VOD traz oportunidade de rentabilização e dá sobrevida aos conteúdos

As inúmeras possibilidades de modelos de negócio viabilizadas pela distribuição digital de vídeo podem ser uma oportunidade de rentabilização importante para o conteúdo audiovisual. Para isso, o produtor e o distribuidor dos conteúdos precisam ter conhecimento do valor do seu produto em cada momento, plataforma, serviço etc.

Durante o Brasil VOD 2015, evento realizado pela Converge Comunicações nesta terça, 23, Gilberto Toscano, do Cesnik Quintino & Salinas Advogados, lembrou que uma mesma plataforma pode oferecer mais de um modelo de negócios de video on demand. "Comumente, as licenças de conteúdo não especificam todos os possíveis modelos de VOD, se restringindo à plataforma. Isso diminui o potencial de exposição e de rentabilização da obra. No contrato, há a necessidade de explicar cada modalidade de VOD, e não apenas mencionar as siglas, para evitar problemas futuros", disse.

Hold back

Ele lembrou que há casos em que um serviço exige exclusividade da plataforma durante determinado período. Segundo Toscano, o assunto não é regulado, cabendo às partes, portanto, negociar. A exclusividade, chamada no meio de hold back, pode ser usada para dar para dar exclusividade a uma janela por algum período. "Há casos em que a plataforma contratante exige o hold back apenas para evitar que seu concorrente tenha o conteúdo em outra plataforma. Isso não é necessariamente ruim, se o produtor/distribuidor tiver consciência disso no contrato", explica.

Para Fábio Lima, da agregadora de conteúdo para plataformas digitais Sofá Digital, o mercado pode se autorregular, na medida em que produtores e distribuidores aprendam quais são os potenciais do seu conteúdo e saibam precificar. "A precificação tem que compensar a perda de eventuais outras receitas que o VOD traz", diz.

Janelas e a cauda longa

Segundo Lima, a tradicional política de exploração do conteúdo por janelas já não é tão rígida. "Hoje, na prática, não existe mais controle sobre janela. Dinheiro na frente é o que está mandando. Cada produtor e distribuidor adota a sua estratégia e alguns programadores adotam a estratégia de ter o conteúdo na frente", diz.

O conceito da cauda longa está mudando o perfil dos conteúdos e o valor deles. Conteúdos que não encontravam janelas de distribuição se beneficiam do VOD. Segundo Fábio Lima, os produtos "top", formado pelas principais bilheterias de cinema, representa apenas 2% da oferta de conteúdos, mas 50% das receitas e um terço do lucro. Já os conteúdos independentes em geral representam 8% do acervo, 25% das receitas e também um terço do lucro. Esse perfil de conteúdo, diz o executivo, já se remunera mais no VOD do que cinema, usando o lançamento theatrical apenas para valorizar o produto em outras janelas. Por fim, há ainda uma categoria de conteúdos que não encontrava formas de atingir o seu público, formado por conteúdos de nicho e documentários, por exemplo, que representam 90% da diversidade nas plataformas de VOD, 25% do faturamento e também um terço do lucro.

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