolução dos acontecimentos e as ações dos personagens precisam ser dinâmicas, precisamos envolver o público rapidamente e convencê-lo de que vale a pena maratonar". A diretora da Floresta concorda com Gaspar sobre os tempos de produção dos reality shows, que no streaming são maiores, e acrescenta: "Os orçamentos também costumam ser maiores, o que nos proporciona mais possibilidades criativas e mais valor de produção". 

Flavia Morete, diretora de conteúdo da Floresta, aponta que orçamentos maiores do streaming proporciona mais possibilidades criativas e valor de produção

Impacto das redes sociais na experiência de consumo 

"A experiência de consumir reality show foi potencializada pelas redes sociais", declarou Gaspar, da Endemol. E é fato: o consumo do gênero no Brasil não se restringe à televisão ou ao streaming. Nas redes sociais, o consumo cresceu 117% de 2020 para 2021, de acordo com a Kantar TV Ratings. Frequentemente, os programas do formato ganham os "Trending Topics" do Twitter e os participantes das atrações conquistam, rapidamente, milhares de seguidores no Instagram. 

Quando os reality shows começaram a ser lançados diretamente no streaming, muito se falava da questão do spoiler: com todos os episódios disponíveis nas plataformas de uma vez, ou no caso daquelas que liberam um episódio por semana e assim possibilitam que algumas pessoas vejam antes das outras, como não ser impactado e descobrir o que aconteceu antes de assistir? Para os especialistas entrevistados por TELA VIVA, isso não é um problema. "Sinto que as pessoas não deixam de assistir por causa do spoiler. Elas querem acompanhar a trajetória do herói independente do resultado final, ou seja, não é saber quem ganhou o reality em si, e sim como foi, quais foram as provas, os desafios. O Twitter é hoje um dos principais termômetros de audiência que temos. Ali, percebo um movimento de pessoas que entram nas redes para comentar o último episódio que lançou e, quando se deparam com spoilers dos próximos, ficam ainda mais curiosas. Spoiler não é mais spoiler, e sim impulsionamento de interesse da audiência", declara Gaspar. "As redes sociais fazem com que pessoas que não estavam dispostas a acompanhar determinado reality se sintam motivadas a assistir por conta das conversas. A estratégia de algumas plataformas de não lançar todos os episódios de uma vez é boa também. É uma forma de engajar a audiência e faz com que você acabe ficando no 'Top 10' por mais tempo", completa. 

Verônica, da HBO Max, concorda: "Reality no streaming é outra dinâmica. Nosso buzz não é o da sala cheia, todo mundo assistindo. Mas quando a gente segmenta a exibição – por exemplo, em 'Queen Stars', que lançamos três episódios por vez e a final isolada -, esse espaço é o momento do nosso buzz. É quando as pessoas vão comentar no WhatsApp, vão para o Twitter saber o que está sendo dito da série. Os grupos de discussão que se formam também colaboram muito com a popularização do reality no streaming. Grande parte da audiência de reality é da Geração Z e eles começam esse consumo nas redes sociais. Muitos souberam do 'Queen Stars' pelo TikTok". 

Eduardo Gaspar, da Endemol, afirma que spoilers nas redes sociais viraram "impulsionadores de audiência" para os reality shows

