AT&T quer investir em vídeo pelo 4G nos EUA com compra da DirecTV

A estratégia da AT&T ao comprar a DirecTV é clara: expandir a oferta de vídeo para várias plataformas, de TVs a notebooks, carros, aviões e smartphones. Para tanto, a expectativa é de negociar os mesmos contratos que a operadora de DTH norte-americana tem para os outros meios. A ideia é redefinir a entrega de vídeo no mercado norte-americano utilizando inclusive redes móveis para serviços over-the-top (OTT).

Isso fica óbvio também na estratégia de expansão das duas companhias de telecom. Antevendo pontos sensíveis para aprovações regulatórias, as empresas procuraram dar garantias de trabalhar com a Federal Communications Commision (FCC) para a neutralidade de rede, além de ampliar a cobertura de banda larga em áreas rurais para 15 milhões de residências nos EUA. Mas uma das promessas é de manter os planos de investir pelo menos US$ 9 bilhões em leilões de espectro da faixa AWS-3 (são 65 MHz na faixa de 1.695 MHz a 1.710 MHz, 1.755 MHz a 1.780 MHz e 2.155 MHz a 2.180 MHz)  ainda este ano. Na verdade, isso não é só para agradar a FCC: obter mais frequência é fundamental para conseguir as sinergias com a DirecTV.

"Vamos mudar a nossa arquitetura para desenhar a entrega de vídeo (em redes móveis), estamos convictos que nos próximos seis anos nossas redes irão entregar vídeos", disse o chairman, presidente e CEO da AT&T, Randall Stephenson, durante conferência para analistas nesta segunda-feira, 19, comparando com o trabalho feito para remodelar a infraestrutura móvel para se adaptar à banda larga em 3G e 4G. "Estamos nesse caminho, você vê as aquisições de espectro que fizemos nos últimos anos, e ela será para entregar essa capacidade. Estamos a 12 ou 18 meses ainda de ter ofertas de vídeo realmente robustas, mas teremos a capacidade de entregar um conteúdo que a DirecTV tem."

Stephenson afirma que conversava com a DirecTV "há anos" sobre as sinergias possíveis, mas que, somente com o desenvolvimento das tecnologias de banda larga no último ano, sobretudo o 4G, fez sentido o suficiente para haver uma ação concreta de fusão. "Essa ideia toda da visão de entregar vídeos em todas as telas – quanto mais avaliamos isso,  mais pensamos que precisamos ter escala em vídeo. E achamos que temos o melhor player dos EUA, com a melhor marca, melhor base de consumidores sem dúvida e melhores acordos de conteúdo", revela.

Acordos

Particularmente interessante para a operadora é o acordo de exclusividade da DirecTV com a liga de futebol americano, a NFL. É um contrato tão atrativo para a AT&T que, caso não haja uma renovação para as transmissões das partidas, a operadora móvel pode escolher não prosseguir com a fusão – isso está previsto no documento submetido à comissão de valores do mercado dos EUA, a SEC. "Temos falado com a comissão e temos negociado a transmissão. Ainda estou bem empolgado, achamos que vamos fechar o contrato até o final do ano e, obviamente, antes da conclusão da transação (da fusão)", disse o chairman, presidente e CEO da DirecTV, Michael White. Ele acrescenta dizendo que há oportunidades para a própria NFL com a fusão também ao poder oferecer seu conteúdo em outras mídias.

Segundo White, já foram realizadas discussões de direitos de programação. "Historicamente temos relação boa (para negociar) custos em satélite e, seja em banda larga por IPTV ou mobile, achamos que será bom para eles (programadores), vai liberar custos mais competitivos", diz. O CEO da AT&T concorda: "Eu tenho pouca dúvida, pelas discussões que tivemos com provedores de conteúdo, que, como companhia de 100 milhões de acessos móveis e 25 milhões de vídeo, achamos que há dinheiro a ser feito em ambos os lados. Teremos vários novos modelos (de negócio) com a fusão", detalhou Randall Stephenson.

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