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Multiplataforma, CNN Brasil busca base perdida da TV paga

Um dos executivos mais experientes na programação de TV por assinatura no Brasil, Anthony Doyle assumiu a vice-presidência de distribuição da CNN Brasil, após 24 anos na Turner. Em entrevista a este noticiário, ele compara o atual com os primeiros anos da TV paga, nos anos 90, quando a própria CNN chegou ao Brasil. Doyle diz que o canal em gestação nasce em um cenário de consumo de notícias multiplataforma e que, portanto, deverá estar em todos os dispositivos nos quais o assinante pode buscar notícias relevantes. Todavia, ele afirma que valoriza o trabalho feito em parceria com as operadoras e que a ideia do canal é colaborar com elas e manter o relacionamento. “Os melhores dias de TV por assinatura estão por vir, da mesma forma que ofertas comerciais com novas plataformas e tecnologias estão chegando”, diz.

Para ele, o momento é de reflexão e aprimoramento de leis e modelos para uma nova fase de expansão e crescimento. “O fato de que existe um debate público sobre o futuro do Seac e do streaming é muito significativo para nós, pois lançaremos o canal com um cenário digital mais claro e regulado”, diz.

O executivo também dá uma pista do direcionamento do canal, que, segundo ele, buscará, entre outros, o público que deixou a base da TV por assinatura por questões econômicas. “Esperamos que o resgate deste público venha com a retomada econômica do país e com a oferta de conteúdo de credibilidade, como é o caso da CNN Brasil, que incentivará o crescimento de audiência da base atual”.

Veja a entrevista na íntegra:

A CNN foi um dos primeiros canais de TV paga internacionais a chegar no Brasil no início dos anos 90. Qual era o papel dos canais de notícia naquela época, que você acompanhou no início, e agora?

Nos anos 90 convivíamos com o formato da mídia tradicional. Um sistema analógico, limitado tecnologicamente, que tornava a velocidade da informação mais lenta em comparação com os padrões de hoje. Antes de se tornar notícia, tínhamos o entendimento de que a informação havia passado por todas as checagens, com partes ouvidas, até a exibição do produto final em um telejornal. Fake News não fazia parte do vocabulário ou de dicionários da época. Os jornais, revistas, rádios e os canais de notícias na TV por assinatura e TV aberta dependiam muito mais da produção do próprio conteúdo, que encarecia a cobertura de notícias local e internacional. Hoje, as notícias chegam ao assinante, usuário, leitor ou telespectador através de um leque de serviços multiplataformas que abrangem o mundo inteiro. A tecnologia atual permite uma disseminação muito maior de notícias ao vivo e gravadas, inclusive com contribuições do próprio público que, no final, nos proporciona mais opções de escolha – e isso é muito bom para a sociedade.

Como você compara os desafios daqueles primeiros anos, com tantos canais novos chegando, com o momento atual da indústria?

Toda indústria passa por fases de evolução e transformação do seu modelo de negócio. A nossa, atualmente, está diante de um momento importante em que players e autoridades vão analisar, aprimorar leis e modelos para uma nova fase de expansão e crescimento. Evidentemente, quando a TV por assinatura nasceu no Brasil, não havia regulamentação. Conforme fomos entendendo do assunto, identificamos a necessidade de organizar nosso mercado tanto do lado regulatório quanto em termos de ofertas comerciais. A movimentação atual entre os players mostra que está na hora de rever as leis que regem nossa indústria. Renovar é necessário!

Olhando em retrospectiva, o que poderia ter sido feito de diferente naquelas primeiras experiências que você acompanhou? E o que foi acertado?

Em 2012, o setor projetava para os próximos cinco anos uma base entre 35 e 40 milhões de assinantes para o ano de 2017. Números divulgados pela própria imprensa. Neste período, criamos uma expectativa enorme de resultado positivo que acabou frustrando muitas empresas. Estamos com uma média abaixo de 50% da expectativa. Porém, enquanto comenta-se que a base de assinantes SD continua caindo, temos apresentado um crescimento na base HD e no tempo médio deste público em frente à TV. Na virada do século também passamos por uma retração de mercado e os acordos construídos naquela época que permitiram a retomada do crescimento. Canais novos continuam a chegar ao Brasil e o mundo nos enxerga como um grande potencial para negócios. A chegada da CNN Brasil é a prova concreta disso.

Como marcas globais como a CNN ajudam a impulsionar a TV por assinatura?

Marcas reconhecidas mundialmente trazem brand awareness e credibilidade para nosso negócio, mas é a relevância do conteúdo que traz e mantém a audiência em alta. O mix deste conteúdo relevante, seja local ou internacional, junto com ineditismo e exclusividade, produzido por uma equipe de qualidade, é o compromisso da CNN Brasil com público do nosso país. Chegamos para somar esforços com o trabalho fantástico de outras marcas, globais e locais, que ajudarão o Brasil a estar entre os dez maiores mercados de TV por assinatura no mundo.

