Netflix é agora classificado como "frienemy" por operadoras de cabo

No último dia da Cable 2012, evento de TV paga dos EUA que aconteceu esta semana em Boston, um fato inusitado: a presença do principal executivo de programação da Netflix, Ted Sarandos, em meio a um debate entre programadores e operadores. Até o ano passado, a Netflix era considerada pelos executivos da indústria de TV paga nos EUA como a grande ameaça a ser batida. Este ano, Pat Esser, CEO da Cox (terceira maior operadora de cabo, com quase cinco milhões de clientes), optou por defini-la como um "frienemy" (amigo e inimigo ao mesmo tempo). "Ao mesmo tempo em que ela disputa comigo no conteúdo, também impulsiona minha base de banda larga. Hoje 40% de meus usuários de banda larga têm Netflix e dão importância a isso.

A própria Netflix reconhece seu papel dúbio para a indústria de TV por assinatura. "Não acho que sejamos necessariamente bons nem ruins para a indústria. Estamos apenas mudando os modelos", disse Sarandos.

Para Esser, o usuário tem mais opções de escolha hoje do que há cinco anos, "e isso é bom e é ruim", disse. "Não necessariamente os novos modelos são ruins, mas preciso ter em mente o modelo de meus parceiros programadores na cadeia também", completou o CEO da Cox, deixando claro que as mudanças não podem implicar o rompimento com o que já existe. Ele ressalta a questão da queda de audiência dos canais lineares quando os conteúdos migram para as plataformas não-lineares, como a Netflix. "É preciso agora contar essa audiência das novas plataformas para mostrar que existe oportunidade na publicidade também ali, caso contrário isso trará custos para as plataformas tradicionais".

Em relação à oferta de conteúdos exclusivos e premium, a Netflix vê essa estratégia não como uma afronta ao modelo dos canais mas como uma oportunidade para os produtores de conteúdo. "Hoje os produtores ganharam mais uma janela para distribuir conteúdos premium", diz Sarandos, que exemplificou com a parceria com a Fox para a exibição dos novos episódios de Arrested Development na plataforma da Netflix.

Sarandos também rebateu as críticas de que a Netflix tira a audiência dos canais lineares. "No caso da série 'Mad Men', por exemplo, a audiência da nova temporada ganhou pelo menos um milhão de espectadores que conheceram a série durante o intervalo de temporadas, assistindo pela Netflix os episódios antigos", disse.

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