As vantagens dos lançamentos simultâneos 

A MTV foi uma das pioneiras no modelo de trabalhar conteúdos no streaming e no linear simultaneamente – ela faz isso com reality shows como "De Férias com o Ex" e "Rio Shore", por exemplo. "São janelas que se complementam de maneira simbiótica. O linear permite que a audiência assista ao mesmo tempo, se conecte e interaja, mas o streaming dá a oportunidade de ver primeiro, de maratonar e também de rever – quando acontece muita coisa no reality, o que é comum nessas produções da MTV, é legal poder voltar para o começo para ver como foi esse desenvolvimento. No caso de 'Rio Shore', assim que anunciamos a estreia da segunda temporada notamos um crescimento no consumo da primeira pelo streaming. Ou seja, é um ecossistema que se retroalimenta", conta Natália Juliao, vice-presidente de estratégia de conteúdo e programação de Paramount+ e Pluto TV. Nesse sentido, o buzz que os conteúdos geram nas redes sociais são benéficos. "A gente nota que mais pessoas vão chegando ao longo da temporada. O consumo se constrói. Por mais que estejamos na semana do episódio 7, por exemplo, que normalmente é o que está em alta no streaming, ainda tem muita gente assistindo ao primeiro. Esse é um modelo de consumo que só o streaming permite", defende Natália. Para a próxima temporada de "Rio Shore", a novidade é que, além dos episódios inéditos na televisão, será lançado um canal exclusivo da franquia em Pluto TV, o MTV Shore, com spin-offs, programas passados e outras temporadas. 

Desde que foi lançada no Brasil, a discovery+ também tem feito estreias combinadas de suas produções, com conteúdos que estreiam na TV e, ao mesmo tempo, já chegam com mais de um episódio disponível no streaming. "A estratégia de lançamento na plataforma é customizada para cada caso, tendo em vista uma série de fatores que vão desde o tipo de formato, se é ou não um lançamento global, e a relevância da exclusividade. Em geral, os consumidores vêem valor na plataforma quando encontram ali conteúdos autênticos e exclusivos que não acham em outro lugar.  Por isso, a prioridade é manter uma oferta robusta e de qualidade dos originals, conteúdos produzidos com exclusividade para o discovery+. Depois, temos franquias que já são bastante conhecidas dos canais, que estreiam no linear e concomitantemente na plataforma, dando a oportunidade para o viewer assistir onde e quando quiser, e ainda acessar mais conteúdos referentes àquela mesma série, como mais temporadas, episódios e conteúdos relacionados", explica Monica Pimentel, VP de conteúdo Warner Bros. Discovery. "Além disso, temos no Brasil acordos de coprodução com as TVs abertas, em que os direitos de janelas são respeitados, e onde trabalhamos uma estratégia que faça sentido para cada meio. Acabamos de lançar,  por exemplo, o 'Cozinhe Se Puder – Mestres da Sabotagem', com o Otaviano Costa, em parceria com o SBT. Neste caso, os episódios são lançados semanalmente nos canais lineares SBT e Discovery Home & Health e são disponibilizados em sequência no nosso streaming para quem quer maratonar", acrescenta. 

Natália Juliao, da Paramount, acredita na estratégia de lançar realities no streaming e na programação linear ao mesmo tempo

Streaming abre espaço para pautas mais diversas 

"Nós, como streaming, conseguimos ser mais ousados, arriscar e inovar mais, tanto em formatos quanto em temáticas", declara Verônica Villa, da HBO Max. "A TV aberta e a cabo vêm de longos anos carregando uma audiência muito sólida e, por isso, não querem desagradar. Acho que existe uma questão de não forçar limites. A gente, por outro lado, está chegando mais fresh, com um público que está mais aberto a receber essas novas temáticas. 'Queen Stars', que traz a arte drag do Brasil, é um exemplo perfeito. É daí pra mais. A ideia é pensar fora da caixa. A TV é mais engessada enquanto, no streaming, tem espaço para tudo. Onde a gente puder arriscar, vale a pena", complementa. "Diversidade não é escolha, e sim obrigação. Não só na frente mas também atrás das câmeras. Estamos em um trabalho muito forte de fazer isso se refletir nas equipes também. É algo que veio para ficar", conclui. 

Do ponto de vista do produtor, Eduardo Gaspar concorda: "Às vezes, temos liberdade de abordar no streaming alguns temas que não têm espaço na TV aberta, com plataformas que bancam esses assuntos e querem trazer à tona discussões mais diversificadas nesse meio. Tem canais de TV que topam discutir todos os assuntos abertamente, mas não é a maioria".