Quais os focos da CNN Brasil em termos de distribuição? Que segmentos do mercado pretendem priorizar?

Nascemos numa época de consumo de notícias multiplataforma, portanto precisamos estar em cada aparelho onde o assinante vá buscar por notícias relevantes. Dito isso, valorizamos o trabalho feito em parceria com as operadoras – são décadas de relacionamento com assinantes que tem construído um valor imenso. Queremos colaborar com as operadoras a crescerem e manterem o relacionamento positivo nesta cadeia de valores.

Como vocês pensam em se diferenciar tanto na distribuição quanto em proposta de valor para anunciantes?

Nós vamos nos posicionar sobre essas duas questões quando estivermos mais próximos ao lançamento do canal. Neste momento classificamos tais informações como confidenciais e estratégicas.

Podemos esperar um jornalismo voltado para um público mais elitista ou o foco será na classe C, que tem se afastado da TV paga nos últimos anos, mas ainda é parte importante da base?

Com o advento das redes sociais, temos acompanhado um grande envolvimento do público no consumo de notícias em todas as plataformas. Vamos focar em produzir um conteúdo com uma linguagem acessível para todas as classes sociais, principalmente para aqueles assinantes que valorizam notícias exclusivas e relevantes. A classe C é fundamental para o crescimento da base. A grande parte desta classe deixou de assinar a TV por assinatura por questões econômicas. Esperamos que o resgate deste público venha com a retomada econômica do país e com a oferta de conteúdo de credibilidade, como é o caso da CNN Brasil, que incentivará o crescimento de audiência da base atual. Portanto, temos pela frente o desafio de ajudar as operadoras a atraírem novos assinantes e sensibilizarem com conteúdo diversificado as novas gerações de consumidores. Para pensar e produzir o jornalismo da CNN Brasil foi montada uma equipe editorial de primeira linha, com jornalistas e executivos vindos de BBC, Globo, Record, Band, entre outras grandes empresas de comunicação.

Como será a relação com a Turner, tanto na distribuição quanto na publicidade?

O canal CNN Brasil foi fundado a partir de um acordo de licenciamento da marca CNN dos EUA e vai operar de forma independente no Brasil. Temos a liberdade e flexibilidade de construir nosso próprio caminho em conjunto com uma das marcas mais conhecidas e de maior credibilidade no mundo do jornalismo – isso nos dá muito orgulho – orgulho pelas histórias que vamos contar e por criar novos empregos no Brasil.

Por que lançar um canal com esse investimento quando o mercado está em queda de base e saturado?

Para nós, o copo não está metade vazio. Está metade cheio. Vamos lançar o canal num momento muito importante para o Brasil e para o nosso setor. Os melhores dias de TV por assinatura estão por vir, da mesma forma que ofertas comerciais com novas plataformas e tecnologias estão chegando. O conteúdo ainda é o que cativa as audiências. Content is still King.

Como será a relação com operadoras em relação à distribuição digital?

Somos um novo canal que carrega em seu DNA uma marca licenciada muito relevante e atrativa ao público, consequentemente, interessante às operadoras. Vamos conversar com todas, buscando sempre manter a flexibilidade para entender modelos comerciais diferentes, desde que, claro, sejam bons para todas as partes. O fato de que existe um debate público sobre o futuro do Seac e do streaming é muito significativo para nós, pois lançaremos o canal com um cenário digital mais claro e regulado.

Como um profissional com mais de 25 anos no mercado de TV paga, como você analisa o momento atual?

Como falei anteriormente, estamos num momento muito importante. As decisões que tomamos agora vão influenciar o nosso futuro. O futuro de pequenas e grandes empresas. O futuro de centenas de milhares de trabalhadores brasileiros e de milhões de assinantes e usuários. O mercado ganha mais quando está em sintonia, quando focamos nossa atenção para os assinantes e fãs. Mas precisamos ser ágeis! A pirataria continua canibalizando nosso negócio – o que prova que TV por assinatura ainda é objeto de desejo. A lei 12.485 de 2011, levou anos para ser aprovada e apenas no ano passado conseguimos um compromisso maior da Ancine para ajudar no combate à pirataria. Quando falo de sintonia, é união que valorizo. Unir nossos esforços para o bem de todos e, principalmente, dos nossos assinantes atuais e dos futuros.
Fico honrado de ter uma oportunidade de trabalhar com uma equipe experiente, motivada, com uma missão bem clara e sob a liderança do Douglas Tavolaro. E o melhor é que continuo aprendendo todo dia, mesmo com tanto tempo de indústria.

Onde o mercado estará nos próximos 5 anos?

Espero que assistindo a CNN Brasil em algum lugar!! CNN Brasil – Agora é fato.

Evento

Anthony Doyle é um dos participantes do PAYTV Forum, que acontece nos próximos dias 30 e 31 de julho, no WTC Events em São Paulo. Mais informações sobre o evento, incluindo outros participantes, a programação completa e as condições de inscrição, pelo site www.paytvforum.com.br

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