"Nós, como streaming, conseguimos ser mais ousados, arriscar e inovar mais, tanto em formatos quanto em temáticas", declara Verônica Villa, da HBO Max no Brasil

A reinvenção do reality 

O reality é um formato bastante popular na TV brasileira – o "Big Brother Brasil", por exemplo, já está no ar há 22 edições. Atrações do tipo seguem fazendo sucesso até hoje, mas a chegada do streaming e a nova dinâmica de consumo que ele apresentou fez com que o reality precisasse se reinventar e se adaptar. "Essa reinvenção aconteceu com reality shows – nativos da TV linear ou nascidos no streaming – da mesma forma que séries de ficção e filmes também passaram por mudanças após o streaming. Seja em tipo de conteúdo, forma de produção ou até no hábito de consumo do público, o streaming abriu uma porta para que novos tipos de produções pudessem chegar a nichos de pessoas que não eram atendidas por conta de espaços mais limitados em grades de programação, por exemplo", diz Elisabetta, da Netflix. 

Natália, da Paramount, complementa: "O modelo de consumo do streaming fez com que a gente atualizasse os formatos, mexendo na maneira como construímos o gancho dos episódios, por exemplo. Antes eram blocos de programas entremeados por comerciais. Muitas adaptações foram feitas. Nós, como Paramount, sempre tivemos essa expertise do reality. A MTV literalmente inventou o reality show, a franquia 'Shore' existe há décadas. Notamos que outros players do mercado demoraram para entender como reality poderia funcionar no streaming. Agora, muitos entenderam, temos bons produtos disponíveis. Mas o mercado levou tempo para compreender qual era o tempo e o formato ideal de reality para streaming". 

Já Monica Pimentel, da Warner Bros. Discovery, afirma: "A gente sempre primou pela qualidade dos conteúdos, e para isso não importa a plataforma. A plataforma é um destino, uma ferramenta que possibilita uma interação diferente entre o usuário e o conteúdo. Mas tudo na verdade começa com uma boa história. Para os criativos – os profissionais da área de produção e desenvolvimento – a plataforma nem deveria estar em discussão. Ela é um meio de distribuição. O importante é saber se você tem algo que vai fazer com que o viewer distraído com a oferta gigante de conteúdo dedique algumas horas do seu disputadíssimo tempo para assistir. E, claro, aí sim adequar ao melhor formato possível. Às vezes vai ser um documentário, outras vezes a história tem uma premissa que pode se desdobrar em novas temporadas, dando origem a uma série. A série pode ser contada em capítulos, adicionando fatores novos à trama, ou pode ser episódica. Alguns conteúdos funcionam melhor em formatos de 30 minutos, outros de 60 minutos, outros de 120. Mas o epicentro de tudo é a história e obviamente a qualidade dos recursos artísticos atribuídos ao produto que fazem a mágica acontecer". 

Monica Pimentel, da Warner Bros. Discovery, ressalta que o grupo sempre primou pela qualidade dos conteúdos e que, nesse sentido, não importa a plataforma

O que vem por aí? 

Sejam produtoras, sejam plataformas, todos concordam que o reality show é uma grande tendência da atualidade que vai continuar em alta a longo prazo. "Para nós é natural, porque temos foco total na vida real, então os realities fazem parte desde o primeiro dia de nossa oferta de streaming. Mas eles nunca estiveram tão em alta", reforçou Monica, da Discovery. Malu, do Prime Video, acrescentou: "Enquanto os nossos assinantes e o consumidor brasileiro continuarem vorazmente consumindo reality, estaremos produzindo. A demanda existe, o Brasil se diverte muito com formatos de reality e nós nos divertimos mais ainda fazendo. Estamos sempre pensando em novos formatos, criando e pensando em novas produções. É um formato que sempre vai nos interessar enquanto interessar ao nosso público". 

Nesse sentido, alguns dos players preparam formatos originais nacionais de reality show, como a Netflix. "Estamos investindo no desenvolvimento de formatos originais brasileiros junto com os nossos parceiros locais. Sabemos que ainda temos um longo caminho para chegar na melhor versão dessa ideia. A indústria brasileira ainda é conservadora quando se trata de desenvolvimento de conteúdos originais em reality show, parte pelo baixo risco dos formatos internacionais de sucesso, parte pelo pouco investimento em desenvolvimento de ideias originais no formato. E isso só vai mudar se, de fato, existir esse investimento em testar novas ideias, elaborar as dinâmicas, ouvir novas vozes e perspectivas", explicou Elisabetta. 

Verônica, da HBO, por sua vez, revelou: "Já estamos com a mão na massa para a criação de dois novos formatos originais da casa, feitos dentro da HBO Max". 

Os especialistas apontam algumas tendências para o formato. Realities sobre relacionamentos – discutir relação, mostrar como relações começam, terminam e seus meandres; formatos com celebridades em situações que o público não está acostumado a ver; games físicos, que testam habilidades e levam a situações extremas; e empreendedorismo com uma linguagem mais acessível são as apostas de Eduardo Gaspar, da Endemol. Já os formatos híbridos, que brincam mais e não estão engessados em fórmulas que já existem, misturando, por exemplo, cooking show com dating, confinamento com talent show, e sempre atrelados à diversidade, representando as mais diversas raças, gêneros e classes sociais, são as tendências que Verônica, da HBO, enxerga. "Mesmo em formatos consolidados, precisamos de um twist, uma novidade. Previsibilidade é ruim. A surpresa é a mágica do reality show", ela diz. 

Malu Miranda, do Prime Video, adianta as estreias dos realities "Match nas Estrelas", das novas temporadas de "LOL: Se Rir, Já Era!" e de "Soltos em Salvador"

Lançamentos 

Entre as próximas estreias de realities das plataformas, estão "A Ponte – The Bridge Brasil" (produção da Endemol) na HBO Max; a segunda temporada de "Casamento às Cegas Brasil" (Endemol) e "Queer Eye Brasil" (Floresta) na Netflix; a segunda temporada de "Rio Shore" (Endemol), na MTV/Paramount+; "Match nas Estrelas" (Sentimental Filme), duas novas temporadas de "LOL: Se Rir, Já Era!" (Formata) e "Soltos em Salvador" (Floresta) no Prime Video; e "Largados e Pelados Brasil" e "190 – Inteligência Cintra o Crime" na discovery+. 

Evento

No dia 23 de maio, o evento Streaming Brasil debate os rumos da distribuição online, abordando os novos modelos, as oportunidades para produtores de conteúdos, talentos e marcas, os novos players e os novos consumidores.

Realizado há cinco edições em parceria das publicações TELETIME e TELA VIVA, o evento reúne em ambiente online empresas de produção e distribuição de conteúdos por Internet, incluindo plataformas OTT, operadores de CDNs, integradores de plataformas, produtores, canais, agregadores (e as antigas MCNs), criadores de conteúdo, empresas de banda larga e TV por assinatura tradicionais, grupos de mídia, produtores audiovisuais e reguladores, empresas de telecomunicações e fabricantes de dispositivos conectados e provedores de serviços por streaming.

Para mais informações e inscrições, acesse o site: https://teletime.com.br/brasilstreaming/

1 COMENTÁRIO

  1. Parabéns, Mariana Toledo! Sou jornalista há décadas e esse tipo de matéria que você fez é um dos mais trabalhosos e desgastantes (para escrever). Exige muita imersão, atenção, memória e sensibilidade para linkar falas de forma oportuna. Organizar começo, meio e fim num crescente, dando espaço a todos os entrevistados, exige esse seu talento. Imagine isso nos tempos da máquina de escrever. rsrs Trabalhar com várias fontes e obter informações novas e interessantes é também sinal de que você pergunta muito bem, tem muito senso crítico. Por fim, você deve gostar muito de realities. rs Louvável também a coragem da publicação (Tela Viva) em investir em grandes matérias, o que só pode acontecer por meio do investimento em raros (e caros!) profissionais do seu nível.

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